19.04.2013 Views

A Noite Maldita - Crônicas do Fim do Mundo - Multi Download

A Noite Maldita - Crônicas do Fim do Mundo - Multi Download

A Noite Maldita - Crônicas do Fim do Mundo - Multi Download

SHOW MORE
SHOW LESS

You also want an ePaper? Increase the reach of your titles

YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.

engenheiros, Cássio não entendia nada de elétrica e eletrônica e, se desaparecesse da face<br />

<strong>do</strong> planeta as pessoas que detinham o conhecimento de matemática e engenharia e o peso<br />

da tecnologia recaísse em suas costas, o mun<strong>do</strong> estaria frito. Façanhas como a nuvem<br />

digital, viagens à Lua, exploração das fossas abissais seriam apenas histórias contadas de<br />

um passa<strong>do</strong> distante.<br />

Quan<strong>do</strong> chegou ao térreo, Cássio an<strong>do</strong>u até um grande pátio em frente ao prédio,<br />

que ficava no centro <strong>do</strong> complexo de quatro pavimentos. Havia alguns postes de<br />

iluminação sem vida ao longo de uma alameda que partia <strong>do</strong> pátio senti<strong>do</strong> norte. O<br />

sargento sentia um misto de alívio e desassossego. Por um la<strong>do</strong> era bom que alguém mais<br />

soubesse da sua aflição, por outro era terrível imaginar que poderia ficar sem sua<br />

medicação por prazo indetermina<strong>do</strong>. Saber que, apesar <strong>do</strong>s pesares, a irmã estava<br />

novamente em sua companhia também era um bálsamo fragrante e apazigua<strong>do</strong>r que<br />

duraria algumas horas.<br />

— Já de pé, sargento? — perguntou uma voz rouca às suas costas.<br />

Cássio virou-se para encontrar o <strong>do</strong>utor Elias caminhan<strong>do</strong> em sua direção.<br />

— Pois é, <strong>do</strong>utor. Para aqueles que decidem é sempre nega<strong>do</strong> o descanso nas horas de<br />

crise... Ou algo assim.<br />

O médico, que fumava, aproximou-se ainda mais, soltan<strong>do</strong> uma baforada e rin<strong>do</strong>.<br />

— Conheço uma mulher que fala assim.<br />

Cássio sorriu e inspirou o ar frio da noite. Um relâmpago brilhou distante no céu, na<br />

direção da capital. Seu sorriso sumiu. Será que uma nova tempestade tinha volta<strong>do</strong>? Será<br />

que seus sobrinhos ainda estavam vivos? E a vampira ruiva? O que estaria fazen<strong>do</strong>?<br />

— Você deu uma tacada de sorte, sargento. Devo admitir que a escolha foi boa.<br />

O sargento tornou a olhar para o médico, que trazia uma sacola plástica na mão,<br />

balançan<strong>do</strong>-a ao la<strong>do</strong> de seu corpo. Sobre o comentário <strong>do</strong> médico, não tinha nada de<br />

sorte naquilo. Ele sabia o que estava fazen<strong>do</strong>, tinha feito uma escolha consciente. O<br />

médico é que tinha se coloca<strong>do</strong> oposto à partida.<br />

— Acho que vou embora amanhã.<br />

— Acho que ninguém vai lhe impedir, <strong>do</strong>utor.<br />

A escuridão impedia que Cássio enxergasse melhor aquela sacola, mas podia jurar que<br />

o médico, nervoso, tentava escondê-la.<br />

— Sargento, não sei se te contaram, mas um <strong>do</strong>s a<strong>do</strong>rmeci<strong>do</strong>s despertou.<br />

Cássio não conseguiu conter a expressão de espanto, pois o médico continuou a lhe<br />

relatar entusiasma<strong>do</strong> o aconteci<strong>do</strong>.<br />

— Acor<strong>do</strong>u como se nada tivesse aconteci<strong>do</strong>.<br />

— Sério? Sem nenhum sinal de ser um deles?

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!