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O Hypercluster da Economia do Mar.

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quan<strong>do</strong> estas revelam, de mo<strong>do</strong> sistemático, que não se obteve o que se esperava. Esta discrepância,<br />

porque se repete em contextos varia<strong>do</strong>s, não pode ser interpreta<strong>da</strong> como o resulta<strong>do</strong> de circunstâncias<br />

ocasionais (não é, portanto, um ver<strong>da</strong>deiro imprevisto, será mais o resulta<strong>do</strong> <strong>do</strong> que não se quer ver, mas<br />

que não se devia ignorar que existe) e deverá ser possível identificar uma estrutura interna de racionalização<br />

que explique a distância entre o programa<strong>do</strong> e o realiza<strong>do</strong> que se repete em conjunturas diversas (e é esta<br />

especial estrutura de racionalização que, por não ter si<strong>do</strong> considera<strong>da</strong> ou por ser manti<strong>da</strong> oculta, vai ser<br />

responsável pela diferença entre o que se esperava e o que se obteve).<br />

Não é justificável atribuir a explicação desta discrepância a protagonistas políticos específicos, pois to<strong>do</strong>s os<br />

que têm exerci<strong>do</strong> funções de decisão, apesar <strong>da</strong>s suas diferenças de estilos, de conhecimentos próprios e<br />

de posições políticas ou analíticas, acabam por produzir a mesma distância entre o que programam e o que<br />

concretizam. E nem sequer se poderá circunscrever esta avaliação <strong>do</strong> que é anómalo aos protagonistas<br />

políticos, porque tanto no campo económico ou no campo cultural, como nos debates desenvolvi<strong>do</strong>s na<br />

socie<strong>da</strong>de, não aparecem, em tempo útil, vozes discor<strong>da</strong>ntes que alertem para a possibili<strong>da</strong>de de se voltar a<br />

encontrar uma distância irrecuperável entre o que se anuncia (e se aceita como sen<strong>do</strong> possível) e o que se<br />

concretiza (para depois se lamentar esse fracasso, como se não houvesse memória <strong>da</strong>s idênticas<br />

lamentações anteriores).<br />

A identificação <strong>da</strong>s possibili<strong>da</strong>des para o futuro não pode ignorar a história <strong>do</strong>s fracassos anteriores e terá<br />

de admitir que há um erro sistemático que se comete na formulação <strong>do</strong>s pressupostos em que assentam as<br />

narrativas programáticas apresenta<strong>da</strong>s para a política, para a economia e para a socie<strong>da</strong>de em Portugal.<br />

Os diversos programas de modernização <strong>da</strong> economia portuguesa, quan<strong>do</strong> observa<strong>do</strong>s isola<strong>da</strong>mente, têm<br />

justificação teórica, têm plausibili<strong>da</strong>de e, quan<strong>do</strong> examina<strong>do</strong>s por observa<strong>do</strong>res externos, são avalia<strong>do</strong>s<br />

como ten<strong>do</strong> credibili<strong>da</strong>de. Para além disso, a socie<strong>da</strong>de portuguesa tem revela<strong>do</strong>, em situações de crise<br />

económica agu<strong>da</strong>, uma adequa<strong>da</strong> capaci<strong>da</strong>de de a<strong>da</strong>ptação nessas condições críticas – e se esse esforço<br />

bem sucedi<strong>do</strong> em termos conjunturais não é persistente e não se prolonga no tempo, isso será mais<br />

resulta<strong>do</strong> <strong>do</strong> excesso de confiança <strong>do</strong>s dirigentes (que assumem, prematuramente, que a racionali<strong>da</strong>de<br />

moderniza<strong>do</strong>ra está difundi<strong>da</strong> na socie<strong>da</strong>de e já é <strong>do</strong>minante) <strong>do</strong> que de uma incapaci<strong>da</strong>de colectiva <strong>do</strong>s<br />

portugueses para consoli<strong>da</strong>rem estratégias de longo prazo.<br />

Não obstante a quali<strong>da</strong>de <strong>do</strong>s programas estratégicos e a capaci<strong>da</strong>de de recuperação revela<strong>da</strong> pelos<br />

portugueses em contextos de crise, a evidência mostra que os perío<strong>do</strong>s de recuperação não têm<br />

continui<strong>da</strong>de e que ca<strong>da</strong> ponto máximo <strong>da</strong> recuperação (medi<strong>do</strong> em termos de taxa de crescimento anual <strong>do</strong><br />

produto, que é um indica<strong>do</strong>r de vitali<strong>da</strong>de moderniza<strong>do</strong>ra) depois de uma crise é inferior ao ponto máximo<br />

atingi<strong>do</strong> na recuperação <strong>da</strong> crise anterior – o que estabelece uma tendência longa decrescente, revelan<strong>do</strong><br />

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O <strong>Hypercluster</strong> <strong>da</strong> <strong>Economia</strong> <strong>do</strong> <strong>Mar</strong><br />

Relatório Final | 17.Fevereiro.2009

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