04.01.2015 Views

O Fututo do Constitucionalismo - Caderno de Resumos [2014][l]

O Fututo do Constitucionalismo - Caderno de Resumos [2014][l]

O Fututo do Constitucionalismo - Caderno de Resumos [2014][l]

SHOW MORE
SHOW LESS

Create successful ePaper yourself

Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.

A imposição jurídica da moral - Um <strong>de</strong>bate entre Lord<br />

Devlin e H.L.A. Hart<br />

Clarissa Gross<br />

Doutoranda em Direito na Faculda<strong>de</strong> <strong>de</strong> Direito da Universida<strong>de</strong> <strong>de</strong> São<br />

Paulo. Mestre em Direito e Desenvolvimento pela Faculda<strong>de</strong> <strong>de</strong> Direito <strong>de</strong> São<br />

Paulo da Fundação Getulio Vargas. Brasil.<br />

En<strong>de</strong>reço eletrônico: grossclarissa@yahoo.com.br.<br />

Este trabalho busca discutir a questão acerca <strong>de</strong> se é correto que uma<br />

socieda<strong>de</strong> imponha por meio <strong>do</strong> direito (especialmente o direito penal) a<br />

sua moralida<strong>de</strong>. Será da<strong>do</strong> enfoque ao <strong>de</strong>bate trava<strong>do</strong> no início <strong>do</strong>s anos 60<br />

entre H. L. A. Hart, importante teórico <strong>do</strong> direito, e Lord Devlin, magistra<strong>do</strong><br />

inglês. Ao final, será discutida as contribuições <strong>de</strong> Ronald Dworkin<br />

para o <strong>de</strong>bate no que diz respeito à noção <strong>de</strong> moralida<strong>de</strong> social.<br />

Devlin <strong>de</strong>senvolveu reflexão sistematizada <strong>de</strong>fen<strong>de</strong>n<strong>do</strong> a correção<br />

moral <strong>de</strong> tornar obrigatória, por via <strong>do</strong> direito penal, a moralida<strong>de</strong><br />

convencional <strong>de</strong> <strong>de</strong>terminada socieda<strong>de</strong> 1 . Devlin critica aqueles<br />

que acreditam haver um limite principiológico à interferência <strong>do</strong> direito<br />

no comportamento <strong>de</strong> relevância moral. Atribui o equívoco à<br />

má compreensão da finalida<strong>de</strong> <strong>do</strong> direito penal como se fosse a <strong>de</strong><br />

estabelecer alguma or<strong>de</strong>m e forma <strong>de</strong> coor<strong>de</strong>nação social. Se assim<br />

fosse, não haveria qualquer ligação necessária entre o direito penal e<br />

a or<strong>de</strong>m moral prevalente em <strong>de</strong>terminada socieda<strong>de</strong>.<br />

Devlin refuta esse argumento primeiramente indican<strong>do</strong> a sua incapacida<strong>de</strong><br />

<strong>de</strong> explicar alguns institutos <strong>do</strong> direito penal vigente com<br />

os quais normalmente concordamos <strong>de</strong> forma bastante intuitiva 2 . É o<br />

caso, por exemplo, <strong>do</strong> afastamento <strong>do</strong> consentimento e <strong>do</strong> perdão da<br />

vítima enquanto argumentos <strong>de</strong> <strong>de</strong>fesa em alguns crimes. Esse elemento<br />

<strong>do</strong> direito penal inglês não se explicaria a não ser que se admitisse<br />

que a sua finalida<strong>de</strong> consiste na imposição da moralida<strong>de</strong> em si.<br />

Devlin afirma que a imposição da moralida<strong>de</strong> convencional pelo<br />

direito se justifica em função da sua importância para manutenção da

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!