04.01.2015 Views

O Fututo do Constitucionalismo - Caderno de Resumos [2014][l]

O Fututo do Constitucionalismo - Caderno de Resumos [2014][l]

O Fututo do Constitucionalismo - Caderno de Resumos [2014][l]

SHOW MORE
SHOW LESS

You also want an ePaper? Increase the reach of your titles

YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.

298 • I Congresso Internacional <strong>de</strong> Direito Constitucional e Filosofia Política<br />

ciação <strong>de</strong> grupos com interesses comuns a fim <strong>de</strong> digladiarem por seus<br />

próprios zelos. O pluralismo <strong>de</strong>ssas estruturas organizadas <strong>de</strong> po<strong>de</strong>r<br />

(inclusive <strong>do</strong>s parti<strong>do</strong>s políticos) transformaria o Esta<strong>do</strong> em mero instrumento<br />

<strong>de</strong> exploração, ao usurpar seu monopólio <strong>do</strong> po<strong>de</strong>r político.<br />

A segunda parte da Constituição alemã <strong>de</strong> 1919, aos olhos <strong>de</strong><br />

Schmitt, subsidiava a <strong>de</strong>flagração <strong>do</strong> caráter in<strong>de</strong>ciso e impotente<br />

<strong>do</strong> Parlamento (Reichstag), na medida em que abdicava da política<br />

em razão da tentativa <strong>de</strong> conciliar as mais diversas convicções i<strong>de</strong>ológicas,<br />

partin<strong>do</strong>-se da irresolução entre o individual e o social. A<br />

interminável discussão contribuía para os “compromissos dilatórios”,<br />

<strong>de</strong>sprovi<strong>do</strong>s <strong>de</strong> <strong>de</strong>cisão, que abalavam a realização da soberania na<br />

República. Essa renúncia política, a<strong>de</strong>mais, surge <strong>do</strong> pressuposto admiti<strong>do</strong><br />

pelo autor <strong>de</strong> que a política só po<strong>de</strong> ser realizada por meio <strong>do</strong><br />

embate, não pela circunspecção.<br />

Se, por um la<strong>do</strong>, <strong>do</strong> ponto <strong>de</strong> vista jurídico-político, Schmitt<br />

se mostra um inova<strong>do</strong>r ao problematizar a representação política e<br />

a ineficácia parlamentar; por outro, ao tratar da esfera econômico-<br />

-social, ele é bastante conserva<strong>do</strong>r, já que suas propostas eram, em<br />

gran<strong>de</strong> medida, comprometidas com o objetivo <strong>de</strong> impossibilitar a<br />

<strong>de</strong>mocratização <strong>do</strong> po<strong>de</strong>r e a alteração das estruturas <strong>de</strong> Po<strong>de</strong>r. Por<br />

consi<strong>de</strong>rar a unida<strong>de</strong> política essencial para a manutenção da soberania,<br />

o autor i<strong>de</strong>aliza um fenômeno <strong>de</strong>mocrático, no seu entendimento,<br />

mais original, mas que só se compatibilizaria com uma ditadura.<br />

Notas<br />

1<br />

SCHMITT, Carl. Politische Theologie. Berlin: Duncker & Humblot, 2004. p.13.<br />

2<br />

BERCOVICI, Gilberto. Constituição e Esta<strong>do</strong> <strong>de</strong> Exceção Permanente. Rio <strong>de</strong><br />

Janeiro: Azougue Editorial, 2004. p. 65-66.<br />

3<br />

JACOBSON, Arthur J. SCHLINK, Bernhard. Weimar: A Jurispru<strong>de</strong>nce of Crises.<br />

Berkeley and Los Angeles: University of California Press, 2002. p. 283.<br />

(Tradução <strong>do</strong> autor).

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!