04.01.2015 Views

O Fututo do Constitucionalismo - Caderno de Resumos [2014][l]

O Fututo do Constitucionalismo - Caderno de Resumos [2014][l]

O Fututo do Constitucionalismo - Caderno de Resumos [2014][l]

SHOW MORE
SHOW LESS

Create successful ePaper yourself

Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.

408 • I Congresso Internacional <strong>de</strong> Direito Constitucional e Filosofia Política<br />

praticamente inatacável. Mas será que assim ela não acaba per<strong>de</strong>n<strong>do</strong><br />

o senti<strong>do</strong> que lhe seria próprio Afinal, uma <strong>de</strong>mocracia pressuposta<br />

que se impõe como obrigatória, inclusive como i<strong>de</strong>ia, para cercear o<br />

discurso que nela se apresenta para criticá-la, para <strong>de</strong>batê-la, para propor<br />

(porque não) alternativas à ela, ou, até mesmo, para questionar<br />

verda<strong>de</strong>s tidas como absolutas, seria mesmo uma <strong>de</strong>mocracia <strong>de</strong> fato<br />

Esses são questionamentos que o presente trabalho buscará<br />

abordar, talvez não com a finalida<strong>de</strong> <strong>de</strong> apresentar respostas, mas sim<br />

dúvidas diante <strong>de</strong> afirmações que hoje se tenham por inquestionáveis.<br />

Já a justiça, para Hans Kelsen 2 , em uma perspectiva coerente à<br />

sua posição eminentemente relativista, enquanto problema valorativo,<br />

situa-se fora da teoria <strong>do</strong> Direito, que se limita à análise <strong>do</strong> Direito<br />

Positivo, ou realida<strong>de</strong> jurídica posta. Segun<strong>do</strong> ele, a procura <strong>de</strong> um<br />

conceito geral <strong>de</strong> justiça é algo <strong>de</strong> que a ciência <strong>do</strong> direito não <strong>de</strong>ve<br />

se ocupar. Após rigorosa análise das mais variadas teorias e normas<br />

<strong>de</strong> justiça, Kelsen conclui que não passam <strong>de</strong> teorias vazias porque<br />

necessitam pressupor uma or<strong>de</strong>m positiva que lhes dê conteú<strong>do</strong> 3 .<br />

Portanto, partin<strong>do</strong> da perspectiva <strong>de</strong> justiça kelseniana, preten<strong>de</strong>-se<br />

restringir a possibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> construção <strong>de</strong> parâmetros <strong>de</strong> justiça<br />

para além <strong>de</strong> uma or<strong>de</strong>m jurídica posta, inclusive para <strong>de</strong>limitar<br />

uma concepção <strong>de</strong> <strong>de</strong>mocracia.<br />

Esse é o salto necessário para abordar especificamente a questão<br />

<strong>de</strong>mocrática no Brasil, que somente po<strong>de</strong> ser avaliada, na atualida<strong>de</strong>,<br />

sob o ponto <strong>de</strong> vista jurídico, à luz <strong>do</strong> que <strong>de</strong>termina a Constituição<br />

da República <strong>de</strong> 1988. Não que se negue a possibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> apresentar<br />

propostas para alteração <strong>do</strong> atual panorama da <strong>de</strong>mocracia no Brasil,<br />

mas preten<strong>de</strong>-se retirar <strong>do</strong> discurso propositivo o caráter obrigatório,<br />

que ele tenta tomar das normas jurídicas, para situá-lo no seu espaço:<br />

o <strong>de</strong>bate político. Assim, chega-se ao cerne da questão: atualmente,<br />

no Brasil, a <strong>de</strong>mocracia é o mecanismo que institucionaliza e permite<br />

o <strong>de</strong>bate capaz <strong>de</strong> dar origem a alterações no or<strong>de</strong>namento jurídico<br />

posto, que permanece incólume até que uma <strong>de</strong>cisão válida emitida<br />

por um órgão competente (Parlamento, Corte Constitucional, Po<strong>de</strong>r<br />

Executivo, a <strong>de</strong>pen<strong>de</strong>r <strong>do</strong> caso) o modifique.

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!