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O Hypercluster da Economia do Mar.

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declarações e ignora<strong>do</strong>s os factos, as sucessivas fases <strong>da</strong> evolução <strong>da</strong> socie<strong>da</strong>de portuguesa aparecem<br />

como estan<strong>do</strong> integra<strong>da</strong>s num único programa que se repete em to<strong>da</strong>s as fases, apenas varian<strong>do</strong> em função<br />

<strong>da</strong>s emergências revela<strong>da</strong>s pelas circunstâncias – mas para logo voltar ao programa único. Por um la<strong>do</strong>, a<br />

direcção política não responde à evolução <strong>do</strong>s factos, insistin<strong>do</strong> num programa único. Por outro la<strong>do</strong>, os<br />

factos não respondem às determinações <strong>do</strong>s decisores, geran<strong>do</strong> efeitos perversos que se tornam<br />

cumulativos. Onde se encontrarem estas relações para<strong>do</strong>xais, será natural que os dispositivos de regulação<br />

não tenham eficácia, porque não haven<strong>do</strong> correspondência entre declarações políticas e os factos que<br />

resultam <strong>da</strong>s decisões políticas, também não haverá um referencial estável em que se integre o que deve<br />

ser avalia<strong>do</strong> e regula<strong>do</strong>.<br />

A quali<strong>da</strong>de <strong>do</strong>s centros de racionalização<br />

O primeiro critério a satisfazer para que seja possível um cenário diferente <strong>do</strong> <strong>da</strong> continui<strong>da</strong>de e<br />

definhamento refere-se à quali<strong>da</strong>de <strong>do</strong>s centros de racionalização e, em primeira linha, ao senti<strong>do</strong> de<br />

responsabili<strong>da</strong>de <strong>do</strong>s dirigentes políticos. É, antes <strong>do</strong> mais, uma questão de cultura política, no senti<strong>do</strong> em<br />

que esta é uma reflexão recorrente sobre o que é o padrão de possibili<strong>da</strong>des em ca<strong>da</strong> perío<strong>do</strong>, assumin<strong>do</strong> a<br />

herança <strong>do</strong> passa<strong>do</strong> mas estabelecen<strong>do</strong> a decisão em função de uma responsabili<strong>da</strong>de para com o futuro. A<br />

finali<strong>da</strong>de <strong>da</strong> política não é a conquista <strong>do</strong> poder, um objectivo que depende mais <strong>da</strong> capaci<strong>da</strong>de para iludir<br />

a opinião pública, para intimi<strong>da</strong>r os concorrentes e para construir redes de influência <strong>do</strong> que <strong>da</strong> quali<strong>da</strong>de <strong>da</strong><br />

orientação <strong>da</strong> socie<strong>da</strong>de em termos <strong>do</strong>s desafios coloca<strong>do</strong>s pelo futuro. A finali<strong>da</strong>de <strong>da</strong> política é a<br />

continui<strong>da</strong>de <strong>da</strong>s linhas estratégicas, mesmo que estas sejam realiza<strong>da</strong>s por outros que as a<strong>do</strong>ptam como<br />

linhas de necessi<strong>da</strong>de. Uma cultura política centra<strong>da</strong> na conquista <strong>do</strong> poder privilegia o curto prazo e, por<br />

isso, prejudica as estratégias de modernização, ou nem sequer chega a equacioná-las.<br />

Os processos de modernização são necessariamente complexos, pelo que a cultura política que lhes é<br />

adequa<strong>da</strong> é a que valoriza o prazo longo e que atribui especial relevo à interpretação <strong>da</strong>s interrelações entre<br />

as diversas activi<strong>da</strong>des e os diversos grupos sociais que integram a economia e a socie<strong>da</strong>de, reconhecen<strong>do</strong><br />

que um elo frágil que rompa nessas interrelações pode ser suficiente para ameaçar a concretização <strong>da</strong><br />

estratégia a<strong>do</strong>pta<strong>da</strong>. Uma cultura política <strong>da</strong> modernização baseia-se no senti<strong>do</strong> de responsabili<strong>da</strong>de social<br />

e contrasta com as concepções assentes nas personali<strong>da</strong>des e nas carreiras dentro de aparelhos e redes de<br />

influência, justamente porque estas colocam a satisfação de interesses particulares à frente <strong>da</strong> interpretação<br />

<strong>da</strong>s possibili<strong>da</strong>des colectivas e, por isso mesmo, ficam impossibilita<strong>da</strong>s de exercerem uma função de<br />

regulação efectiva e continua<strong>da</strong>.<br />

A concretização em Portugal de um cenário de afirmação que contrarie o cenário tendencial <strong>do</strong><br />

definhamento tem como pressuposto básico que a cultura política centra<strong>da</strong> no curto prazo, na conquista <strong>do</strong><br />

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O <strong>Hypercluster</strong> <strong>da</strong> <strong>Economia</strong> <strong>do</strong> <strong>Mar</strong><br />

Relatório Final | 17.Fevereiro.2009

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