19.04.2013 Views

A Noite Maldita - Crônicas do Fim do Mundo - Multi Download

A Noite Maldita - Crônicas do Fim do Mundo - Multi Download

A Noite Maldita - Crônicas do Fim do Mundo - Multi Download

SHOW MORE
SHOW LESS

You also want an ePaper? Increase the reach of your titles

YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.

— Não me solta, Gladson. Não me solta.<br />

Gladson, ocupa<strong>do</strong> com a assistência à enfermeira, não viu o lençol às suas costas in<strong>do</strong><br />

ao chão. Também não viu os pés da morta se separarem.<br />

Mallory desceu mais um pouco e, voluntariamente, levou seu corpo mais para baixo.<br />

Péssima escolha de posição, daquela forma via to<strong>do</strong> o fosso <strong>do</strong> eleva<strong>do</strong>r a convidan<strong>do</strong><br />

para um mergulho.<br />

— Ai, Rubão! Me segura! Pelo amor de Deus!<br />

— Tá segura, moça. Calma.<br />

— Gladson! Eu vou cair, não me solta! Se me soltar, eu caio nesse fosso!<br />

— Moça, vai mais para o la<strong>do</strong> e segura na lateral da entrada <strong>do</strong> eleva<strong>do</strong>r. A senhora<br />

não vai cair, eu não deixo.<br />

Mallory tinha o coração dispara<strong>do</strong>. Quan<strong>do</strong> deslizou a mão até a lateral metálica<br />

indicada pelo colega de profissão, sentiu um frio na barriga. O suor em sua mão a tinha<br />

deixa<strong>do</strong> lisa, não conseguin<strong>do</strong> conter o peso de seu corpo. A mão agarrada ao braço de<br />

Gladson começou a deslizar perigosamente, fazen<strong>do</strong>-a arranhar o braço <strong>do</strong> rapaz,<br />

cravan<strong>do</strong>-lhe as unhas.<br />

Gladson deu um grito de <strong>do</strong>r.<br />

— Para, Mallory, ele já segurou você!<br />

— Eu tô cain<strong>do</strong>!<br />

— Não está, não! — gritou Rubão, lá debaixo.<br />

Gladson, num espasmo de <strong>do</strong>r pelas unhas enfiadas em sua pele, levou a cabeça para<br />

trás e mordeu o avental na altura <strong>do</strong> ombro. Quan<strong>do</strong> abriu os olhos novamente<br />

estremeceu ao ver o lençol que cobria o cadáver no chão. Elevou a cabeça ven<strong>do</strong> a<br />

defunta sentada na maca, olhan<strong>do</strong>-o nos olhos. Gladson explodiu num grito de pavor ao<br />

mesmo tempo em que soltava totalmente a mão de Mallory.<br />

Mallory sentiu seu corpo despencar por um milésimo de segun<strong>do</strong>, o suficiente para<br />

também soltar um grito e se agarrar nos ombros de Rubens. Abriu os olhos, incrédula, e<br />

viu-se a salvo, sen<strong>do</strong> colocada no chão enquanto Rubens a soltava e se dirigia à abertura<br />

<strong>do</strong> eleva<strong>do</strong>r.<br />

— Que foi, garoto?<br />

Rubens viu o rapaz recosta<strong>do</strong> contra a parede <strong>do</strong> eleva<strong>do</strong>r, enquanto a paciente que<br />

vinha na maca dava <strong>do</strong>is passos em sua direção.<br />

— Quem é ela? — perguntou Rubão para Mallory.<br />

Mallory olhou para o eleva<strong>do</strong>r e começou a tremer.<br />

— Ela... Ela é a morta!<br />

Gladson soltou outro grito, que foi sufoca<strong>do</strong> pela mão fria da defunta comprimin<strong>do</strong>

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!