04.01.2015 Views

O Fututo do Constitucionalismo - Caderno de Resumos [2014][l]

O Fututo do Constitucionalismo - Caderno de Resumos [2014][l]

O Fututo do Constitucionalismo - Caderno de Resumos [2014][l]

SHOW MORE
SHOW LESS

You also want an ePaper? Increase the reach of your titles

YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.

Argumentos consequencialistas e argumentos extrajurídicos na jurisdição constitucional • 201<br />

os po<strong>de</strong>res têm muito a ganhar se assumir uma forma cooperativa<br />

e <strong>de</strong>liberativa, ao invés <strong>de</strong> puramente adversarial. Ressalto, todavia,<br />

que a <strong>de</strong>fesa aqui proposta <strong>de</strong> uma corte constitucional <strong>de</strong>liberativa<br />

não é uma <strong>de</strong>fesa incondicional da <strong>de</strong>liberação. Ela parte da intuição<br />

<strong>de</strong> que cortes, por não <strong>de</strong>pen<strong>de</strong>rem <strong>de</strong> uma satisfação periódica <strong>de</strong><br />

seus constituintes através <strong>de</strong> um processo eleitoral, po<strong>de</strong>m contribuir<br />

<strong>de</strong> mo<strong>do</strong> específico na interação entre os po<strong>de</strong>res se buscarem maior<br />

legitimida<strong>de</strong> através <strong>do</strong> aumento <strong>de</strong> sua qualida<strong>de</strong> <strong>de</strong>liberativa. Entretanto,<br />

po<strong>de</strong>m existir circunstâncias em que os custos da <strong>de</strong>liberação<br />

po<strong>de</strong>m superar seus benefícios. O valor da <strong>de</strong>liberação <strong>de</strong>pen<strong>de</strong><br />

<strong>de</strong> um cálculo consequencialista sobre as expectativas das vantagens<br />

e <strong>de</strong>svantagens <strong>de</strong> se <strong>de</strong>liberar. Essa <strong>de</strong>fesa não-<strong>de</strong>ontológica da <strong>de</strong>liberação,<br />

ao mesmo tempo em que a torna mais a<strong>de</strong>quada a lidar com<br />

condições não-i<strong>de</strong>ais e dilemas <strong>do</strong> mun<strong>do</strong> real, bem por isso, adiciona<br />

complexida<strong>de</strong> à já difícil tarefa <strong>de</strong> operacionalizar em uma instituição<br />

concreta o i<strong>de</strong>al <strong>de</strong> uma corte constitucional <strong>de</strong>liberativa. A categoria<br />

<strong>do</strong> <strong>de</strong>sempenho <strong>de</strong>liberativo propõe à corte a observância <strong>de</strong> um<br />

contexto político <strong>de</strong> sua atuação, momento em que razões prudênciais<br />

e razões-<strong>de</strong>-segunda-or<strong>de</strong>m entrariam em jogo. Essas razões, que<br />

seriam essencialmente consi<strong>de</strong>rações sobre o consenso possível e seus<br />

benefícios, e sobre a efetivida<strong>de</strong> <strong>de</strong> implementação da <strong>de</strong>cisão, estão<br />

em tensão com a noção <strong>de</strong> razão pública. Se em <strong>de</strong>corrência <strong>de</strong> seu<br />

<strong>de</strong>senho institucional, a legitimida<strong>de</strong> da corte muito se <strong>de</strong>ve às razões<br />

que oferece e o mo<strong>do</strong> <strong>de</strong> oferecê-las, sen<strong>do</strong> essa uma característica<br />

peculiar, existe uma tensão entre racionalida<strong>de</strong> jurídica, entendida<br />

como aquilo que é <strong>de</strong>vi<strong>do</strong> em razão <strong>do</strong>s direitos que as pessoas possuem<br />

segun<strong>do</strong> uma prática institucionalizada, e análise pru<strong>de</strong>ncial,<br />

consi<strong>de</strong>rações consequencialistas, ou <strong>de</strong> second-best, <strong>de</strong>correntes<br />

<strong>do</strong> contexto político. É preciso distinguir entre duas coisas: a) uma<br />

<strong>de</strong>fesa da <strong>de</strong>liberação como fator adicional <strong>de</strong> legitimida<strong>de</strong> política<br />

para além das razões oferecidas e b) que tipos <strong>de</strong> razões po<strong>de</strong>m ser<br />

consi<strong>de</strong>radas pelos espaços <strong>de</strong>liberativos, a <strong>de</strong>pen<strong>de</strong>r das instituições<br />

que estão em jogo. É possível fazer uma <strong>de</strong>fesa da <strong>de</strong>liberação que<br />

incorpore a utilização <strong>de</strong> razões consequencialistas pela corte. É pos-

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!