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A Noite Maldita - Crônicas do Fim do Mundo - Multi Download

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— Não. Não. Meu pai passou mal. Virou um deles, <strong>do</strong>s agressivos. Um senhor de<br />

setenta e <strong>do</strong>is anos, virou um bicho, uma fera, com uma força que nunca vi nele.<br />

— Ah, meu Deus. Que horror.<br />

Arman<strong>do</strong> balançou a cabeça e curvou os ombros. Estava muito cansa<strong>do</strong> de tu<strong>do</strong><br />

aquilo.<br />

— Quer que voltemos com o carro para lá, Arman<strong>do</strong>? Posso deixar você e mais<br />

alguém, se quiser procurar seu pai.<br />

— Procurar meu pai? No rio, sargento? Não. Não quero voltar.<br />

— Talvez essas pessoas não queiram ser mais encontradas por seus parentes — disse<br />

Alexandre.<br />

Cássio ficou cala<strong>do</strong> enquanto a Land Rover contornava a praça Campo de Bagatelle e<br />

tomava o rumo de seu bairro. Pensava na irmã. Talvez ela não quisesse mais ser<br />

encontrada. Talvez. Seus olhos foram para fora. A cabine da Polícia Metropolitana estava<br />

vazia, carros aban<strong>do</strong>na<strong>do</strong>s pelas ruas eram comuns. To<strong>do</strong>s os comércios fecha<strong>do</strong>s e sinais<br />

de vandalismo por toda parte. Viram ao menos meia dúzia de saques até chegar ao alto<br />

<strong>do</strong> Tremembé, sem intervir. Cássio sabia que ce<strong>do</strong> ou tarde também teriam de partir<br />

para aquele expediente. O sargento indicou a direção ao chaveiro Rui e encostaram na<br />

rua <strong>do</strong> Horto.<br />

A rua, sempre movimentada e carregada àquela hora <strong>do</strong> dia, estava praticamente<br />

deserta. Eram poucos os mortais que se arriscavam <strong>do</strong> la<strong>do</strong> de fora das casas, ainda mais<br />

na chuva. Um garoto e uma garota pararam em cima de bicicletas alguns metros antes de<br />

chegar até o comboio. Olhavam com curiosidade para os carros, os ônibus e o imponente<br />

Urutu. Ficaram imóveis por alguns segun<strong>do</strong>s, então viraram e sumiram em uma das ruas.<br />

— Quer que eu vá atrás deles, senhor? — perguntou Ikeda, caminhan<strong>do</strong> em direção a<br />

Cássio com seu rifle.<br />

Cássio apenas meneou a cabeça negativamente.<br />

— Você acha que com esse céu escuro os vampiros podem sair na rua? — perguntou<br />

Rui, com a voz gritada para vencer o ronco de um trovão.<br />

O solda<strong>do</strong> Castro postou-se junto à metralha<strong>do</strong>ra .50.<br />

— Ei, chaveiro, não esquenta a cabeça com isso. A gente chama essa belezinha de<br />

deita-corno. Se algum vampiro aparecer vai ficar sem cabeça.<br />

— Acho que eles não vão sair das tocas. Quan<strong>do</strong> amanhece, parece que eles <strong>do</strong>rmem.<br />

— Transe — murmurou Júnior, o jovem motorista <strong>do</strong> terceiro ônibus, juntan<strong>do</strong>-se a<br />

Rui e Cássio na calçada.<br />

Os homens olharam para ele.<br />

— Nos quadrinhos, nos filmes, eles dizem que os vampiros entram num transe. O sol

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