19.04.2013 Views

A Noite Maldita - Crônicas do Fim do Mundo - Multi Download

A Noite Maldita - Crônicas do Fim do Mundo - Multi Download

A Noite Maldita - Crônicas do Fim do Mundo - Multi Download

SHOW MORE
SHOW LESS

You also want an ePaper? Increase the reach of your titles

YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.

oupa dela todinha. Ela não vai poder fazer nada.<br />

— Não vai! — bramiu Everal<strong>do</strong> em suas últimas forças.<br />

O rosto de Vinícius se fechou em zanga e consternação, e então ele ergueu Everal<strong>do</strong><br />

com toda a força para cima, arrebentan<strong>do</strong> a cabeça <strong>do</strong> homem contra o telha<strong>do</strong>. A<br />

cabeça de Everal<strong>do</strong> atravessou as telhas e, quan<strong>do</strong> o vampiro o baixou, cacos de cerâmica<br />

fenderam seu rosto e seu pescoço, derruban<strong>do</strong> mais sangue, que molhou a mão da<br />

criatura. O buraco aberto vomitou uma fatia de luz para dentro <strong>do</strong> sótão, fazen<strong>do</strong> o<br />

vampiro soltar a garganta da vítima. Everal<strong>do</strong> caiu, gemen<strong>do</strong> e puxan<strong>do</strong> ar para dentro<br />

<strong>do</strong> peito. Finalmente alcançou o cabo da faca com a mão e, num movimento único,<br />

desencravou a lâmina de sua perna, soltan<strong>do</strong> um berro de <strong>do</strong>r. Viu a criatura avançar<br />

para cima dele, desvian<strong>do</strong> <strong>do</strong> facho de luz. Everal<strong>do</strong> rastejou para o canto mais escuro,<br />

mais quente e úmi<strong>do</strong>. Quan<strong>do</strong> Vinícius saltou sobre ele, com os olhos vermelhos e<br />

ferinos, Everal<strong>do</strong> agarrou-o com toda a força e jogou-o contra as telhas no canto,<br />

fazen<strong>do</strong> o vampiro arrebentar o telha<strong>do</strong> e cair de cara no chão. Cerca de cinco telhas<br />

quebradas caíram sobre a criatura e a luz atingiu suas costas, fazen<strong>do</strong>-o rastejar, gritan<strong>do</strong>,<br />

sain<strong>do</strong> da luz <strong>do</strong> sol. Everal<strong>do</strong> lembrou-se de Vinícius se sacolejan<strong>do</strong> no banco de trás <strong>do</strong><br />

carro. Era isso. A luz realmente o incomodava. Curva<strong>do</strong>, Everal<strong>do</strong> seguiu o vampiro<br />

apavora<strong>do</strong> e puxou seus pés, trazen<strong>do</strong>-o para debaixo <strong>do</strong> facho de luz. O morto-vivo se<br />

debateu e escapou mais uma vez, in<strong>do</strong> para o canto <strong>do</strong> sótão, onde as telhas estavam mais<br />

baixas, em ângulo com o chão.<br />

— Você não vai pegar minha mulher, desgraça<strong>do</strong>! — gritou um consterna<strong>do</strong><br />

Everal<strong>do</strong>.<br />

O vampiro grunhiu em resposta, tentan<strong>do</strong> se afastar <strong>do</strong> homem furioso. Agora o jogo<br />

se invertia.<br />

Everal<strong>do</strong> agarrou Vinícius e puxou-o novamente até onde as telhas estavam frouxas, e<br />

então ergueu-o com toda a força, fazen<strong>do</strong> o corpo <strong>do</strong> homem atravessar o telha<strong>do</strong> para o<br />

la<strong>do</strong> de fora. O morto-vivo começou a gritar e a bater violentamente contra os braços de<br />

Everal<strong>do</strong>. O homem sabia que se soltasse o vampiro estaria tu<strong>do</strong> acaba<strong>do</strong>. Tiran<strong>do</strong> forças<br />

sem saber de onde, empurrou mais ainda a criatura, que se debatia, e jogou-a para fora<br />

<strong>do</strong> sótão.<br />

Vinícius agarrou-se aos braços de Everal<strong>do</strong>, trazen<strong>do</strong>-o junto consigo para fora. Os<br />

<strong>do</strong>is rolaram sobre a borda da laje e caíram no grama<strong>do</strong> <strong>do</strong> la<strong>do</strong> da casa. A luz era tão<br />

poderosa que nem mesmo de olhos fecha<strong>do</strong>s conseguia impedir que eles queimassem.<br />

Esqueceu-se <strong>do</strong> ódio e <strong>do</strong> homem que tinha lhe arranca<strong>do</strong> <strong>do</strong> abrigo e ergueu os braços,<br />

protegen<strong>do</strong> os olhos. Tinha que fugir dali, fugir e se esconder. O sol parecia envolvê-lo<br />

como um enxame de marimbon<strong>do</strong>s que picava e abria a sua pele com ferrões imensos.

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!