19.04.2013 Views

A Noite Maldita - Crônicas do Fim do Mundo - Multi Download

A Noite Maldita - Crônicas do Fim do Mundo - Multi Download

A Noite Maldita - Crônicas do Fim do Mundo - Multi Download

SHOW MORE
SHOW LESS

You also want an ePaper? Increase the reach of your titles

YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.

— Calma, senhor. Vamos socorrer a to<strong>do</strong>s. Este é o segun<strong>do</strong> apartamento em que<br />

encontramos pessoas nesse esta<strong>do</strong>. Não sei o que elas têm, mas estão vivas, estão<br />

respiran<strong>do</strong>. Vamos ajudar a to<strong>do</strong>s.<br />

— Eu vou ficar aqui. Não posso descer sem elas.<br />

Douglas não tinha o que dizer para aquele pai e mari<strong>do</strong>. Se o prédio não estava em<br />

risco de incêndio, seria importante que alguém ficasse com aquelas crianças vulneráveis.<br />

Pensou no risco de uma intoxicação que talvez demorasse mais para se manifestar em<br />

algumas pessoas.<br />

— O senhor pode ficar, mas não sabemos ainda com o que estamos lidan<strong>do</strong>, se é algo<br />

contagioso ou se é um agente externo que está levan<strong>do</strong> as pessoas a esse esta<strong>do</strong>.<br />

O homem passou a mão pela cabeça, ansioso.<br />

— O senhor fica por sua conta e risco.<br />

— Eu fico. Fico. Não vou deixá-las sozinhas, nunca — redarguiu o aflito pai.<br />

Boris bateu repetidas vezes no apartamento 133. Estava esperan<strong>do</strong> quan<strong>do</strong> Noronha<br />

surgiu esbafori<strong>do</strong>.<br />

— O que foi, rapaz? Viu assombração?<br />

Noronha arqueou as pernas e colocou as mãos nos joelhos.<br />

— Não. Não é assombração, mas é quase. — Respirou algumas vezes antes de<br />

continuar. — Preciso falar com o Douglas. Vim corren<strong>do</strong> da rua até aqui. Tem uma<br />

porção de gente passan<strong>do</strong> mal com a fumaça nos andares mais baixos, umas quarenta<br />

pessoas desmaiadas estão sen<strong>do</strong> levadas para o pronto-socorro.<br />

— Quarenta? Tu<strong>do</strong> isso?<br />

— Tu<strong>do</strong> isso! Não estamos dan<strong>do</strong> conta de carregar tanta gente. Ainda estamos sem<br />

contato com o Copom, com a PM, com o quartel. Tá foda, tenente!<br />

Douglas surgiu no corre<strong>do</strong>r quan<strong>do</strong> a energia elétrica voltou ao prédio, iluminan<strong>do</strong> o<br />

local.<br />

— Opa! Alguma coisa de bom, ao menos — resmungou Noronha, ainda cansa<strong>do</strong>.<br />

— Pelo menos agora temos eleva<strong>do</strong>res, o que vai ajudar a remover essa gente toda.<br />

— Eu estava falan<strong>do</strong> aqui pro tenente Boris, lá embaixo está um inferno. Cada<br />

apartamento em que a gente entra tem alguém apaga<strong>do</strong>.<br />

— E a Defesa Civil?<br />

— O Fred já man<strong>do</strong>u uma viatura para a base deles para chamar reforço. Esse<br />

negócio de telefone e rádio pegou a cidade inteira.<br />

— Aqui não tem ninguém também, já vimos to<strong>do</strong>s deste andar. Vamos continuar<br />

descen<strong>do</strong> e retiran<strong>do</strong> os mora<strong>do</strong>res.

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!