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A Noite Maldita - Crônicas do Fim do Mundo - Multi Download

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energia, os eleva<strong>do</strong>res estavam para<strong>do</strong>s, e o jeito era correr para não perder tempo. O<br />

prédio que escolheram era mais alto que o <strong>do</strong>s fun<strong>do</strong>s. Quinze andares até o topo. O<br />

condicionamento físico fazia toda a diferença nessas horas. Mesmo sem chamas,<br />

carregavam to<strong>do</strong> o paramento e o macha<strong>do</strong>, o melhor amigo <strong>do</strong>s bombeiros em<br />

combate. Levaram quinze minutos para atingir o último andar, subin<strong>do</strong> com urgência e<br />

tromban<strong>do</strong> com mora<strong>do</strong>res curiosos e preocupa<strong>do</strong>s, trajan<strong>do</strong> pijamas e camisolas, e<br />

escutan<strong>do</strong> o choro de crianças assustadas. As luzes de emergência da escadaria estavam<br />

acesas, mas eram precárias, e muitos mora<strong>do</strong>res desciam, trazen<strong>do</strong> objetos de valor e<br />

pertences. Os bombeiros pararam mais de cinco vezes avisan<strong>do</strong> que não precisavam<br />

retirar nada <strong>do</strong>s apartamentos, o fogo estava <strong>do</strong>mina<strong>do</strong> no galpão ao la<strong>do</strong>, a evacuação<br />

era só por prevenção para evitar o desconforto da entrada de fumaça pelas janelas e<br />

tubulações de circulação de ar. Alguns mora<strong>do</strong>res redarguiam que, se sairiam por<br />

prevenção, precisavam levar objetos de valor por precaução. A equipe de solda<strong>do</strong>s<br />

dividiu-se no sétimo andar, Boris e Douglas seguiram com Queiroz até o último. Eram<br />

quatro apartamentos por andar, o que somava sessenta unidades habitacionais. Ali, no<br />

décimo quinto pavimento, encontraram um corre<strong>do</strong>r escuro, decora<strong>do</strong> com três vasos de<br />

bromélias e sem a presença de fumaça. Apontaram as lanternas em todas as direções, duas<br />

portas estavam abertas. Deram batidas vigorosas nas duas portas ainda fechadas e<br />

aguardaram, falan<strong>do</strong> alto. Testavam os rádios. Nada ainda. Ce<strong>do</strong> ou tarde a comunicação<br />

tinha que voltar a operar.<br />

— Espero que voltem a funcionar rapidinho, Sombrinha. Desse jeito não dá pra<br />

trabalhar.<br />

— Mas os rádios são conecta<strong>do</strong>s a uma central? — perguntou Queiroz, intriga<strong>do</strong>.<br />

Douglas balançou a cabeça em sinal negativo.<br />

— Não tem rede. Nossos rádios operam numa frequência específica. Por isso que é<br />

estranho. Podem ter quebra<strong>do</strong>.<br />

— To<strong>do</strong>s ao mesmo tempo? — indignou-se Boris.<br />

— Muita coincidência, né?<br />

Uma mulher, de camisola preta e longa, chegou a uma das portas abertas. Ela era<br />

alta, bonita. Tinha cabelos negros e olhos castanho-claros, aparentan<strong>do</strong> ter mais de<br />

quarenta anos. Trazia na mão direita um castiçal com uma vela acesa, que lhe projetava<br />

uma cor alaranjada, emprestan<strong>do</strong>-lhe um ar fantasmagórico. O decote da camisola<br />

revelava um par de seios avantaja<strong>do</strong>s que não escaparam aos olhos <strong>do</strong>s bombeiros.<br />

Douglas elevou a visão aos olhos da mulher e tentou mantê-los fixos em seu rosto. Ele<br />

não era <strong>do</strong> tipo babão, mas aquilo era maior que a sua vontade, o decote era um daqueles<br />

que viravam ímãs de pupilas.

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