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A Noite Maldita - Crônicas do Fim do Mundo - Multi Download

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O bombeiro tentou fechar a porta metálica, mas a maldita não se moveu um<br />

centímetro sequer, nem com a ajuda de Douglas, que era magro e mais baixo, mas forte<br />

como um touro quan<strong>do</strong> precisava. A porta estava travada e enferrujada, emperrada<br />

naquela posição havia tempo demais. Atravessou as dependências <strong>do</strong>s escritórios já<br />

trajan<strong>do</strong> sua máscara de oxigênio. O cenário estava menos terrível agora. Os times com<br />

as mangueiras já tinham consegui<strong>do</strong> cortar o fogo e iam combaten<strong>do</strong> os focos, coisa de<br />

mais dez minutos até entrarem em um trabalho de rescal<strong>do</strong>. O problema que é as telhas<br />

ainda estavam cain<strong>do</strong>, e a instabilidade de to<strong>do</strong> o telha<strong>do</strong> predizia que uma boa parte<br />

dele iria ao chão até o final <strong>do</strong> combate. As fagulhas voavam pelo céu, escapan<strong>do</strong> <strong>do</strong><br />

armazém, e poderiam, perigosamente, ser carregadas ao terreno <strong>do</strong>s fun<strong>do</strong>s, fazen<strong>do</strong><br />

tu<strong>do</strong> ir pelos ares. Tinham que retardar a queda <strong>do</strong> telha<strong>do</strong> ao máximo e extinguir por<br />

completo as chamas.<br />

Voltan<strong>do</strong> ao caminhão, Douglas e Boris descobriram que, além <strong>do</strong>s rádios, os<br />

telefones celulares também estavam fora de funcionamento, e nem mesmo os orelhões<br />

das ruas completavam chamadas. A energia elétrica de cinco quarteirões ainda estava<br />

cortada por algum tipo de sobrecarga ou explosão de um transforma<strong>do</strong>r em frente ao<br />

galpão, atingi<strong>do</strong> pelo calor das chamas. Douglas formou duas equipes para evacuarem os<br />

<strong>do</strong>is prédios residenciais mais próximos <strong>do</strong> local <strong>do</strong> incêndio, acionan<strong>do</strong> também os<br />

homens da Defesa Civil para verificarem se o prédio comercial <strong>do</strong> la<strong>do</strong> esquer<strong>do</strong> <strong>do</strong><br />

galpão estava mesmo vazio àquela hora da noite.<br />

Era meia-noite e trinta e cinco quan<strong>do</strong> Boris e Douglas se posicionaram em frente ao<br />

edifício residencial. Alguns mora<strong>do</strong>res, assusta<strong>do</strong>s, já tinham procura<strong>do</strong> as ambulâncias<br />

que chegaram mais ce<strong>do</strong>, e ao menos três daquelas pessoas foram removidas para o<br />

pronto-socorro por conta de estarem desmaiadas graças à aspiração de fumaça. A maioria<br />

<strong>do</strong>s residentes estava passan<strong>do</strong> por ataques de ansiedade e mal-estar pela emoção. Viam as<br />

labaredas agitadas atravessan<strong>do</strong> o telha<strong>do</strong> <strong>do</strong> enorme galpão e deitan<strong>do</strong> de la<strong>do</strong> com a<br />

ação <strong>do</strong> vento; uma fumaça negra e espessa também atingia as janelas <strong>do</strong>s apartamentos, e<br />

o som <strong>do</strong> agressivo crepitar causa<strong>do</strong> pela ação <strong>do</strong> fogo devoran<strong>do</strong> o material combustível<br />

ajudava a formar um cenário bastante angustiante para qualquer um que olhasse pelas<br />

janelas. Soman<strong>do</strong> isso ao fato de muitos deles terem acorda<strong>do</strong> já com o fornecimento de<br />

energia elétrica corta<strong>do</strong> e também com falta de sinal em seus celulares e telefones fixos<br />

para se comunicarem com parentes e amigos, não era de se espantar que o número de<br />

mora<strong>do</strong>res em pânico, descen<strong>do</strong> até a rua e vin<strong>do</strong> buscar informação com vizinhos e<br />

bombeiros, só aumentasse. Boris, Douglas e mais quatro solda<strong>do</strong>s formaram o time de<br />

socorro ao prédio ao la<strong>do</strong> direito <strong>do</strong> galpão, enquanto Noronha e mais meia dúzia foram<br />

para o prédio <strong>do</strong>s fun<strong>do</strong>s, contornan<strong>do</strong> o quarteirão em passo acelera<strong>do</strong>. Com a falta de

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