04.01.2015 Views

O Fututo do Constitucionalismo - Caderno de Resumos [2014][l]

O Fututo do Constitucionalismo - Caderno de Resumos [2014][l]

O Fututo do Constitucionalismo - Caderno de Resumos [2014][l]

SHOW MORE
SHOW LESS

You also want an ePaper? Increase the reach of your titles

YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.

Po<strong>de</strong>r Constituinte e Fundação Contínua em<br />

Hannah Arendt<br />

Ana Paula Repolês Torres<br />

Doutora em Filosofia pela FAFICH/UFMG; Graduada e Mestre em<br />

Direito pela FD/UFMG. Analista Judiciário <strong>do</strong> Tribunal Regional <strong>do</strong> Trabalho da<br />

3ª Região, lotada na Escola Judicial. Brasil. E-mail: apaulart@trt3.jus.br.<br />

A partir da concepção <strong>do</strong> po<strong>de</strong>r como sinônimo <strong>de</strong> liberda<strong>de</strong> em<br />

Hannah Arendt, buscamos refletir sobre o conceito <strong>de</strong> po<strong>de</strong>r constituinte,<br />

o que nos leva a superar a i<strong>de</strong>ntificação <strong>do</strong> po<strong>de</strong>r constituinte<br />

originário como mero fato, como um po<strong>de</strong>r ilimita<strong>do</strong> e <strong>de</strong>svincula<strong>do</strong><br />

<strong>de</strong> qualquer parâmetro normativo. Isso não significa dizer que não<br />

exista regime jurídico instaura<strong>do</strong> com base na mera violência, mas<br />

sim que tal regime é antes um sistema <strong>de</strong> man<strong>do</strong> e <strong>de</strong> sujeição, <strong>de</strong> governantes<br />

e governa<strong>do</strong>s, <strong>do</strong> que um verda<strong>de</strong>iro regime <strong>de</strong>mocrático.<br />

Ressalte-se que não estamos negan<strong>do</strong> a distinção entre po<strong>de</strong>r constituinte<br />

e po<strong>de</strong>res constituí<strong>do</strong>s, ou entre po<strong>de</strong>r constituinte originário<br />

e <strong>de</strong>riva<strong>do</strong>. O que preten<strong>de</strong>mos é superar a tópica <strong>do</strong> mítico e heroico<br />

funda<strong>do</strong>r, e até mesmo a noção <strong>de</strong> que a fundação é realizada unicamente<br />

por uma Convenção ou Assembleia Constituinte Originária ou <strong>de</strong><br />

Reforma, pois com Arendt sabemos que a fundação <strong>de</strong> uma comunida<strong>de</strong><br />

política e jurídica não po<strong>de</strong> ser compreendida exclusivamente pela noção<br />

<strong>de</strong> fabricação, requeren<strong>do</strong> também a presença da ação política, a qual implica<br />

transcendência <strong>do</strong> momento inaugural e engajamento constante.<br />

Para tanto, cabe voltarmos às origens <strong>do</strong> pensamento político oci<strong>de</strong>ntal,<br />

analisan<strong>do</strong> a substituição da praxis pela poièsis, isto é, da ação<br />

política pelo governo no pensamento <strong>de</strong> Platão. O que vemos aparecer<br />

então é a figura <strong>do</strong> Rei Filósofo, daquele que “sabe” e que por isso está<br />

apto a governar, a ditar leis aos súditos, aos quais resta apenas “executar”<br />

o que lhes foi <strong>de</strong>termina<strong>do</strong>. O conceito <strong>de</strong> ação política em Arendt, por<br />

sua vez, permite-nos não separar o “saber-fazer” e o “executar”, pois ambos<br />

fazem parte <strong>do</strong> agir no espaço público. Assim, tanto os novos inícios

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!