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A Noite Maldita - Crônicas do Fim do Mundo - Multi Download

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sacos pretos em frente à calçada <strong>do</strong> IML, <strong>do</strong> outro la<strong>do</strong> da rua. Eram os cavaleiros <strong>do</strong><br />

Batalhão 9 de Julho, e mais um boca<strong>do</strong> de civis.<br />

— Essas criaturas que você disse que eu matei. Onde estão os corpos delas?<br />

Cássio olhou para a calçada onde estavam. Exatamente ali, durante a noite, tinha<br />

combati<strong>do</strong> um grupo deles, tentan<strong>do</strong> salvar Graziano e a si mesmo. Contou ao amigo o<br />

encontro com a vampira ruiva e disse que os corpos tinham fica<strong>do</strong> ali, caí<strong>do</strong>s no chão,<br />

mas que lá pelas tantas ao menos três deles começaram a se arrastar. Dois ficaram caí<strong>do</strong>s<br />

no mesmo lugar, imóveis até que a luz <strong>do</strong> sol chegasse e fizesse deles cinzas negras que<br />

foram levadas pelo vento. Então Cássio levantou a mão enluvada, pegan<strong>do</strong> um pouco das<br />

cinzas que caíam <strong>do</strong> céu.<br />

— É possível que esses flocos negros sejam <strong>do</strong>s restos mortais de outros como eles.<br />

Graziano fez uma careta, apanhan<strong>do</strong> um pedaço de cinza que descia lentamente.<br />

Trouxe-o até sua narina.<br />

— Isto fede que é uma desgraça.<br />

Cássio aproximou-o de sua narina e aspirou fun<strong>do</strong>, só sentia o cheiro defuma<strong>do</strong>, de<br />

coisa queimada.<br />

— Cheira a fumaça.<br />

— Fede, Cássio. Isso fede terrivelmente. Não consegue sentir?<br />

— Você não parava de falar desse fe<strong>do</strong>r ontem à noite. Pra falar a verdade, até acho<br />

que foi esse cheiro ruim, que só você conseguia sentir, que lhe deixou <strong>do</strong>idinho ontem à<br />

noite.<br />

Graziano olhou para os <strong>do</strong>is la<strong>do</strong>s. As ruas completamente vazias. O chão, que ontem<br />

estava quase totalmente branco, toma<strong>do</strong> pelos folhetos, hoje estava enegreci<strong>do</strong>, sen<strong>do</strong><br />

recoberto por aquela chuva de fuligem que vinha com um fraco vento e se dissolvia na<br />

água da garoa, forman<strong>do</strong> um tipo de lama imunda e pegajosa.<br />

— Mas não foi para isso que te chamei aqui. Tem outra coisa rolan<strong>do</strong>.<br />

— O que tá pegan<strong>do</strong>, Porto?<br />

— Acabei de vir ali <strong>do</strong> HC, me intrometi numa reunião <strong>do</strong>s médicos bambambans.<br />

— O que você queria com eles? Reclamar <strong>do</strong> seu convênio?<br />

Os <strong>do</strong>is riram.<br />

— Não, Rossi. Eu não acredito que você não se lembra <strong>do</strong> inferno que nos cobriu<br />

ontem quan<strong>do</strong> anoiteceu!<br />

— Talvez se você não tivesse me da<strong>do</strong> uma cacetada na cabeça eu pudesse lembrar <strong>do</strong><br />

que aconteceu.<br />

— A diretora <strong>do</strong> HC juntou um ban<strong>do</strong> de médicos no auditório, e eles estavam<br />

combinan<strong>do</strong> um jeito de se proteger hoje à noite. Estava uma confusão danada. A

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