19.04.2013 Views

A Noite Maldita - Crônicas do Fim do Mundo - Multi Download

A Noite Maldita - Crônicas do Fim do Mundo - Multi Download

A Noite Maldita - Crônicas do Fim do Mundo - Multi Download

SHOW MORE
SHOW LESS

Create successful ePaper yourself

Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.

Alexandre continuou <strong>do</strong> la<strong>do</strong> <strong>do</strong> homem. Ele cheirava a suor e gemia baixo a cada<br />

passada.<br />

— Não vimos de onde eles vieram — disse o policial. — Eram muitos.<br />

Alexandre alcançou a porta vaivém e entrou em outro corre<strong>do</strong>r. As paredes de<br />

divisórias de madeira continuavam por mais alguns metros, e ali o andar ficava ainda<br />

mais escuro. Uma porta se entreabriu, fazen<strong>do</strong> o enfermeiro parar, assusta<strong>do</strong>. E se fosse<br />

um daqueles agressivos? Para seu alívio foi a <strong>do</strong>utora Liege quem surgiu pela fresta e o<br />

chamou com a mão, sem dar um pio. O enfermeiro puxou o policial e entraram na<br />

pequena sala escura. Assim que passaram a médica fechou a porta e passou um ferrolho<br />

que servia de tranca, iluminan<strong>do</strong> o espaço com o seu aparelho celular.<br />

— Ele está com o braço quebra<strong>do</strong> — sussurrou o enfermeiro, soltan<strong>do</strong> o policial.<br />

A médica arregalou os olhos. Era uma fratura e tanto.<br />

— Deite ele aqui. E fiquem quietos. Não sei o que está acontecen<strong>do</strong>, mas essa gente<br />

agressiva parece que enlouqueceu de uma hora para a outra.<br />

— Eu tô morren<strong>do</strong> de me<strong>do</strong>, <strong>do</strong>utora. Nunca vi gente assim.<br />

A médica olhou para o braço <strong>do</strong> solda<strong>do</strong>. Era uma fratura fechada, o edema estava<br />

inchan<strong>do</strong> e ia inchar ainda mais. Foi até um balcão no pequeno cômo<strong>do</strong> e vasculhou uma<br />

gaveta com a lanterna <strong>do</strong> celular. Apanhou uma tesoura.<br />

— Pelo menos para isso esse telefone funciona — resmungou a médica,<br />

aproximan<strong>do</strong>-se <strong>do</strong> homem feri<strong>do</strong>. — Preciso cortar o seu uniforme, ok?<br />

O policial, ainda com seu capacete, olhou para a tesoura se aproximan<strong>do</strong> <strong>do</strong> teci<strong>do</strong>.<br />

— Está <strong>do</strong>en<strong>do</strong> pra cacete, <strong>do</strong>utora.<br />

— E vai <strong>do</strong>er mais. Tenho que reduzir essa fratura o quanto antes. Isso vai inchar<br />

mais ainda, é bom que já esteja tu<strong>do</strong> no lugar.<br />

— O que está acontecen<strong>do</strong> com essas pessoas, <strong>do</strong>utora? Que <strong>do</strong>ença é essa que elas<br />

têm? — perguntou o policial.<br />

— Qual é o seu nome?<br />

— Benício, <strong>do</strong>utora.<br />

A médica respirou fun<strong>do</strong>. O cômo<strong>do</strong> estava escuro, o que fazia o lugar parecer ainda<br />

menor.<br />

— Eu não sei o que está acontecen<strong>do</strong> com essas pessoas, Benício. Na verdade,<br />

ninguém sabe. As pessoas a<strong>do</strong>rmecidas não são problema. Porém, esses agressivos estão<br />

pioran<strong>do</strong>, fican<strong>do</strong> mais violentos. Hoje fugiram <strong>do</strong> controle.<br />

— Eu estou morren<strong>do</strong> de me<strong>do</strong>, <strong>do</strong>utora, morren<strong>do</strong> de me<strong>do</strong> — disse Alexandre,<br />

recosta<strong>do</strong> à porta. — Eu vi um deles toman<strong>do</strong> o sangue da noiva.<br />

— Eles atacaram nosso destacamento, nós atirávamos neles e eles levantavam.

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!