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O Fututo do Constitucionalismo - Caderno de Resumos [2014][l]

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Teorias da interpretação constitucional • 79<br />

blema <strong>de</strong> ontologia, reformulada nos mol<strong>de</strong>s hei<strong>de</strong>ggerianos. Ponto<br />

fulcral na hermenêutica <strong>de</strong> Gadamer é precisamente ser consi<strong>de</strong>rada<br />

uma hermenêutica da finitu<strong>de</strong>, o que significa que a história tem papel<br />

fundamental na <strong>de</strong>terminação da consciência <strong>do</strong> homem. Assim,<br />

po<strong>de</strong>-se asseverar que a historicida<strong>de</strong> configura-se verda<strong>de</strong>ira condição<br />

<strong>de</strong> possibilida<strong>de</strong> da compreensão humana. Em outras palavras,<br />

a compreensão sempre parte daquilo que foi entregue pela tradição<br />

(traditio em latim significa entrega) ao homem, constituin<strong>do</strong> nele<br />

pré-conceitos que farão parte, necessariamente, <strong>do</strong> ato <strong>de</strong> compreensão<br />

<strong>do</strong> mun<strong>do</strong>. Os pré-conceitos gesta<strong>do</strong>s na história são, <strong>de</strong>ssa<br />

forma, condições transcen<strong>de</strong>ntais da compreensão. E assim Gadamer<br />

conceitua hermenêutica como “mobilida<strong>de</strong> fundamental da pré-sença,<br />

a qual perfaz sua finitu<strong>de</strong> e historicida<strong>de</strong>, abrangen<strong>do</strong> assim o<br />

to<strong>do</strong> <strong>de</strong> sua experiência <strong>de</strong> mun<strong>do</strong>”.<br />

Especificamente no âmbito <strong>do</strong> Direito, a Hermenêutica Filosófica<br />

traz algumas contribuições. Em primeiro lugar, pergunta-se: em<br />

que medida a Hermenêutica Filosófica contribui para o Direito e,<br />

especificamente, para o Direito Constitucional Em relação à noção<br />

fundamental <strong>de</strong> historicida<strong>de</strong>, é possível concluir que não portam os<br />

textos legislativos, em <strong>de</strong>finitivo, um senti<strong>do</strong> da<strong>do</strong> a priori, como já<br />

percebi<strong>do</strong> por juristas como Kelsen e Hart, e que a tarefa <strong>de</strong> compreendê-los<br />

exige que o intérprete se perceba <strong>de</strong>ntro da história e se<br />

posicione aberto aos fatos subjacentes à aplicação da norma jurídica.<br />

Os fatos que circundam o texto a ser interpreta<strong>do</strong> moldam, <strong>de</strong> forma<br />

necessária e particular, a interpretação lançada sobre esse texto. O<br />

intérprete é, aliás, sempre um aplica<strong>do</strong>r. Interpretação, compreensão<br />

e aplicação confun<strong>de</strong>m-se na applicatio que se dá no jogo <strong>de</strong> apreensão<br />

<strong>de</strong> senti<strong>do</strong>s. Aplicar não é reproduzir senti<strong>do</strong>s já pensa<strong>do</strong>s; aplicar<br />

é produzir senti<strong>do</strong>s. E toda vez que o intérprete lança-se sobre a<br />

interpretação <strong>de</strong> um caso concreto, <strong>de</strong>ve fazê-lo cônscio <strong>de</strong>ssa estrutura<br />

hermenêutica que o constitui. Especificamente em relação ao<br />

Direito Constitucional, a contribuição da Hermenêutica Filosófica<br />

é particularmente importante. É no bojo da compreensão das constituições<br />

que se molda o entendimento <strong>do</strong> atual mo<strong>de</strong>lo <strong>de</strong> Esta<strong>do</strong>

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