19.04.2013 Views

A Noite Maldita - Crônicas do Fim do Mundo - Multi Download

A Noite Maldita - Crônicas do Fim do Mundo - Multi Download

A Noite Maldita - Crônicas do Fim do Mundo - Multi Download

SHOW MORE
SHOW LESS

You also want an ePaper? Increase the reach of your titles

YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.

essa sede. Quan<strong>do</strong> começou a escurecer eu comecei a me sentir bem melhor. Muito<br />

melhor! — rugiu o sujeito.<br />

— Calma — pediu o policial para o homem, que tinha vira<strong>do</strong> novamente em sua<br />

direção e da<strong>do</strong> <strong>do</strong>is passos. — Ajoelhe-se, com as mãos na cabeça, com muita calma.<br />

— Agora eu estou calmo, policial. Fiquei muito mais calmo depois que entendi que o<br />

cheiro bom que eu sentia vinha dela, <strong>do</strong> corpo dela.<br />

— Ela está morta?<br />

— Eu não sei. Por que o senhor não vem aqui perto dar uma olhadinha?<br />

Cássio sentiu mais uma vez aquele arrepio. O homem tinha aberto a boca e ele pôde<br />

ver um par de dentes pontiagu<strong>do</strong>s que lembravam a figura de um vampiro, daqueles de<br />

cinema, que agem de forma estranha e que matam a sede e a fome com sangue. Isso o<br />

deixou meio aturdi<strong>do</strong> e sem saber o que fazer. Teria visto aquilo mesmo? A luz ali era<br />

pouca, o rosto <strong>do</strong> homem agora estava submergin<strong>do</strong> na sombra de uma grande árvore.<br />

Cássio vacilou um instante, lembran<strong>do</strong> da conversa estranha <strong>do</strong> amigo Santos na<br />

cocheira; falava com uma voz rouca, lembran<strong>do</strong> aquele sujeito ali na sua frente. Ele<br />

falava de uma <strong>do</strong>r e reclamava <strong>do</strong> sol. Voltou seus olhos para o homem, que mergulhou<br />

completamente na escuridão debaixo da árvore, e foi nesse instante que algo fez seu<br />

coração disparar. Quan<strong>do</strong> a cabeça <strong>do</strong> homem mergulhou nas trevas, seus olhos se<br />

destacaram <strong>do</strong> resto, fican<strong>do</strong> vermelhos, como brasas de carvão, um brilho páli<strong>do</strong> e<br />

fugaz, mas notável, sobretu<strong>do</strong>. Cássio sabia que não estava diante de uma pessoa comum.<br />

— O que foi, policial? Não quer me prender?<br />

— Não se mova!<br />

— Ou o quê? Vai pegar seu rádio e chamar seus amigos? Esqueceu que essa porra<br />

toda não está funcionan<strong>do</strong>, e por isso estamos aqui... Eu e você, um de frente para o<br />

outro, com você se perguntan<strong>do</strong>, por que diabos eu tomei o sangue daquela mulher?<br />

Cássio deu mais um passo para trás.<br />

— Está com me<strong>do</strong> de mim, policial? É você quem está arma<strong>do</strong>. Deveria vir aqui, me<br />

algemar, evitar que eu faça isso com outras pessoas, porque eu vou te dizer um negócio:<br />

como é bom tomar sangue! Nunca tinha me ocorri<strong>do</strong> experimentar esse troço antes.<br />

Nunca! — debochou o sujeito, com a voz alterada e rouca, andan<strong>do</strong> lentamente para a<br />

frente e olhan<strong>do</strong> para o outro la<strong>do</strong> da avenida, onde as a<strong>do</strong>lescentes tinham se junta<strong>do</strong> e<br />

observavam de longe a cena.<br />

— Saiam daqui! — berrou o policial para as garotas.<br />

Elas não pensaram duas vezes e voltaram a caminhar, afastan<strong>do</strong>-se rapidamente,<br />

lançan<strong>do</strong> olhares para trás. O bra<strong>do</strong> de Cássio chamou a atenção de outros passantes.<br />

Alguns pararam, olhan<strong>do</strong> para aquele policial com uma arma levantada e apontada para

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!