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A Noite Maldita - Crônicas do Fim do Mundo - Multi Download

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viram pessoas atacan<strong>do</strong>-os. Pessoas. Eles tentaram preservar as pessoas, sem saber que elas<br />

estavam tomadas por aquela loucura, aquela vontade de tomar sangue. Não sabemos se<br />

isso vai se espalhar para mais pessoas. Ficar aqui é decretar nossa sentença de morte.<br />

— E quanto aos a<strong>do</strong>rmeci<strong>do</strong>s que estão lança<strong>do</strong>s à própria sorte na cidade? Deve ter<br />

um monte de gente ainda dentro das casas e apartamentos.<br />

— Milhões, segun<strong>do</strong> as contas <strong>do</strong> <strong>do</strong>utor Elias — juntou a diretora.<br />

Cássio suspirou fun<strong>do</strong>. Ainda com o capacete branco debaixo <strong>do</strong> braço encarou a<br />

plateia.<br />

— É justamente por isso que precisamos sair daqui. É nisso que estou pensan<strong>do</strong>.<br />

— O quê?<br />

— Vou levar vocês para o HGSV, colocá-los em segurança e então voltarei para São<br />

Paulo. Encontrarei outros solda<strong>do</strong>s, outros policiais, vou montar uma equipe e vamos<br />

voltar para a cidade durante o dia, para salvar os a<strong>do</strong>rmeci<strong>do</strong>s. Se for possível, não<br />

deixaremos um a<strong>do</strong>rmeci<strong>do</strong> para trás.<br />

— Isso é loucura! — exclamou Otávio.<br />

— Estabelecen<strong>do</strong> uma base no HGSV poderemos salvar mais pessoas. Primeiro nos<br />

estabelecemos e garantimos nossa sobrevivência, depois vemos como as coisas ficam. Só<br />

estou propon<strong>do</strong> a vocês uma forma segura de superar essa crise enquanto ela durar.<br />

— Eu tenho casas aqui, solda<strong>do</strong>. Não posso deixar tu<strong>do</strong> ao deus-dará — reclamou<br />

Elias.<br />

— Você está preocupa<strong>do</strong> com suas propriedades? Você não viu o monte de gente que<br />

morreu ontem dentro e fora desse hospital, seu palhaço? — vociferou uma enfermeira,<br />

apontan<strong>do</strong> o de<strong>do</strong> para o médico que tinha reclama<strong>do</strong>.<br />

— Doutora?<br />

A médica apoiou-se ao púlpito, sentin<strong>do</strong> o peso de sua decisão. O que o solda<strong>do</strong><br />

sugeria era algo como um êxo<strong>do</strong>. Uma fuga da cidade que agonizava, e agora o far<strong>do</strong> da<br />

escolha lhe pesava sobre os ombros. Estava acostumada a tomar vinte decisões difíceis<br />

por dia, talhada pela experiência <strong>do</strong> centro cirúrgico que dirigiu por anos, preparada por<br />

aqueles átimos de segun<strong>do</strong> que tinha para determinar o que fazer para o bem <strong>do</strong><br />

paciente, diante de situações inesperadas que surgiam em cirurgias complexas de<br />

traumatiza<strong>do</strong>s, contu<strong>do</strong>, nenhum daqueles momentos a habilitou para algo tão<br />

impensa<strong>do</strong>. A médica suspirou mais uma vez e encarou o auditório.<br />

— Queri<strong>do</strong>s colegas, preparem seus pacientes. Vamos removê-los para o Hospital<br />

Geral de São Vítor.<br />

— Isso é uma insanidade sem tamanho, Suzana! Não estamos equipa<strong>do</strong>s para isso.<br />

Temos que nos preparar. Na melhor das hipóteses, temos que ir amanhã.

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