16.03.2013 Views

O Hypercluster da Economia do Mar.

O Hypercluster da Economia do Mar.

O Hypercluster da Economia do Mar.

SHOW MORE
SHOW LESS

You also want an ePaper? Increase the reach of your titles

YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.

Cenário de degra<strong>da</strong>ção consistente<br />

O factor gera<strong>do</strong>r deste terceiro quadro de possibili<strong>da</strong>des foi a inadequação <strong>da</strong> leitura estratégica <strong>da</strong>s condições em que opera a economia e a<br />

socie<strong>da</strong>de portuguesa, geran<strong>do</strong> a incongruência entre o que se decide e o que se realiza, de que decorrem sucessivos desequilíbrios que se<br />

acumulam. Mais <strong>do</strong> que um contexto de crise económica e social, o que se verificou foi uma manifestação generaliza<strong>da</strong> de crise de orientação,<br />

onde as decisões produziram consequências não deseja<strong>da</strong>s. Uma crise económica ou uma crise social que se revelam dentro de um<br />

referencial de orientação estável e adequa<strong>do</strong> para interpretar o que provoca os desequilíbrios dessas crises são contextos que têm explicação<br />

e resolução dentro desse mesmo referencial. Há uma estrutura de base e a resolução dessas crises é constituí<strong>da</strong> pelo retorno a essa estrutura<br />

ou pela sua reconstrução. É diferente o caso de uma crise económica ou social que se desenvolve num enquadramento de crise de orientação,<br />

na medi<strong>da</strong> em que o referencial de orientação utiliza<strong>do</strong> não oferece a resolução <strong>da</strong> crise, antes a amplifica porque não é o modelo adequa<strong>do</strong><br />

para a interpretação <strong>do</strong>s factores que estão a produzir essa crise.<br />

Porque não foram devi<strong>da</strong>mente interpreta<strong>da</strong>s as consequências <strong>da</strong> mu<strong>da</strong>nça <strong>do</strong> padrão de modernização e <strong>do</strong> padrão demográfico, porque<br />

não se aproveitaram as oportuni<strong>da</strong>des abertas com os fun<strong>do</strong>s comunitários e com os benefícios <strong>da</strong> integração <strong>do</strong> sistema <strong>da</strong> moe<strong>da</strong> única<br />

europeia, a socie<strong>da</strong>de, a economia e os responsáveis políticos em Portugal usaram um sistema de referenciação e de orientação que acentuou<br />

os desajustamentos em vez de os compensar. Num quadro de possibili<strong>da</strong>des deste tipo, a acumulação <strong>do</strong>s equívocos tornou-se ain<strong>da</strong> mais<br />

relevante <strong>do</strong> que a acumulação <strong>do</strong>s desequilíbrios, no senti<strong>do</strong> em que estes não ocorreram naturalmente, foram induzi<strong>do</strong>s por esses equívocos<br />

e seu agravamento acentuou-se enquanto não se estabeleceu um novo modelo referencia<strong>do</strong>r adequa<strong>do</strong> para interpretar as relações e para<br />

racionalizar as decisões no padrão de modernização <strong>da</strong> globalização competitiva e no padrão demográfico de envelhecimento.<br />

O quadro de possibili<strong>da</strong>des <strong>da</strong> degra<strong>da</strong>ção consistente resultou de uma combinação para<strong>do</strong>xal, contraditória, entre um vector consistente,<br />

internamente lógico, e um vector de degra<strong>da</strong>ção, que revelava a sua impossibili<strong>da</strong>de a prazo. Por um la<strong>do</strong>, os indica<strong>do</strong>res <strong>do</strong> definhamento<br />

mostravam como um erro de referenciação sistemático, uma leitura erra<strong>da</strong> <strong>do</strong> quadro de possibili<strong>da</strong>des, gerava uma consistência interna que<br />

não podia ser interrompi<strong>da</strong> porque os diversos agentes e centros de racionalização utilizam referenciais de orientação inadequa<strong>do</strong>s (não<br />

consideran<strong>do</strong> as mu<strong>da</strong>nças entretanto ocorri<strong>da</strong>s nas condições estratégicas de funcionamento <strong>da</strong> economia e <strong>da</strong> socie<strong>da</strong>de) ou corrompi<strong>do</strong>s<br />

(onde as relações entre as variáveis eram distorci<strong>da</strong>s porque se estipulavam pressupostos que não encontravam confirmação), para assim<br />

satisfazerem os seus desejos e as suas aspirações, mas sem conseguirem obter a adequação à reali<strong>da</strong>de. Por outro la<strong>do</strong>, esta consistência<br />

interna não podia manter-se no médio e longo prazo porque continuava o efeito de degra<strong>da</strong>ção, provoca<strong>do</strong> pela acumulação de desequilíbrios<br />

entre o deseja<strong>do</strong> e o realiza<strong>do</strong>. Esta tendência de desagregação foi alimenta<strong>da</strong> pelos condicionamentos cria<strong>do</strong>s com a interacção de diversos<br />

fluxos de endivi<strong>da</strong>mento, ca<strong>da</strong> um <strong>do</strong>s quais teve uma fonte diferente, por vezes independentes na sua origem, mas que se interrelacionaram<br />

até gerarem um novo tipo de consistência, agora na forma <strong>da</strong> consistência na degra<strong>da</strong>ção.<br />

Foram estas duas consistências articula<strong>da</strong>s que desenharam a trajectória que conduziu a um ponto de ruptura, que assim apareceu como a<br />

condição necessária, inexorável, para que se abrisse uma oportuni<strong>da</strong>de de regeneração. A combinação destas duas consistências, a <strong>do</strong> erro<br />

de leitura estratégica e a <strong>da</strong> degra<strong>da</strong>ção, é para<strong>do</strong>xal e contraditória, mas também é um processo natural. O erro na rota implica um desvio em<br />

relação ao objectivo. Mas a insistência na manutenção <strong>da</strong> mesma rota aumentará o desvio em relação ao objectivo até que se torna impossível<br />

atingi-lo. Quan<strong>do</strong> esta impossibili<strong>da</strong>de se torna socialmente evidente mas não é reconheci<strong>da</strong> pelos responsáveis, a solução <strong>do</strong> para<strong>do</strong>xo e <strong>da</strong><br />

contradição virá de um ponto de ruptura, de uma súbita descontinui<strong>da</strong>de, que abra a oportuni<strong>da</strong>de para um novo modelo de leitura e para uma<br />

nova consistência, mas agora numa trajectória de recuperação. A naturali<strong>da</strong>de deste processo pode ver-se acompanhan<strong>do</strong> a evolução de três<br />

fluxos de endivi<strong>da</strong>mento, ca<strong>da</strong> um deles sinalizan<strong>do</strong> a distância entre o objectivo pressuposto e o objectivo atingi<strong>do</strong>.<br />

O <strong>Hypercluster</strong> <strong>da</strong> <strong>Economia</strong> <strong>do</strong> <strong>Mar</strong><br />

Relatório Final | 17.Fevereiro.2009<br />

79

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!