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A Noite Maldita - Crônicas do Fim do Mundo - Multi Download

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— Eu ouvi os gritos da sua irmã. Ouvi, sim. Gente boa, a menina Alessandra, não<br />

igual umas aí com quem você an<strong>do</strong>u sain<strong>do</strong>.<br />

— Vamos, <strong>do</strong>na. Pode andar mais rápi<strong>do</strong>?<br />

— Me dá a mão aqui.<br />

Cássio apoiou a velha.<br />

— Eu tava toda encarquerada, filho. Parecen<strong>do</strong> um traste velho, mas, como por<br />

milagre, faz uns dias que comecei a melhorar. Agora tô até andan<strong>do</strong> e dan<strong>do</strong> trabalho. —<br />

A velha tirou o cabelo branco da frente <strong>do</strong> rosto e olhou para trás, ven<strong>do</strong> os solda<strong>do</strong>s<br />

seguin<strong>do</strong> os <strong>do</strong>is. — O senhor tem amigos. Ter amigos é bom. A gente não fica sozinho.<br />

— O que mais a senhora viu?<br />

— Eu vi um diabo sain<strong>do</strong> da sua casa. Ele brigou comigo. Brigou e brilhou aquele<br />

olho de diabão dele. Eu tentei segurar sua irmã, fui atrás dele. Vi direitinho onde ele<br />

entrou.<br />

Chegaram ao clube, o córrego que margeava o seu muro tinha subi<strong>do</strong>, e a água<br />

chegava até a passarela e o portão. Cássio atravessou a água rasa, segui<strong>do</strong> de perto pela<br />

<strong>do</strong>na Tânia. Assim que atravessaram, a velha tomou a frente, arfan<strong>do</strong>, e ainda apontan<strong>do</strong><br />

com sua mão.<br />

— Estava escuro, filho. Estava escuro demais ontem à noite e eu os vi vin<strong>do</strong> para cá.<br />

Foram em direção a um banco de concreto. Ao la<strong>do</strong> dele uma tampa de bueiro<br />

removida de sua moldura. Cássio tirou a lanterna <strong>do</strong> cinto e apontou a luz para dentro<br />

<strong>do</strong> poço escuro. Um relâmpago chispou no céu, segui<strong>do</strong> <strong>do</strong> ronco dura<strong>do</strong>uro de um<br />

trovão. Cássio só via água. A julgar pelo córrego <strong>do</strong> la<strong>do</strong> de fora, a rede toda estava<br />

alagada. Se seus sobrinhos estivessem ali, estariam mortos. Os solda<strong>do</strong>s Ikeda e Castro e o<br />

tenente Almeida chegaram.<br />

— Ela disse que o maldito vampiro trouxe minha irmã e meus sobrinhos para cá.<br />

— E como foi que sua irmã saiu?<br />

Cássio balançou a cabeça negativamente enquanto tirava o cinto, aban<strong>do</strong>nan<strong>do</strong> o<br />

sabre e o cassetete.<br />

— Não faço ideia. A <strong>do</strong>na Tânia disse que ouviu os tiros em minha casa e depois viu<br />

o Dalton com minha irmã no ombro, arrastan<strong>do</strong> meus sobrinhos. Disse que ele entrou<br />

aqui com eles, de noite. Deve ter amanheci<strong>do</strong> e minha irmã deve ter recobra<strong>do</strong> os<br />

senti<strong>do</strong>s, ou algo pareci<strong>do</strong> com isso, ela estava em choque quan<strong>do</strong> a encontrei. Ela deve<br />

ter saí<strong>do</strong> daqui e volta<strong>do</strong> para casa quan<strong>do</strong> amanheceu.<br />

— E os seus sobrinhos?<br />

— É o que estou queren<strong>do</strong> descobrir — tornou o sargento.<br />

— Você vai entrar aí?

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