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A Noite Maldita - Crônicas do Fim do Mundo - Multi Download

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sangue.<br />

Apesar das ruas muito mais vazias <strong>do</strong> que de costume, Everal<strong>do</strong> teve dificuldades para<br />

encostar na frente <strong>do</strong> hospital. Os carros estavam totalmente desorganiza<strong>do</strong>s, um<br />

pandemônio.<br />

— Dolores, vá lá ver o seu pai. Eu não posso ficar. Estou preocupa<strong>do</strong> com minha<br />

mulher.<br />

A jovem olhou para a frente <strong>do</strong> hospital atulhada de gente.<br />

— Eu tô com me<strong>do</strong> de ir lá sozinha. Deus me livre de pensar nisso, mas o que vou<br />

fazer se me disserem o que eu não quero ouvir agora?<br />

Everal<strong>do</strong> olhou para a rua e depois para o estacionamento lota<strong>do</strong>. Subiu com o carro<br />

na calçada, paran<strong>do</strong> em local proibi<strong>do</strong>. Os <strong>do</strong>is desceram <strong>do</strong> carro e começaram a<br />

caminhar em direção ao hospital. Passos rápi<strong>do</strong>s, nervosos.<br />

— Dez minutos, só posso ficar dez minutos.<br />

Em <strong>do</strong>is <strong>do</strong>s carros estaciona<strong>do</strong>s de qualquer jeito viram pessoas que pareciam<br />

desmaiadas, acalentadas por familiares que buscavam socorro no hospital.<br />

— Ver toda essa gente apagada sen<strong>do</strong> carregada nas ruas me fez pensar numa coisa.<br />

Apesar de ainda assustada e olhan<strong>do</strong> para os la<strong>do</strong>s, a mulher ouvia as palavras de<br />

Everal<strong>do</strong>.<br />

— Quan<strong>do</strong> eu cheguei em casa minha esposa estava <strong>do</strong>rmin<strong>do</strong>. Senti o cheiro <strong>do</strong> café<br />

fresquinho e achei que ela tinha feito para mim e volta<strong>do</strong> a <strong>do</strong>rmir.<br />

— E o que que tem isso demais?<br />

— É que lembrei, quan<strong>do</strong> a gente saiu da sua casa, que a minha cafeteira tem timer.<br />

Eu já deixo programa<strong>do</strong> para o café estar quentinho quan<strong>do</strong> eu chegar. Tipo, eu faço isso<br />

to<strong>do</strong> dia e minha mente me pregou uma peça.<br />

Os <strong>do</strong>is chegaram ao saguão <strong>do</strong> hospital Cataratas e ficaram estarreci<strong>do</strong>s com o que<br />

encontraram. A recepção entupida de gente, gente a<strong>do</strong>rmecida nas cadeiras, no chão, um<br />

corre-corre de enfermeiros e funcionários. Everal<strong>do</strong> já tinha esta<strong>do</strong> ali muitas e muitas<br />

vezes quan<strong>do</strong> os médicos <strong>do</strong> hospital cuidaram <strong>do</strong> sogro. Então esgueirou-se direto ao<br />

balcão correto para ter informações. A balbúrdia era infernal e beirava ao caos.<br />

Seguranças estavam nas portas e tentavam orientar as pessoas. Pelo que tinha percebi<strong>do</strong>,<br />

o hospital não podia receber mais nenhum paciente por conta <strong>do</strong> excesso de<br />

atendimentos em espera; a indignação era geral. Pessoas choravam, crianças e adultos<br />

senta<strong>do</strong>s ou deita<strong>do</strong>s no chão. Everal<strong>do</strong> conseguiu a atenção de uma funcionária, que<br />

procurou no sistema pelo nome <strong>do</strong> Medeiros. O colega estava na enfermaria <strong>do</strong> terceiro<br />

andar. Ele e Dolores subiram pelas escadas, ainda cala<strong>do</strong>s, olhan<strong>do</strong> para to<strong>do</strong>s os la<strong>do</strong>s,<br />

enquanto ouviam as reclamações de parentes que também enchiam os corre<strong>do</strong>res <strong>do</strong>

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