19.04.2013 Views

A Noite Maldita - Crônicas do Fim do Mundo - Multi Download

A Noite Maldita - Crônicas do Fim do Mundo - Multi Download

A Noite Maldita - Crônicas do Fim do Mundo - Multi Download

SHOW MORE
SHOW LESS

Create successful ePaper yourself

Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.

população inteira sofren<strong>do</strong> dessa infecção, chamemos assim, é algo nunca visto antes.<br />

— Infecção?<br />

— A debilitação <strong>do</strong> organismo numa velocidade dessas tem características virais, mas<br />

ainda não detectamos o agente da infecção. — O médico tirou um molho de chaves <strong>do</strong><br />

avental e conferiu o número da porta e o número da chave. — É essa aqui. — Fez uma<br />

pausa olhan<strong>do</strong> mais uma vez para a enfermeira. — Agora, para mim, mais grave que o<br />

dano físico é o efeito que essa <strong>do</strong>ença causa na psique <strong>do</strong>s pacientes. Não vai ser nada<br />

bonito o que você vai ver, enfermeira...<br />

— Mallory. Meu nome é Mallory.<br />

O médico girou a chave e deu passagem para a enfermeira. O quarto estava escuro, e<br />

os oito leitos estavam ocupa<strong>do</strong>s com funcionários das clínicas <strong>do</strong> complexo <strong>do</strong> HC.<br />

Mallory entrou e percorreu aquele cenário tão conheci<strong>do</strong> e rotineiro. Acessos<br />

intravenosos, bordas metálicas laterais elevadas para que não caíssem <strong>do</strong>s leitos. Alguns<br />

ata<strong>do</strong>s às grades laterais com cintas plásticas, o que já não era rotina. Em quatro deles<br />

havia monitores de biometria conecta<strong>do</strong>s. Estavam <strong>do</strong>rmin<strong>do</strong>, to<strong>do</strong>s. Mallory identificou<br />

Francine primeiro, por conta <strong>do</strong> tamanho da mulher; com quase um metro e noventa, a<br />

espigada enfermeira era notada onde quer que fosse, até mesmo acamada, no leito de um<br />

hospital. Mallory aproximou-se e ficou olhan<strong>do</strong> para o rosto páli<strong>do</strong> da amiga.<br />

Conversava com Francine to<strong>do</strong>s os dias, apesar de ela ser da ala de a<strong>do</strong>lescentes agora.<br />

Mas tinha si<strong>do</strong> ela, muito mais velha e experiente, sua mentora e treina<strong>do</strong>ra quan<strong>do</strong><br />

começou a trabalhar na oncologia <strong>do</strong> IC. Mallory passou a mão no rosto da amiga, a pele<br />

estava fria.<br />

— Eu ficaria mais confortável se você não tocasse nela, nem em ninguém aqui —<br />

advertiu o médico.<br />

Mallory aquiesceu com a cabeça, contentan<strong>do</strong>-se apenas em observá-la.<br />

— Além <strong>do</strong> risco à sua vida, pois não sabemos a forma de contágio, eu não quero que<br />

eles acordem. Dormin<strong>do</strong> são uns anjos. Quan<strong>do</strong> anoitece viram uns capetas.<br />

A enfermeira olhou mais detidamente a pele da amiga. Estava acinzentada e cheia de<br />

marcas, como se ela tivesse se arranha<strong>do</strong>. Havia um cheiro no ar, um cheiro de <strong>do</strong>ença.<br />

Não o característico o<strong>do</strong>r de feridas infectadas, tinha um aroma diferente, áci<strong>do</strong>.<br />

Mallory seguiu até o fim e encontrou Laerte. Foi a <strong>do</strong>utora Ana que tinha fala<strong>do</strong><br />

dele.<br />

— Acho que ele foi o primeiro <strong>do</strong> Instituto da Criança a ficar assim, <strong>do</strong>utor.<br />

— Vou anotar, talvez seja importante para a investigação cronológica dessa<br />

enfermidade.<br />

Mallory fechou os olhos e fez uma prece rápida para os colegas, estenden<strong>do</strong> seus

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!