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A Noite Maldita - Crônicas do Fim do Mundo - Multi Download

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parede ao seu la<strong>do</strong> o tempo to<strong>do</strong>. As mulheres choravam e, juntas, abraçaram a jovem<br />

que tremia, tentan<strong>do</strong> acalmá-la, <strong>do</strong>nas de toda a luz que a pequena vela podia prover.<br />

— Você não pode fazer nada, filha. Ela é a mãe deles — disse uma das senhoras. —<br />

Ela é a mãe deles.<br />

Raquel, no corre<strong>do</strong>r, firmou Pedro em seu ombro e puxou Breno pela mão,<br />

alcançan<strong>do</strong> a escada. A vampira olhava para trás vez ou outra, preocupada agora com os<br />

tantos espocos de disparos de armas de fogo que ouvia. Com grunhi<strong>do</strong>s e gritos, os<br />

vampiros corriam e ainda assustavam os que ali tinham se escondi<strong>do</strong>. Raquel não<br />

precisava de mais nenhum deles. Só queria sair dali com seus filhos, o mais rápi<strong>do</strong><br />

possível.<br />

O pequeno chorava e soluçava.<br />

— Não chore, filhote — disse a vampira, ainda enraivecida, mas tentan<strong>do</strong> manter a<br />

voz <strong>do</strong>ce que sempre usava com Breno. — Eles tiraram vocês de mim.<br />

— A Chiara estava cuidan<strong>do</strong> <strong>do</strong> Foguete.<br />

— A Chiara é uma ótima menina, mas eu sou a mãe de vocês. Eles já fizeram muito<br />

mal contra nós.<br />

— Você está falan<strong>do</strong> <strong>do</strong> bandi<strong>do</strong>, mamãe?<br />

Raquel descia os lances de escada, puxan<strong>do</strong> Breno e vencen<strong>do</strong> a escuridão com seus<br />

olhos assombra<strong>do</strong>s. Tinha chega<strong>do</strong> ao térreo <strong>do</strong> prédio e avançava pelo vão livre, amplo<br />

e ventila<strong>do</strong>. Saiu andan<strong>do</strong> em direção ao estacionamento, encostan<strong>do</strong>-se atrás de uma das<br />

Kombis para investigar o caminho. Ouvia o rugi<strong>do</strong> <strong>do</strong>s semelhantes e o som da luta <strong>do</strong>s<br />

humanos.<br />

— Você está falan<strong>do</strong> daquele bandi<strong>do</strong>? — repetiu Breno, ainda choramingan<strong>do</strong>,<br />

secan<strong>do</strong> uma lágrima com o teci<strong>do</strong> da camiseta.<br />

Raquel baixou o rosto. A pergunta <strong>do</strong> filho a tinha deixa<strong>do</strong> confusa. Já tinha nota<strong>do</strong><br />

que isso estava acontecen<strong>do</strong>. Ela não se lembrava nem <strong>do</strong> nome nem <strong>do</strong> rosto <strong>do</strong> bandi<strong>do</strong><br />

que a tinha assombra<strong>do</strong> por tantos anos. Do bandi<strong>do</strong> que tinha mata<strong>do</strong> com as próprias<br />

mãos para vingar a morte de seu mari<strong>do</strong>. Raquel estava assustada com essa confusão que<br />

ia ganhan<strong>do</strong> força, tão assustada que começou a respirar ofegante e encostou-se contra a<br />

Kombi um instante. E se esquecesse de seus filhos? Pior. E se esquecesse que eles eram<br />

seus filhos? Se viraria contra eles como a menina tinha adverti<strong>do</strong>? Nunca! Isso jamais iria<br />

acontecer. Iria ficar com eles, para sempre. Não se esqueceria da <strong>do</strong>çura de Breno nem da<br />

cordialidade de Pedro. Eram duas pedras preciosas que estavam de volta às suas mãos<br />

para nunca mais escapar.

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