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A Noite Maldita - Crônicas do Fim do Mundo - Multi Download

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— Ela não é maluca, <strong>do</strong>na. Não é maluca. A Jade é um <strong>do</strong>ce. Uma menina boa.<br />

— O seu <strong>do</strong>ce machucou meu mari<strong>do</strong> e tentou me enforcar... — resmungou Corina,<br />

esforçan<strong>do</strong>-se para levantar.<br />

A mulher foi amparada por uma senhora que terminava seu cigarro. Corina se<br />

agarrou à mão da fumante e ficou de pé, cambalean<strong>do</strong>. Viu pontos de luz diante <strong>do</strong>s<br />

olhos. Dois homens estavam na porta <strong>do</strong> carro olhan<strong>do</strong> para seu mari<strong>do</strong>. Ela se<br />

aproximou, temerosa com a leitura que teve na expressão daqueles homens. Seu mari<strong>do</strong><br />

estava caí<strong>do</strong> de la<strong>do</strong>, ela o puxou para endireitar seu corpo. O sangue escapava em<br />

profusão por uma ferida aberta a dentadas no la<strong>do</strong> direito <strong>do</strong> pescoço. Corina sentiu as<br />

pernas bambearem e um embrulho no estômago. Foi segurada pelos socorristas <strong>do</strong> Samu<br />

chama<strong>do</strong>s às pressas para ajudar Eusébio.<br />

— O que aconteceu? — perguntou o primeiro deles.<br />

— Essa menina. Ela o mordeu, eu acho.<br />

Em questão de segun<strong>do</strong>s, Eusébio foi coloca<strong>do</strong> numa maca e carrega<strong>do</strong> pelos homens<br />

para dentro <strong>do</strong> pronto-socorro. Um murmurinho tomou o estacionamento. Corina parou<br />

em frente ao homem, que ainda estava de joelhos com a filha apoiada nas pernas.<br />

— Leve-a para o hospital também. Você precisa descobrir o que ela tem.<br />

O homem, como sain<strong>do</strong> de um transe, ergueu os olhos para Corina.<br />

— Não adianta. Ela morreu. Eu bati forte demais.<br />

Corina olhou para o extintor de incêndio joga<strong>do</strong> ao la<strong>do</strong> dele. Era da frente <strong>do</strong><br />

hospital, um daqueles grandes.<br />

— Meu Deus, homem. Ela desmaiou, leve-a pra dentro, pelo amor de Deus.<br />

Corina correu para o hospital, queria ficar ao la<strong>do</strong> <strong>do</strong> mari<strong>do</strong> feri<strong>do</strong>.<br />

Francis ficou imóvel, aprisiona<strong>do</strong> por aquela visão. As mãos empurraram as portas<br />

duplas, e então um homem descalço, trajan<strong>do</strong> uma bata hospitalar, pisou no corre<strong>do</strong>r.<br />

Ele estava ligeiramente encurva<strong>do</strong>, com a cabeça projetada para a frente. Sua expressão<br />

revelava algo <strong>do</strong>entio, selvagem. O invasor ergueu o queixo um pouco e inspirou fun<strong>do</strong><br />

seguidas vezes. Seus olhos apontaram para o chão onde encontraram uma trilha de<br />

sangue que acabava na maca onde a enfermeira fora colocada. Ele abriu a boca num<br />

sorriso. Sua boca suja de sangue; gotas escuras descen<strong>do</strong> pela camisola hospitalar. Algo<br />

disparou na mente de Francis, uma sinapse lógica. Foi ele, foi ele o responsável pela<br />

terrível ferida no pescoço da enfermeira. Juntan<strong>do</strong> os pontos, Francis viu aquele homem<br />

agarran<strong>do</strong> a mulher e morden<strong>do</strong> seu pescoço até atingir a artéria. Um demente,<br />

provavelmente. Sua dedução se confirmou quan<strong>do</strong> o viu se ajoelhar e lamber o sangue <strong>do</strong><br />

piso. Ninguém mais estava assistin<strong>do</strong> àquilo. Talvez algum segurança numa saleta escura<br />

estivesse ven<strong>do</strong> o ato bizarro por uma câmera de vigilância. O o<strong>do</strong>r execrável que

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