19.04.2013 Views

A Noite Maldita - Crônicas do Fim do Mundo - Multi Download

A Noite Maldita - Crônicas do Fim do Mundo - Multi Download

A Noite Maldita - Crônicas do Fim do Mundo - Multi Download

SHOW MORE
SHOW LESS

You also want an ePaper? Increase the reach of your titles

YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.

morta que não devia estar ali. Adilson tremia. Não acreditava em fantasmas nem ia à<br />

igreja, mas podia jurar que era a promotora em carne e osso que estava ali, parada na sua<br />

frente. O cabelo dela empasta<strong>do</strong> pela terra da cova de onde tinha saí<strong>do</strong>, a roupa suja.<br />

Não havia dúvida, era ela. Como?<br />

— Suponho que seja você o assassino <strong>do</strong>s meus filhos.<br />

Sua pistola estava na mesa de centro da sala, no meio das latas vazias de cerveja.<br />

Tinha que ganhar tempo. Dois passos para trás.<br />

— Tirar meu mari<strong>do</strong> não bastou?<br />

O coração de Adilson bombeava acelera<strong>do</strong>, fazen<strong>do</strong> sua pele esquentar. A bebedeira<br />

arrefeceu, conforme a sensação de me<strong>do</strong> foi se apoderan<strong>do</strong> da sua consciência. Era ela.<br />

De alguma forma era ela. Talvez ela estivesse usan<strong>do</strong> um colete à prova de balas. Talvez<br />

o tiro não tivesse acerta<strong>do</strong> bem no coração. Não adiantava tentar explicar por que a<br />

sinistra promotora estava andan<strong>do</strong> em sua direção, com os olhos cerra<strong>do</strong>s, com uma<br />

expressão fria e determinada, a mesma que os rostos <strong>do</strong>s assassinos assumem quan<strong>do</strong><br />

estão prestes a matar. Ela falava <strong>do</strong> mari<strong>do</strong>. Ela falava <strong>do</strong>s filhos. Ela não estava ali para<br />

ter respostas. Adilson sabia que ela só queria uma coisa. Vingança.<br />

O bandi<strong>do</strong> conseguiu dar mais um passo em direção à mesa. Raquel permaneceu<br />

parada. Ela sabia que ele ia tentar escapar. Ele poderia até tentar. Ele tinha esse direito.<br />

Quan<strong>do</strong> ele se virou e abaixou em direção à mesa, Raquel sorriu.<br />

Adilson agarrou sua arma e deu um rolamento sobre a mesa. Virou-se e cravou <strong>do</strong>is<br />

disparos que arrancaram lascas da parede. A assombração não estava mais ali. Adilson<br />

tinha a respiração entrecortada e os olhos agita<strong>do</strong>s percorren<strong>do</strong> toda a sala. O que era<br />

aquilo? Estaria sofren<strong>do</strong> algum tipo de alucinação? Levantou-se com a arma balançan<strong>do</strong><br />

nos de<strong>do</strong>s. Não era homem de tremer. Acontece que também não era homem de ver<br />

gente morta. Só podia ser alucinação. Cabeção tinha acerta<strong>do</strong> <strong>do</strong>is tiros no peito da<br />

promotora. Ela tinha tenta<strong>do</strong> ficar de pé e exala<strong>do</strong> sua última respiração caída no cafofo.<br />

Lúcio tapara a cova. Ela estava morta. Então as luzes da casa se apagaram.<br />

— Merda — balbuciou o homem.<br />

Não era alucinação. Era ela. Ela tinha apaga<strong>do</strong> as luzes. Adilson continuou dan<strong>do</strong><br />

passos para trás. Podia ver a iluminação pública lá fora. Até que não era burra aquela<br />

promotora. Nem um pouco. Só era louca. Louca de vir até ali sozinha. Foi aí que<br />

Adilson virou-se para a janela e puxou a cortina olhan<strong>do</strong> para fora. Ela não estava<br />

sozinha! Ela era uma promotora. Ela tinha trazi<strong>do</strong> a polícia.<br />

O homem não teve tempo de virar-se para a frente. Sentiu uma mão fria e forte<br />

agarran<strong>do</strong> sua nuca e firman<strong>do</strong>-se em suas costas, arremessan<strong>do</strong>-o através da ampla<br />

vidraça. Adilson explodiu num grito enquanto seu corpo voava pela janela da sala e caía

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!