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A Noite Maldita - Crônicas do Fim do Mundo - Multi Download

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como quem pede ajuda aos estranhos ao re<strong>do</strong>r.<br />

— Vem — chamou Jessé.<br />

Os <strong>do</strong>is atravessaram a rua e chegaram na entrada <strong>do</strong> Incor. Vidros quebra<strong>do</strong>s, bancos<br />

no chão. Alguns <strong>do</strong>s semelhantes estavam mortos, transfixa<strong>do</strong>s por barras de ferro e<br />

espadas. Membros decepa<strong>do</strong>s. Duas cabeças no chão. O cenário era infernal.<br />

— De onde vieram essas espadas? — perguntou Ludmyla.<br />

— Os solda<strong>do</strong>s da cavalaria têm sabres. Eles lutaram contra nossa gente.<br />

— São tantos! Vampiros e solda<strong>do</strong>s.<br />

— Percebeu o que aconteceu com os nossos semelhantes?<br />

— O quê?<br />

— Não é igual nos filmes, que vampiros morrem só com estaca de madeira no<br />

coração. Já estamos mortos, porque nossos corações parecem não bater mais, mas esses<br />

ferimentos podem acabar conosco.<br />

— Deve <strong>do</strong>er pra chuchu.<br />

Jessé concor<strong>do</strong>u, mexen<strong>do</strong> a cabeça. O cenário evocava uma grande batalha. Travada<br />

entre os solda<strong>do</strong>s e os vampiros, onde os novatos filhos da noite tinham leva<strong>do</strong> a melhor.<br />

Tanta gente morta em tão poucas horas! Os rostos <strong>do</strong>s solda<strong>do</strong>s, ainda com seus<br />

capacetes e alguns ainda seguran<strong>do</strong> suas espadas, estavam páli<strong>do</strong>s, os olhos arregala<strong>do</strong>s em<br />

terror, com o sangue drena<strong>do</strong> por completo. Os cavalos mortos formavam uma barreira<br />

de carne e couro que praticamente fechava as duas mãos da rua.<br />

— O sol deve ser perigoso para nós — juntou no final.<br />

— Você também ficou incomoda<strong>do</strong>?<br />

— Muito.<br />

Pararam na recepção <strong>do</strong> Incor, escura para os humanos e clara o suficiente para os<br />

vampiros. Olharam ao re<strong>do</strong>r. Mais corpos de vampiros com braços parti<strong>do</strong>s, cabeças<br />

decepadas <strong>do</strong> resto <strong>do</strong> corpo, intestinos para fora.<br />

Enquanto conversavam sobre as possíveis dificuldades da nova vida, Jessé caminhava,<br />

segui<strong>do</strong> por Ludmyla.<br />

— Eu só estive aqui uma vez com a velha. A idiota vinha quase to<strong>do</strong> dia ver o<br />

mari<strong>do</strong>, e só faltava desligar os aparelhos para declará-lo morto.<br />

— Ele está aqui? Nesse hospital?<br />

— Está. A panaca falou ainda hoje antes de morrer.<br />

— E depois de ver toda essa destruição, depois da cidade ficar sem energia por horas,<br />

você acha que ele ainda está vivo? Não acha que estamos perden<strong>do</strong> tempo aqui?<br />

Jessé deu de ombros.<br />

— Para mim tanto faz. Só sei que eu quero fazer isso. Quero cuidar <strong>do</strong> mari<strong>do</strong> da

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