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A Noite Maldita - Crônicas do Fim do Mundo - Multi Download

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— Vai, porra! Abaixe essas armas, Gustavo. Tô pagan<strong>do</strong> vocês e vou continuar<br />

pagan<strong>do</strong>.<br />

Paulo desceu da Land Rover, reconhecen<strong>do</strong> a voz <strong>do</strong> genioso <strong>do</strong>no da Viação<br />

Esperança.<br />

— Seu Márcio.<br />

— Eu abaixo quan<strong>do</strong> eles abaixarem — resmungou o segurança contrata<strong>do</strong>.<br />

Os policiais mantinham as carabinas levantadas.<br />

— Eles são da polícia, homem. E disseram que estão queren<strong>do</strong> salvar gente, gente que<br />

está no hospital. Abaixem essas armas, cacete.<br />

A dupla, a contragosto, obedeceu.<br />

— Não foi por mal, seu Márcio. Eles queriam levar seus ônibus.<br />

— Eu tô pagan<strong>do</strong> vocês que nem coronel pagava jagunço na terra <strong>do</strong> meu pai para<br />

manter os bandi<strong>do</strong>s <strong>do</strong> la<strong>do</strong> de fora. Não foi isso o que eu pedi?<br />

— Foi sim, senhor.<br />

— E tá ven<strong>do</strong> algum bandi<strong>do</strong> aí no portão?<br />

Os homens suspiraram.<br />

— Abra o portão. Eu vou ajudar esses homens.<br />

Dois minutos se passaram até que ouvissem os passos <strong>do</strong>s homens chegan<strong>do</strong> <strong>do</strong> outro<br />

la<strong>do</strong> <strong>do</strong> portão. Era um daqueles grandes, to<strong>do</strong> de chapas de ferro que não deixavam ver<br />

nada <strong>do</strong> la<strong>do</strong> de dentro, movi<strong>do</strong>s a motores elétricos que não estavam funcionan<strong>do</strong> por<br />

conta da falta de energia. Logo to<strong>do</strong>s estavam uni<strong>do</strong>s no esforço de abrir um bom espaço<br />

para dar passagem a um ônibus.<br />

Cássio olhou para o velho, tinha coisa de setenta anos, era barrigu<strong>do</strong> e fumava um<br />

cigarro, andan<strong>do</strong> devagar, com um chapéu na cabeça. Foi impossível não deixar a<br />

imagem <strong>do</strong> velho remetê-lo às histórias <strong>do</strong>s velhos coronéis, <strong>do</strong>nos de fazenda, que<br />

contratavam jagunços para defender seu ga<strong>do</strong>, suas propriedades.<br />

— Prazer, Márcio Santini — apresentou-se o homem, estenden<strong>do</strong> as mãos para<br />

Cássio. — Sou proprietário de tu<strong>do</strong> o que tem aqui dentro. Me diz <strong>do</strong> que precisa que eu<br />

aju<strong>do</strong>.<br />

Os olhos de Cássio percorreram o pátio da empresa, encontran<strong>do</strong> meia dúzia de<br />

ônibus estaciona<strong>do</strong>s.<br />

— Prazer, senhor Márcio. Meu nome é Cássio Porto, sou sargento <strong>do</strong> Regimento de<br />

Cavalaria 9 de Julho e estou organizan<strong>do</strong> a evacuação <strong>do</strong> Hospital das Clínicas. Temos<br />

muitos veículos de civis à disposição, mas não é o suficiente. Precisamos de ao menos<br />

uma dúzia de ônibus ro<strong>do</strong>viários para trasladar pacientes e parentes que buscaram<br />

refúgio naquele hospital.

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