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A Noite Maldita - Crônicas do Fim do Mundo - Multi Download

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<strong>do</strong>na Miriam. Não vou deixar ele virar comida de vampiro. É o mínimo que posso fazer.<br />

— Você parece maluco, sabia?<br />

— Devo estar parecen<strong>do</strong> mesmo.<br />

— Você está chaman<strong>do</strong> a pobre coitada de panaca e idiota, mas mesmo assim quer<br />

pagar uma promessa tão complicada.<br />

Jessé parou e olhou para Ludmyla.<br />

— Eu chamei ela de panaca?<br />

— Chamou, agorinha.<br />

Jessé ergueu os olhos para o teto. O que estava acontecen<strong>do</strong> com a sua cabeça? Ele<br />

não era assim. Não falava assim das pessoas. Baixou os olhos e reconheceu o corre<strong>do</strong>r.<br />

Caminhou na direção <strong>do</strong>s eleva<strong>do</strong>res. O mari<strong>do</strong> da velha estava na UTI há anos sem<br />

apresentar melhora. Apesar de já tê-lo visita<strong>do</strong>, isso fazia muito tempo, e ele não<br />

conseguia se lembrar em qual andar o velho estava. Jessé an<strong>do</strong>u até o balcão de<br />

informações. Havia mais corpos caí<strong>do</strong>s ali atrás. Gente que teve seu sangue drena<strong>do</strong>.<br />

Jessé olhou sobre a bancada <strong>do</strong> atendimento e revirou as coisas até encontrar o que<br />

queria. Uma lista <strong>do</strong>s andares e seus departamentos. Percorreu com o de<strong>do</strong> a lista e<br />

encontrou o que queria. A UTI onde estava o velho ficava no décimo andar. Jessé e<br />

Ludmyla dirigiram-se para as escadarias. A falta de energia deixava claro que só<br />

chegariam até lá em cima pelas escadas. As luzes de emergência tremeluziam<br />

eventualmente, deixan<strong>do</strong> o clima ainda mais fantasmagórico naqueles corre<strong>do</strong>res vazios.<br />

Na altura <strong>do</strong> sexto andar, ouviram vozes. Jessé chegou a abrir a porta para o andar e<br />

deixou seus ouvi<strong>do</strong>s atentos captarem mais daquele barulho. Havia um choro ali. Uma<br />

mulher. Alguém falava, tentan<strong>do</strong> acalmá-la. O me<strong>do</strong> daquelas pessoas chegou a tocá-lo,<br />

palpável e atraente. As pessoas estavam escondidas no hospital. As que não tinham si<strong>do</strong><br />

capazes de evadir ao anoitecer agora se espremiam atrás de portas e camas hospitalares,<br />

tentan<strong>do</strong> entender o castigo que se abatera sobre a raça humana.<br />

— Você consegue sentir o me<strong>do</strong> deles? — perguntou Ludmyla.<br />

Jessé confirmou com um movimento de cabeça.<br />

— É um boca<strong>do</strong> convidativo, não acha?<br />

— Vamos subir. Se tivermos tempo, depois de eu encontrar o velho, a gente vem<br />

brincar com eles.<br />

Continuaram subin<strong>do</strong> e cruzaram com mais criaturas da nova fauna. Eram vampiros,<br />

mas não pareciam ser como eles. Aqueles trajavam camisolas hospitalares <strong>do</strong> Incor,<br />

andan<strong>do</strong> curva<strong>do</strong>s, como se fossem bichos. Não pareciam pensar igual a eles <strong>do</strong>is.<br />

Cruzaram com um ban<strong>do</strong> de meia dúzia daquelas feras, e duas delas ficaram encaran<strong>do</strong>os,<br />

ao mesmo tempo que grunhiam e exibiam as presas longas, com os queixos sujos de

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