16.03.2013 Views

O Hypercluster da Economia do Mar.

O Hypercluster da Economia do Mar.

O Hypercluster da Economia do Mar.

SHOW MORE
SHOW LESS

Create successful ePaper yourself

Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.

Cenário 2: transformação e afirmação<br />

A concepção de cenários não é uma produção livre, é uma avaliação de possibili<strong>da</strong>des em função de um<br />

diagnóstico <strong>do</strong> que foram as trajectórias <strong>do</strong> passa<strong>do</strong> e o que são as características <strong>do</strong> presente. No caso de<br />

Portugal, esta avaliação de possibili<strong>da</strong>des identifica uma forte propensão para a continui<strong>da</strong>de, mas com a<br />

consequência de essa propensão gerar uma trajectória de definhamento que conduzirá, por pressões<br />

internas ou externas, a um ponto de ruptura, como referi<strong>do</strong>. A necessi<strong>da</strong>de de evitar esta fatali<strong>da</strong>de produz a<br />

motivação e a racionalização para se procurar um caminho alternativo. Quan<strong>do</strong> se sabe, com razoável<br />

segurança, que uma linha de tendência conduz a um ponto de ruptura, deixa de ser prudente insistir no<br />

mesmo padrão. Para ser realista, o cenário alternativo que se procura não pode ignorar o que é a propensão<br />

mais forte que se identifica no presente. Perante a evidência de que se está a evoluir para um ponto de<br />

ruptura, nem sempre a reacção <strong>da</strong>s grandes massas sociais é a mais prudente. Muitas vezes, o me<strong>do</strong> <strong>do</strong><br />

futuro coloca no primeiro plano <strong>da</strong>s atitudes colectivas a prisão no passa<strong>do</strong>, a esperança de que tu<strong>do</strong> venha<br />

a resolver-se sem ser necessário alterar o padrão estabeleci<strong>do</strong>. Neste senti<strong>do</strong>, o cenário de transformação e<br />

de afirmação aparece como a resposta estratégica à necessi<strong>da</strong>de de rejeição <strong>do</strong> cenário <strong>da</strong> continui<strong>da</strong>de e<br />

definhamento – mas saben<strong>do</strong> que essa necessi<strong>da</strong>de de rejeição começa por ser uma avaliação analítica<br />

antes de ser uma convicção colectiva.<br />

Se for apenas a rejeição <strong>do</strong> indeseja<strong>do</strong>, porém, o cenário alternativo ain<strong>da</strong> será uma construção voluntarista,<br />

ain<strong>da</strong> que justifica<strong>da</strong> pela percepção negativa <strong>do</strong> que se anuncia na linha de tendência <strong>da</strong> continui<strong>da</strong>de. Do<br />

ponto de vista <strong>da</strong> capaci<strong>da</strong>de de concretização, um cenário alternativo que seja concebi<strong>do</strong> apenas como<br />

rejeição <strong>do</strong> que existe ou <strong>do</strong> que se anuncia é tão ilusório como qualquer construção que se baseie em<br />

pressupostos favoráveis que não sejam confirma<strong>do</strong>s nas observações <strong>da</strong> reali<strong>da</strong>de. Para ter senti<strong>do</strong><br />

estratégico e eficácia, será necessário que a rejeição seja estrutura<strong>da</strong> por uma interpretação <strong>do</strong> que está a<br />

produzir aquilo que se rejeita, de mo<strong>do</strong> a configurar uma reali<strong>da</strong>de alternativa, estabelecen<strong>do</strong> as condições<br />

em que esta se poderá concretizar. Esse senti<strong>do</strong> estratégico não se limita à identificação <strong>do</strong> caminho mais<br />

adequa<strong>do</strong> para se atingir o objectivo deseja<strong>do</strong>, também tem de considerar a resistência de to<strong>do</strong>s os que<br />

consideram que os seus interesses estão associa<strong>do</strong>s à continui<strong>da</strong>de <strong>da</strong> tendência estabeleci<strong>da</strong>, preferin<strong>do</strong><br />

defendê-la mesmo que reconheçam que ela conduz a um ponto de impossibili<strong>da</strong>de.<br />

Na avaliação <strong>do</strong> que tem si<strong>do</strong> a evolução <strong>da</strong> socie<strong>da</strong>de portuguesa, a quali<strong>da</strong>de <strong>da</strong> direcção política e a<br />

operacionali<strong>da</strong>de <strong>do</strong>s dispositivos de regulação aparecem como os factores críticos para explicar a geração<br />

e amplificação <strong>do</strong>s desequilíbrios. Se forem considera<strong>do</strong>s apenas os factos e ignora<strong>da</strong>s as declarações, os<br />

responsáveis políticos e as elites culturais portuguesas têm opera<strong>do</strong> como se não houvesse interrelação<br />

entre as variáveis que manipulam, mostran<strong>do</strong>-se insensíveis aos efeitos perversos <strong>da</strong>s suas decisões, ca<strong>da</strong><br />

uma delas apresenta<strong>da</strong> como sen<strong>do</strong> orienta<strong>da</strong> pelas melhores intenções. Se forem considera<strong>da</strong>s apenas as<br />

O <strong>Hypercluster</strong> <strong>da</strong> <strong>Economia</strong> <strong>do</strong> <strong>Mar</strong><br />

Relatório Final | 17.Fevereiro.2009<br />

67

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!