19.04.2013 Views

A Noite Maldita - Crônicas do Fim do Mundo - Multi Download

A Noite Maldita - Crônicas do Fim do Mundo - Multi Download

A Noite Maldita - Crônicas do Fim do Mundo - Multi Download

SHOW MORE
SHOW LESS

Create successful ePaper yourself

Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.

puxou a mão para trás, trazen<strong>do</strong> o monstro aferra<strong>do</strong> ao curativo em seu punho a uma<br />

faixa de sol. O vampiro gritou enquanto sua pele enegrecia e chamuscava. A luta da<br />

criatura contra a luz criou o tempo necessário para Cássio ancorar a coronha da carabina<br />

em seu ombro direito e disparar uma rajada de três tiros, abrin<strong>do</strong> a cabeça <strong>do</strong> agressivo.<br />

As feras no fun<strong>do</strong> <strong>do</strong> ônibus se agitaram, exibin<strong>do</strong> suas presas e seus olhos brilhantes.<br />

Cássio disparou contra as criaturas, fazen<strong>do</strong> o estofa<strong>do</strong> <strong>do</strong>s bancos de passageiros voar<br />

pelos ares. Baixou a carabina quan<strong>do</strong> a munição acabou e levou a mão ao coldre em sua<br />

perna para apanhar a pistola quan<strong>do</strong> uma das feras pulou em seu ombro, derruban<strong>do</strong>-o<br />

de costas. O sargento rastejou assusta<strong>do</strong>, afundan<strong>do</strong> as mãos no sangue que empapava o<br />

carpete <strong>do</strong> corre<strong>do</strong>r.<br />

— O para-brisa, Rui! — gritou.<br />

O chaveiro, apavora<strong>do</strong> pela cena que tinha acaba<strong>do</strong> de assistir e pelos disparos que<br />

ainda retumbavam em seus ouvi<strong>do</strong>s, rompeu o gelo que prendia seu corpo e olhou para<br />

trás, para os grandes vidros <strong>do</strong> ônibus. Jornais enruga<strong>do</strong>s e cola<strong>do</strong>s com um tipo de goma<br />

tapavam toda a superfície transparente. Rui rasgou as folhas, fazen<strong>do</strong> com que um facho<br />

de luz entrasse até a metade <strong>do</strong> corre<strong>do</strong>r, o suficiente para cobrir o sargento e afugentar<br />

o vampiro que tinha se atira<strong>do</strong> sobre ele. Antes que o monstro se afastasse, foi a vez de<br />

Cássio saltar sobre o agressor, agarran<strong>do</strong>-o pelos cabelos. O vampiro era um homem<br />

forte, gor<strong>do</strong>, vestin<strong>do</strong> um blusão vermelho de nylon <strong>do</strong> Internacional. Cássio precisou<br />

calçar a sola da bota contra as poltronas para ter força o suficiente para puxar o maldito<br />

para dentro <strong>do</strong> facho de luz. O vampiro começou a se debater, e sua pele a enegrecer<br />

conforme a luz ia infestan<strong>do</strong> seu corpo. Cássio sentiu que o agressivo estava perden<strong>do</strong> as<br />

forças, fican<strong>do</strong> mais fácil puxá-lo.<br />

— Me ajuda, garoto!<br />

Rui estava pasmo com a visão <strong>do</strong> homem esfumaçan<strong>do</strong> e grunhin<strong>do</strong> como um porco<br />

no abate<strong>do</strong>uro.<br />

— Vai! — tornou a berrar Cássio.<br />

Com a ajuda de Rui jogou o homem <strong>do</strong> Internacional de costas na plataforma de<br />

embarque encharcada de sol. Em silêncio o quarteto que tinha vin<strong>do</strong> <strong>do</strong> Hospital das<br />

Clínicas assistiu àquela criatura se debater, com sua pele se transforman<strong>do</strong> em placas<br />

negras e uma fumaça branca sain<strong>do</strong> por baixo de sua blusa e sua calça, até que não<br />

existisse mais forças naquele corpo que assumiu uma feição cadavérica.<br />

— Meu Pai ama<strong>do</strong>, o que foi isso? — perguntou o enfermeiro, horroriza<strong>do</strong>,<br />

alternan<strong>do</strong> o olhar entre o monstro fumegante e o policial com as mãos e uniforme sujos<br />

de sangue.<br />

— Agora vocês acreditam que os agressivos são vampiros?

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!