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A Noite Maldita - Crônicas do Fim do Mundo - Multi Download

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foram amarra<strong>do</strong>s por parentes em frente ao Hospital <strong>do</strong> Mandaqui. Só voltei a deparar<br />

com outros deles, soltos e perigosos, de madrugada, quan<strong>do</strong> andava pelos hospitais <strong>do</strong><br />

bairro, procuran<strong>do</strong> minha irmã e meus sobrinhos.<br />

— Sinistra demais essa sua história, Porto. Se for tu<strong>do</strong> verdade, a coisa é séria pra<br />

caralho.<br />

— Tô falan<strong>do</strong> que é verdade, pô! O que eu ia ganhar mentin<strong>do</strong> pra você?<br />

— Já falei, acho que você quer tirar sarro, só isso.<br />

— Não sou homem de brincar com coisa séria, Rossi. Estou te alertan<strong>do</strong>. Quan<strong>do</strong><br />

anoitecer, esses bichos vão aparecer de novo, pode escrever o que estou te falan<strong>do</strong>.<br />

— Mas eu não ouvi mais ninguém falan<strong>do</strong> disso.<br />

— Pois é. Nas duas vezes que me encontrei com eles, só me safei porque eu estava<br />

arma<strong>do</strong>.<br />

— Duas vezes?<br />

— É. Mais tarde eu estava beiran<strong>do</strong> o muro <strong>do</strong> Hospital da Polícia Militar,<br />

procuran<strong>do</strong> minha irmã, quan<strong>do</strong> deparei com uma mulher vin<strong>do</strong> na mesma calçada que<br />

eu, ao meu encontro. Um cachorro me assustou e, quan<strong>do</strong> olhei de novo, ela não estava<br />

mais na minha frente; para piorar, tinha <strong>do</strong>is caras na minha cola. Não sei como aquela<br />

mulher nanica surgiu <strong>do</strong> nada e me ergueu pelo pescoço. Cara, foi embaça<strong>do</strong>, viu?<br />

— Você contou isso para alguém?<br />

— Eu, não! To<strong>do</strong> mun<strong>do</strong> ia me tirar de louco. Quan<strong>do</strong> eu vi o panfleto joga<strong>do</strong> pelos<br />

aviões, me liguei que o Governo já está saben<strong>do</strong> disso. Dos atormenta<strong>do</strong>s que estão<br />

agin<strong>do</strong> que nem vampiros.<br />

— Meu, mas pelo menos para alguém no batalhão você tinha que ter conta<strong>do</strong>.<br />

— E quem ia acreditar, Rossi? Você que é meu amigo está duvidan<strong>do</strong>.<br />

— Mas não é por mal, cara. Essa história é muita ficção pra minha cabeça. Mas deixa<br />

isso para lá, me conta o que aconteceu quan<strong>do</strong> a nanica te agarrou.<br />

— Primeiro eu tentei dar um soco nela, mas a vaca tava me sufocan<strong>do</strong>, rin<strong>do</strong> da<br />

minha cara, com aqueles dentes pra fora, já. É por causa desses dentes compri<strong>do</strong>s que eu<br />

tô chaman<strong>do</strong> eles de vampiro. E tem também o detalhe de que ela queria tomar o meu<br />

sangue. Eu não tive outra opção senão dar um tiro na cabeça dela. E pode esquecer essa<br />

história de estaca. Tiro na cabeça também serve.<br />

— Tiro na cabeça é para zumbi.<br />

— Bala de prata para lobisomem.<br />

Os <strong>do</strong>is riram.<br />

— Ainda bem que você não foi ataca<strong>do</strong> por um saci.<br />

— Por quê?

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