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O Hypercluster da Economia do Mar.

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Cenário de afirmação estratégica<br />

O quadro de possibili<strong>da</strong>des <strong>da</strong> afirmação estratégica é o que contém a reinvenção de Portugal e a refun<strong>da</strong>ção <strong>da</strong>s suas orientações<br />

estratégicas. Depois <strong>da</strong>s dificul<strong>da</strong>des <strong>da</strong> primeira metade <strong>da</strong> primeira déca<strong>da</strong> <strong>do</strong> século XXI, que consumaram e acentuaram as indicações<br />

negativas acumula<strong>da</strong>s durante a última déca<strong>da</strong> <strong>do</strong> século XX, a concretização deste quadro de possibili<strong>da</strong>des pressupõe que foi possível<br />

identificar os factores que produziam a acumulação de desequilíbrios e iniciar a rota <strong>da</strong> transformação sem ter de passar pela fase destrutiva<br />

<strong>da</strong> ruptura. A participação no sistema de moe<strong>da</strong> única europeia (que assegurou a defesa contra especulações cambiais e manteve a taxa de<br />

juro baixa, limitan<strong>do</strong> o custo <strong>do</strong>s desequilíbrios financeiros) e o efeito positivo <strong>da</strong> integração europeia (tanto em termos de acesso a meios<br />

financeiros e a transferências, como em termos <strong>da</strong> função genérica de regulação que as instituições e serviços estatísticos comunitários<br />

exerceram em relação a Portugal) facilitaram a interpretação <strong>do</strong> que era a linha estratégica necessária para interromper a tendência de<br />

definhamento e para lançar as bases <strong>da</strong>s políticas de recuperação.<br />

Este processo específico de Portugal desenvolveu-se no mesmo perío<strong>do</strong> em que a Europa, no seu conjunto, realizava também a sua<br />

a<strong>da</strong>ptação estratégica às novas condições <strong>da</strong> globalização, <strong>do</strong> envelhecimento demográfico, <strong>da</strong> per<strong>da</strong> de relevância nas relações<br />

internacionais e <strong>da</strong> per<strong>da</strong> de competitivi<strong>da</strong>de em relação ao poder económico crescente <strong>da</strong>s economias emergentes <strong>da</strong> Ásia e <strong>da</strong> América<br />

Latina. Esta evolução europeia foi um contributo favorável para Portugal porque lhe ofereceu linhas de orientação que confirmavam as suas<br />

próprias escolhas internas, promoven<strong>do</strong> a formação de consensos internos que, sem essa aju<strong>da</strong> europeia, teriam exigi<strong>do</strong> um tempo de<br />

maturação mais longo, com o risco de não os obter em tempo útil para se poder evitar a ruptura.<br />

O esforço conjunto, europeu e português, de correcção <strong>do</strong>s desequilíbrios estratégicos e de recuperação de iniciativas de afirmação no<br />

quadro mundial, ofereceu o enquadramento favorável a que a estratégia portuguesa de articulação <strong>da</strong>s suas ligações com a Europa, África e<br />

Brasil ganhasse maior credibili<strong>da</strong>de e relevância, passan<strong>do</strong> a constituir um vector específico <strong>da</strong> estratégia europeia, libertan<strong>do</strong> Portugal <strong>do</strong><br />

risco de dependência e subordinação a centros de decisão espanhóis. O sucesso obti<strong>do</strong> na gestão <strong>da</strong> mu<strong>da</strong>nça, afastan<strong>do</strong>-se <strong>do</strong> ponto de<br />

ruptura e transforman<strong>do</strong> os factores que antes geravam a acumulação de desequilíbrios, justifica que se atribua a este quadro de<br />

possibili<strong>da</strong>des o estatuto de uma reinvenção <strong>do</strong> campo estratégico e de uma refun<strong>da</strong>ção <strong>do</strong>s comportamentos sociais e políticos.<br />

Na concretização deste quadro de possibili<strong>da</strong>des foi crucial o factor tempo. Por um la<strong>do</strong>, o adiamento <strong>da</strong>s medi<strong>da</strong>s de correcção <strong>do</strong>s<br />

desequilíbrios tinha o risco de já não permitir vencer o efeito de atracção exerci<strong>do</strong> pelo ponto de ruptura se a acumulação <strong>do</strong>s desequilíbrios<br />

atingisse uma dimensão que já não pudesse ser absorvi<strong>da</strong> pelos crescimentos potenciais futuros. Por outro la<strong>do</strong>, o tempo útil de intervenção<br />

correctiva também estava condiciona<strong>do</strong> pelo aumento de intensi<strong>da</strong>de de um <strong>do</strong>s principais factores de desequilíbrio, as responsabili<strong>da</strong>des<br />

com o financiamento <strong>da</strong>s políticas sociais associa<strong>da</strong>s ao envelhecimento demográfico, que acontecerá durante a segun<strong>da</strong> déca<strong>da</strong> <strong>do</strong> século<br />

XXI. A janela de oportuni<strong>da</strong>de para o quadro de possibili<strong>da</strong>des <strong>da</strong> afirmação estratégica era estreita quan<strong>do</strong> observa<strong>da</strong> na perspectiva <strong>do</strong><br />

tempo disponível.<br />

A reinvenção de Portugal, através <strong>da</strong> interpretação correcta <strong>da</strong> sua linha de orientação estratégica, teve o efeito de permitir superar a<br />

limitação tradicional <strong>do</strong> dualismo, na medi<strong>da</strong> em que permitiu articular as duas partes <strong>da</strong> socie<strong>da</strong>de, a mais moderna e a mais tradicional,<br />

numa relação de complementari<strong>da</strong>de onde os centros moderniza<strong>do</strong>s induzem comportamentos de modernização nos sectores mais<br />

tradicionais. Ten<strong>do</strong> consegui<strong>do</strong> consoli<strong>da</strong>r esta complementari<strong>da</strong>de, Portugal criou as condições para aproveitar o processo de regeneração<br />

que se desenvolveu em to<strong>da</strong> a Europa quan<strong>do</strong> também as socie<strong>da</strong>des europeias mais desenvolvi<strong>da</strong>s tiveram de reconhecer, um pouco mais<br />

tarde <strong>do</strong> que Portugal, que tinham de reinventar as suas linhas de orientação estratégica. Neste quadro de possibili<strong>da</strong>des, Portugal teve<br />

sucesso porque os seus dirigentes – políticos, empresariais, sociais e culturais – tiveram, ao mesmo tempo, visão estratégica e capaci<strong>da</strong>de<br />

de realização.<br />

O <strong>Hypercluster</strong> <strong>da</strong> <strong>Economia</strong> <strong>do</strong> <strong>Mar</strong><br />

Relatório Final | 17.Fevereiro.2009<br />

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