19.04.2013 Views

A Noite Maldita - Crônicas do Fim do Mundo - Multi Download

A Noite Maldita - Crônicas do Fim do Mundo - Multi Download

A Noite Maldita - Crônicas do Fim do Mundo - Multi Download

SHOW MORE
SHOW LESS

You also want an ePaper? Increase the reach of your titles

YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.

é muita folga, não, meu filho?<br />

Everal<strong>do</strong> acelerou novamente, deixan<strong>do</strong> para trás o homem para<strong>do</strong> no meio da rua<br />

com a frente <strong>do</strong> seu sedã novinho retorcida. Dolores ficou calada durante to<strong>do</strong> o trajeto,<br />

só abrin<strong>do</strong> a boca quan<strong>do</strong> o carro freou na frente da casa <strong>do</strong> amigo de seu pai.<br />

— Posso entrar?<br />

Everal<strong>do</strong> fez que sim com a cabeça e foi segui<strong>do</strong> pela mulher até dentro de sua casa.<br />

O silêncio continuava lá. Everal<strong>do</strong> foi direto para o quarto. Sua mulher na cama.<br />

— Isis! Acorda!<br />

Ela não se mexeu.<br />

Everal<strong>do</strong> contornou a cama e chacoalhou a mulher pelos ombros.<br />

— Isis! Não faz isso, Isis!<br />

Ela não moveu um músculo da face. Everal<strong>do</strong> começou a chorar e afun<strong>do</strong>u o rosto<br />

no colo da esposa.<br />

— Isis...<br />

Everal<strong>do</strong> levantou o rosto e ficou encaran<strong>do</strong> o rosto pintadinho da mulher. Aonde<br />

tinham i<strong>do</strong> parar aqueles olhos vivos e o sorriso que ele amava? Estavam sob um véu<br />

inerte, encalacra<strong>do</strong>s dentro daquele corpo imóvel.<br />

— Isis...<br />

— Ela também <strong>do</strong>rmiu, Everal<strong>do</strong>. Ela também <strong>do</strong>rmiu. Meu bebê também <strong>do</strong>rmiu,<br />

Everal<strong>do</strong>. Meu Deus <strong>do</strong> céu, o que é que está acontecen<strong>do</strong> com a gente? Eu quero<br />

acordar deste pesadelo! Eu quero acordar!!! — Dolores tinha começa<strong>do</strong> num tom de<br />

consolo, mas foi perden<strong>do</strong> o controle, e agora já estava totalmente transtornada.<br />

Everal<strong>do</strong> se levantou, olhan<strong>do</strong> para a filha <strong>do</strong> amigo se debaten<strong>do</strong> no corre<strong>do</strong>r,<br />

baten<strong>do</strong> as costas na parede repetidas vezes. Ele agarrou a mulher num abraço forte. Os<br />

<strong>do</strong>is choraram juntos, e juntos ficaram até se acalmarem.<br />

Everal<strong>do</strong> voltou para a cama e virou a esposa, deixan<strong>do</strong>-a deitada de costas no<br />

colchão. Cobriu-a com o cobertor e ficou olhan<strong>do</strong> para o seu rosto um tempo. Ela<br />

respirava. Quase não notava o peito subir e descer, mas respirava. A visita ao hospital<br />

tomou a sua mente. Não iria levá-la para aquele inferno. Fosse o que fosse aquela<br />

maldição que tinha invadi<strong>do</strong> os lares naquela noite, não tinha mata<strong>do</strong> as pessoas, só as<br />

deixara daquele jeito, paralisadas, a<strong>do</strong>rmecidas.<br />

— Vamos — disse por fim, levantan<strong>do</strong>-se e in<strong>do</strong> para o corre<strong>do</strong>r.<br />

Dolores ficou parada um instante e apontou para a mulher; quan<strong>do</strong> olhou para o<br />

homem ele já estava na porta da sala.<br />

— Vamos — repetiu ele.<br />

A mulher saiu da casa enquanto Everal<strong>do</strong> trancava a porta da frente e depois trancava

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!