19.04.2013 Views

A Noite Maldita - Crônicas do Fim do Mundo - Multi Download

A Noite Maldita - Crônicas do Fim do Mundo - Multi Download

A Noite Maldita - Crônicas do Fim do Mundo - Multi Download

SHOW MORE
SHOW LESS

You also want an ePaper? Increase the reach of your titles

YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.

Dolores só ergueu os ombros.<br />

— O que o senhor queria com o meu pai?<br />

— Ontem a gente foi ataca<strong>do</strong> por aqueles <strong>do</strong> tinhoso, sabe? Quiseram entrar na nossa<br />

casa. Um até conseguiu e rasgou a camisa <strong>do</strong> Tavares. Arranhou ele no peito, pobrezinho<br />

— revelou a velha Maria.<br />

— Acontece que ele não sabia com quem tava se meten<strong>do</strong>. Mandei chumbo nele.<br />

— Mas ele está com me<strong>do</strong>, porque ficou a noite toda vigian<strong>do</strong> na janela e disse que<br />

viu mais de dez dessa gente que tá louca, andan<strong>do</strong> com os olhos to<strong>do</strong>s vermelhos que<br />

nem brasa quan<strong>do</strong> escurece.<br />

Everal<strong>do</strong> e Dolores trocaram um olhar, ouvin<strong>do</strong> o casal de velhinhos e intriga<strong>do</strong>s<br />

com o jovem casal que chegava agora.<br />

A moça, uma loira de uns vinte e cinco anos, veio andan<strong>do</strong> acanhada para o la<strong>do</strong><br />

deles, enquanto o seu companheiro ia até a parte de trás da camionete e puxava uma<br />

caixa plástica imensa e que parecia pesar um boca<strong>do</strong>.<br />

— Essa aqui é minha neta, Cassandra. A gente passou na casa dela no caminho e<br />

mandamos ela vir para cá também.<br />

Everal<strong>do</strong> estranhou, franzin<strong>do</strong> a sobrancelha.<br />

— O seu pai era muito meu amigo. Como esse moço aí disse que estava aqui na casa<br />

dele, eu achei que o Medeiros ia estar aqui também.<br />

— O que o senhor queria com ele?<br />

— O seu pai colecionava armas, a gente conversava muito sobre isso. Eu ia pedir pra<br />

gente ficar aqui, reuni<strong>do</strong>, porque, se esses demônios voltarem, a gente vai ter que dar um<br />

jeito neles — disse o velho com a voz já esganiçada por causa da sua afobação.<br />

— Espera. O senhor, a sua neta e aquele moço? To<strong>do</strong> mun<strong>do</strong> quer ficar aqui?<br />

— Olha como essa estância fica no alto, rapaz. Se a gente fizer um jirau aqui numa<br />

das árvores ou se a gente subir no topo <strong>do</strong> galpão, dá pra ver longe.<br />

Só agora Everal<strong>do</strong> e Dolores entendiam o raciocínio <strong>do</strong> velho e seus netos.<br />

— A granja fica numa baixada e estamos isola<strong>do</strong>s. Aqui a gente tá junto e tá no alto.<br />

Mais as armas <strong>do</strong> seu pai... A gente pode resistir.<br />

Dolores ficou comovida com a vontade <strong>do</strong> i<strong>do</strong>so em vencer mais uma noite e viver.<br />

— De que armas ele tá falan<strong>do</strong>, Dolores?<br />

A moça botou a mão na boca e correu para dentro da casa, sen<strong>do</strong> seguida por<br />

Everal<strong>do</strong>. No quarto vazio, onde a mãe dela estivera, tinha uma cama de casal também.<br />

Dolores pediu que Everal<strong>do</strong> e o rapaz que tinha vin<strong>do</strong> na camionete levantassem a cama.<br />

Debaixo dela havia um recorte no piso de madeira, revelan<strong>do</strong> um cadafalso, que foi<br />

removi<strong>do</strong> com alguma dificuldade.

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!