04.01.2015 Views

O Fututo do Constitucionalismo - Caderno de Resumos [2014][l]

O Fututo do Constitucionalismo - Caderno de Resumos [2014][l]

O Fututo do Constitucionalismo - Caderno de Resumos [2014][l]

SHOW MORE
SHOW LESS

You also want an ePaper? Increase the reach of your titles

YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.

Liberda<strong>de</strong>s <strong>de</strong>mocráticas e suas restrições • 153<br />

integrida<strong>de</strong> da socieda<strong>de</strong>. Segun<strong>do</strong> Devlin, a integrida<strong>de</strong> <strong>de</strong> uma socieda<strong>de</strong><br />

é mantida muito em função <strong>do</strong>s vínculos <strong>do</strong> pensamento comum,<br />

ou seja, pela existência <strong>de</strong> um acor<strong>do</strong> acerca <strong>do</strong> que é bom ou ruim.<br />

Se é assim, a socieda<strong>de</strong> teria o direito <strong>de</strong> realizar julgamentos morais e<br />

<strong>de</strong> impor a sua moralida<strong>de</strong> por meio <strong>do</strong> direito. Isso porque, <strong>de</strong>sfeito o<br />

acor<strong>do</strong> moral que estrutura a socieda<strong>de</strong>, esta última colapsaria.<br />

H. L. A. Hart escreveu livro intitula<strong>do</strong> Law, Liberty and Morality<br />

3 , em cujo prefácio anuncia o objetivo <strong>de</strong> rebater as i<strong>de</strong>ias centrais<br />

<strong>do</strong> argumento <strong>de</strong> Devlin. Uma primeira crítica importante apresentada<br />

por Hart diz respeito à maneira como Devlin concebe o vínculo<br />

entre moralida<strong>de</strong> convencional e a preservação da socieda<strong>de</strong>. Para<br />

Hart, a associação tal como afirmada por Devlin é empiricamente<br />

equivocada, bem como parece promover <strong>de</strong> forma <strong>do</strong>gmática e irrefletida<br />

a conservação tanto da moralida<strong>de</strong> convencional quanto da<br />

socieda<strong>de</strong> tal como existe em <strong>de</strong>termina<strong>do</strong> tempo e lugar.<br />

A<strong>de</strong>mais, Hart afirma ser possível justificar, por meio <strong>de</strong> uma versão<br />

<strong>do</strong> argumento utilitarista, qual seja, o argumento <strong>do</strong> paternalismo<br />

jurídico, os institutos que Devlin afirma serem somente explicáveis enquanto<br />

mecanismos <strong>de</strong> imposição da moralida<strong>de</strong> social convencional.<br />

O presente trabalho preten<strong>de</strong> <strong>de</strong>fen<strong>de</strong>r, por um la<strong>do</strong>, que a melhor<br />

forma para compreen<strong>de</strong>r as nossas convicções acerca da correção<br />

<strong>do</strong>s institutos <strong>de</strong> direito penal <strong>de</strong>bati<strong>do</strong>s pelos <strong>do</strong>is autores é admitin<strong>do</strong><br />

que aquilo que socialmente operamos é <strong>de</strong> fato uma imposição<br />

<strong>de</strong> uma moralida<strong>de</strong> social que não se resume ao utilitarismo. Nesse<br />

ponto, Devlin apresenta os melhores argumentos.<br />

Contu<strong>do</strong>, <strong>de</strong>fen<strong>de</strong>mos que algumas críticas <strong>de</strong> Hart à maneira<br />

como Devlin valoriza a moralida<strong>de</strong> convencional e concebe sua relação<br />

com a preservação da socieda<strong>de</strong> são também acertadas. Acreditamos<br />

que, nesse ponto, as críticas <strong>de</strong> Ronald Dworkin 4 à maneira<br />

como Devlin concebe a moralida<strong>de</strong> são importantes para boa compreensão<br />

da natureza <strong>de</strong> nossas convicções morais e da relação que<br />

existe e que <strong>de</strong>ve haver entre direito e moral.

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!