19.04.2013 Views

A Noite Maldita - Crônicas do Fim do Mundo - Multi Download

A Noite Maldita - Crônicas do Fim do Mundo - Multi Download

A Noite Maldita - Crônicas do Fim do Mundo - Multi Download

SHOW MORE
SHOW LESS

Create successful ePaper yourself

Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.

para socorrê-las. A cidade estava entregue ao caos, entregue ao pânico.<br />

— O que você quer no Hospital das Clínicas? Achar alguma cura?<br />

Jessé balançou a cabeça negativamente.<br />

— Lamento, baby, mas acho que essa nossa pequena transformaçãozinha não tem<br />

volta.<br />

A garota parou de caminhar.<br />

— O que foi?<br />

— Você acha mesmo?<br />

— O quê, Ludmyla?<br />

— Que isso... Esse nosso jeito... Agora é para sempre?<br />

Jessé coçou a cabeça enquanto voltava a caminhar.<br />

— Acho que sim. Acho que agora somos outra coisa, para sempre.<br />

Jessé parou na esquina e virou-se para a garota.<br />

— Vai ficar aí, parada?<br />

Ludmyla caiu de joelhos e começou a chorar, o que irritou Jessé.<br />

— Você acha o quê? Que estamos resfria<strong>do</strong>s? Que isso vai passar com uma aspirina,<br />

ou algo pareci<strong>do</strong>?<br />

A garota continuava choran<strong>do</strong>, com as duas mãos sobre o rosto e os cabelos caí<strong>do</strong>s<br />

para a frente.<br />

Jessé aproximou-se e acocorou-se ao la<strong>do</strong> dela.<br />

— Você matou seu irmão! Lembra? Eu matei a <strong>do</strong>na Miriam, lembra? Aquela<br />

velhinha toda fofinha? Matei e gostei.<br />

— Para de falar assim!<br />

— Não vou parar, Ludmyla. Não tenho que parar. Eu me transformei num monstro.<br />

Eu não sou um assassino. Não sou!<br />

Ela concor<strong>do</strong>u com a cabeça, sem tirar as mãos <strong>do</strong> rosto. Ela gemia no meio de um<br />

pranto senti<strong>do</strong>.<br />

— Você não mataria seu irmão se não tivesse alguma coisa muito diferente dentro de<br />

você. Eu... Eu sou o maior bundão, maior certinho, nunca briguei nem na escola. Matar<br />

a <strong>do</strong>na Miriam?! Só porque eu não aguentava mais a voz dela?! Dá um tempo, Deus!<br />

Poderia até ter me joga<strong>do</strong> da janela, mas nunca teria levanta<strong>do</strong> um de<strong>do</strong> contra ela.<br />

Ludmyla <strong>do</strong>brou-se até tocar a testa no chão, choran<strong>do</strong> convulsivamente.<br />

— Levanta. — Jessé apanhou a mão direita da mulher. — Levanta e para de chorar.<br />

Nós não somos mais os mesmos desde aquela noite maldita, em que to<strong>do</strong> mun<strong>do</strong> <strong>do</strong>rmiu.<br />

Nós mudamos como muitos mudaram. Nós não somos mais os mesmos.<br />

— Como você pode aceitar isso tão calmamente?

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!