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O Hypercluster da Economia do Mar.

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no passa<strong>do</strong>. Antes de ser uma responsabili<strong>da</strong>de política, é uma responsabili<strong>da</strong>de analítica: o erro na<br />

condução de estratégia de modernização começa por estar na incapaci<strong>da</strong>de para interpretar o peso <strong>do</strong>s<br />

constrangimentos que são gera<strong>do</strong>s pelas condições objectivas <strong>do</strong> campo de acção, determina<strong>da</strong>s pelos<br />

erros anteriores.<br />

As circunstâncias portuguesas, durante as últimas quatro déca<strong>da</strong>s, não foram favoráveis à modernização <strong>da</strong><br />

economia portuguesa, mesmo quan<strong>do</strong> abriram algumas oportuni<strong>da</strong>des que pareciam promissoras, mas que<br />

eram avalia<strong>da</strong>s isola<strong>da</strong>mente, como se não se integrassem na linha que vinha <strong>do</strong> passa<strong>do</strong>. Verificou-se,<br />

uma vez mais, que o sistema de relações é mais relevante <strong>do</strong> que a avaliação de variáveis isola<strong>da</strong>s: o que<br />

parece promissor visto isola<strong>da</strong>mente pode, depois, revelar-se desfavorável quan<strong>do</strong> têm de ser considera<strong>da</strong>s<br />

as interrelações com outras variáveis.<br />

A crise <strong>do</strong> modelo de desenvolvimento nacional-colonial, que se referenciava ao merca<strong>do</strong> interno protegi<strong>do</strong> e<br />

que desenvolvia a sua expansão através <strong>do</strong> aumento <strong>da</strong> densi<strong>da</strong>de <strong>do</strong> sistema económico (reforçan<strong>do</strong> as<br />

ligações entre sectores de mo<strong>do</strong> a estruturar uma economia completa, com representação de to<strong>do</strong>s os<br />

sectores primários, secundários e terciários, ain<strong>da</strong> que na pequena escala ajusta<strong>da</strong> à dimensão dessa<br />

economia nacional) e através <strong>do</strong> desenvolvimento <strong>do</strong>s merca<strong>do</strong>s coloniais protegi<strong>do</strong>s (com uma <strong>do</strong>tação<br />

importante de matérias-primas que viriam <strong>da</strong>s colónias para a metrópole, e com um forte potencial de<br />

articulação estratégia entre as duas margens <strong>do</strong> Atlântico Sul), torna-se irreversível com a descolonização e<br />

as nacionalizações.<br />

Por um la<strong>do</strong>, as redes empresariais desfazem-se com as nacionalizações, na medi<strong>da</strong> em que deixam de<br />

poder operar os centros de racionalização que antes estruturavam e coordenavam estes conglomera<strong>do</strong>s.<br />

Por outro la<strong>do</strong>, as activi<strong>da</strong>des económicas que tinham a sua viabili<strong>da</strong>de dependente <strong>da</strong> continui<strong>da</strong>de destas<br />

relações não tinham condições de a<strong>da</strong>ptação e de conversão quan<strong>do</strong> essa configuração económica se<br />

desagrega num perío<strong>do</strong> muito curto.<br />

O que se alterou, porém, não se limitou às relações de proprie<strong>da</strong>de (com as nacionalizações) e aos espaços<br />

de expansão (com a descolonização). Também se alterou o padrão de referenciação estratégico, na medi<strong>da</strong><br />

em que o processo de convergência com as economias mais desenvolvi<strong>da</strong>s, que tivera bons resulta<strong>do</strong>s<br />

durante a déca<strong>da</strong> de 1960, não podia ter continui<strong>da</strong>de. Sem a extensão colonial, o merca<strong>do</strong> <strong>do</strong>méstico é<br />

demasia<strong>do</strong> pequeno e o modelo de desenvolvimento basea<strong>do</strong> na economia nacional não tem potencial<br />

suficiente para sustentar um processo de desenvolvimento depois <strong>do</strong>s efeitos <strong>da</strong> crise <strong>do</strong> petróleo que<br />

ocorreu no último trimestre de 1973 (e teve uma “réplica” em 1980). As altas taxas de crescimento <strong>da</strong><br />

déca<strong>da</strong> anterior foram obti<strong>da</strong>s por um modelo de desenvolvimento e num contexto estratégico que já não<br />

existem, nem voltarão a existir.<br />

50<br />

O <strong>Hypercluster</strong> <strong>da</strong> <strong>Economia</strong> <strong>do</strong> <strong>Mar</strong><br />

Relatório Final | 17.Fevereiro.2009

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