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A Noite Maldita - Crônicas do Fim do Mundo - Multi Download

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desenhada passarela, dizen<strong>do</strong> que to<strong>do</strong> o equipamento necessário para um hospital de<br />

verdade funcionar estava lá, embala<strong>do</strong>, protegi<strong>do</strong> por plástico bolha, só aguardan<strong>do</strong> a<br />

instalação. Era uma promessa. Se conseguissem energia elétrica, poderiam colocar todas<br />

aquelas máquinas para funcionar. Além disso, os médicos estavam mais calmos. Ainda<br />

que tivessem fugi<strong>do</strong> às pressas das Clínicas, ainda que tivessem viaja<strong>do</strong> durante a<br />

madrugada, força<strong>do</strong>s a ficar acorda<strong>do</strong>s, não pelos pacientes, mas pelo me<strong>do</strong> de serem<br />

to<strong>do</strong>s ataca<strong>do</strong>s pelas feras noturnas, geran<strong>do</strong> toda aquela sobrecarga estressante física e<br />

psicológica, estavam contentes. Contentes porque os pacientes pareciam melhores, e a<br />

cada hora que passava, melhor ainda ficavam. Não tinham leva<strong>do</strong> o fato ao<br />

conhecimento geral porque o <strong>do</strong>utor Otávio pedira discrição a esse respeito, para que<br />

primeiro entendessem antes de emitir uma opinião a respeito que pudesse gerar alguma<br />

expectativa equivocada.<br />

A enfermeira deixou o prédio 1, que parecia to<strong>do</strong> ajusta<strong>do</strong> para ser uma maternidade,<br />

e an<strong>do</strong>u pelo vão livre, de piso cinza, por conta <strong>do</strong> concreto queima<strong>do</strong>, sain<strong>do</strong> para o<br />

sol.<br />

Crianças brincavam em frente ao prédio, corren<strong>do</strong> atrás de uma bola, os gritos <strong>do</strong>s<br />

pequenos se esparramavam pela planície tiran<strong>do</strong> sorrisos das mulheres que passavam<br />

carregan<strong>do</strong> coisas para o prédio 2, o prédio escolhi<strong>do</strong> para alojar os parentes de<br />

pacientes. Mallory já tinha visita<strong>do</strong> o prédio 2. Os quartos eram amplos e guarneci<strong>do</strong>s<br />

com camas hospitalares e grandes armários embuti<strong>do</strong>s. Não havia roupa de cama, mas<br />

essa era a menor das preocupações para qualquer um ali. Teriam que se virar com o que<br />

tinham naqueles primeiros dias, improvisan<strong>do</strong> lençóis e toalhas, sabonetes e escovas de<br />

dentes. Mallory sabia que conseguiriam superar aquelas dificuldades, e logo to<strong>do</strong> esse<br />

transtorno seria passa<strong>do</strong>.<br />

A enfermeira an<strong>do</strong>u até perto das crianças, seus pequenos pacientes estavam ali,<br />

felizes da vida, mas teriam que subir agora, para uma avaliação a cargo <strong>do</strong> <strong>do</strong>utor Otávio<br />

que, ao menos naqueles primeiros dias, coordenaria todas as clínicas, para centralizar os<br />

da<strong>do</strong>s, ten<strong>do</strong> o <strong>do</strong>utor Elias como seu assistente. A diretora Suzana seria a nova diretora<br />

<strong>do</strong> Hospital Geral de São Vítor, até que alguma autoridade pública se manifestasse, e<br />

cuidaria mais da parte administrativa daquela colônia temporária, procuran<strong>do</strong> suprir o<br />

hospital com materiais indispensáveis para um bom atendimento.<br />

Mallory sentou-se num banco de madeira, estrategicamente fixa<strong>do</strong> embaixo de uma<br />

fron<strong>do</strong>sa mangueira onde germinavam seus frutos ainda verdes. Wan<strong>do</strong> acompanhava os<br />

demais, sem conseguir correr, mas milagrosamente capaz, de pé e firme. Parecia que não<br />

havia mais <strong>do</strong>r ou <strong>do</strong>ença naquele corpinho. Mais uma vez ela foi capturada por aquele<br />

sorriso de que gostava tanto, e agora seus olhos se enchiam de lágrimas ao lembrar que

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