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A Noite Maldita - Crônicas do Fim do Mundo - Multi Download

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comunicação estava dentro da jogada. Mas por que ninguém tinha avisa<strong>do</strong> os<br />

controla<strong>do</strong>res? Olhou para o memoran<strong>do</strong> mais uma vez. Memoran<strong>do</strong>s serviam para isso.<br />

Ali não mencionava nada de interrupção de comunicação. Pensan<strong>do</strong> bem, era perigoso<br />

demais brincar com uma coisa daquele porte, daquele nível. Everal<strong>do</strong> correu até o<br />

banheiro masculino. Coisa de vinte metros da sala de controle. O alarme era<br />

ensurdece<strong>do</strong>r, como é que alguém conseguia <strong>do</strong>rmir com um barulho daqueles?<br />

— Medeiros! Medeiros!<br />

Everal<strong>do</strong> foi passan<strong>do</strong> de vestíbulo em vestíbulo, empurran<strong>do</strong> as portas de supetão,<br />

<strong>do</strong>i<strong>do</strong> da vida com o aban<strong>do</strong>no de posto <strong>do</strong> colega. Quan<strong>do</strong> chegou ao último,<br />

estranhou. Medeiros não estava ali. Voltou ao corre<strong>do</strong>r e parou ali por um segun<strong>do</strong>.<br />

Virou-se e entrou no banheiro feminino. Medeiros tinha feito uma “camazinha” com<br />

papel toalha e estava, literalmente, baban<strong>do</strong>. Everal<strong>do</strong> deu <strong>do</strong>is chutinhos no quadril <strong>do</strong><br />

velho, que nem se mexeu.<br />

— Folga<strong>do</strong> — murmurou, irrita<strong>do</strong>.<br />

Everal<strong>do</strong> abriu uma das torneiras e enfiou as mãos em forma de concha debaixo <strong>do</strong><br />

jato. Foi caminhan<strong>do</strong> em direção ao colega e arremessou um punha<strong>do</strong> de água no rosto<br />

de Medeiros, já se preparan<strong>do</strong> para o esporro. Seu sorriso, ainda pequeno, murchou<br />

rapidamente quan<strong>do</strong> o velho não se mexeu. Abaixou-se, com as sirenes tonitruan<strong>do</strong> em<br />

seus ouvi<strong>do</strong>s. Trêmulo, pôs a mão no pescoço de Medeiros. Aquilo também era resulta<strong>do</strong><br />

de um desses treinamentos chatos promovi<strong>do</strong>s pela Comissão Interna de Prevenção de<br />

Acidentes. Abaixou a cabeça até tocar o peito <strong>do</strong> amigo. Não conseguia ouvir seu<br />

coração, nem sentir seu pulso, nem sentir as batidas.<br />

— Medeiros... Porra, velho! Não faz isso!<br />

Everal<strong>do</strong> teimou e voltou a pressionar a carótida e a jugular. Ficou alivia<strong>do</strong> ao sentir<br />

um pulso tími<strong>do</strong>, mas existente. Voltou até a pia e encheu a mão com água mais uma<br />

vez, jogan<strong>do</strong> no rosto <strong>do</strong> homem que, mais uma vez, nem se mexeu. As sirenes<br />

continuavam, insistentes. Medeiros era muito pesa<strong>do</strong> para ser carrega<strong>do</strong>, e a enfermaria<br />

ficava longe. Everal<strong>do</strong> voltou até a sala de controle. O treinamento estava fican<strong>do</strong> sério.<br />

O bom é que, com um treinamento em andamento, deveria ter um médico no plantão.<br />

Apanhou o telefone. Continuava mu<strong>do</strong>. Deixou a sala e começou a correr em direção ao<br />

posto de enfermagem. Finalmente encontrou-se com outro colega de trabalho, o Alicate,<br />

da manutenção.<br />

— Esse alarme é da simulação? — perguntou Everal<strong>do</strong>, aflito.<br />

— Eu não sei. Ia ter simulação?<br />

— Na circular que passaram para o controle, tava escrito.<br />

— Eu vou direto para o pátio porque isso não tá me cheiran<strong>do</strong> bem, Everal<strong>do</strong>. Nunca

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