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O Hypercluster da Economia do Mar.

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comportamentos sociais de fraude e de evasão fiscal que se generalizam e por degra<strong>da</strong>ção <strong>da</strong> quali<strong>da</strong>de e<br />

<strong>da</strong> eficiência <strong>do</strong>s diversos serviços <strong>da</strong> Administração Pública. Por outro la<strong>do</strong>, há excesso de despesas<br />

porque se torna necessário responder a ameaças de tensões ou de rupturas nas dinâmicas sociais, porque<br />

a alternância no poder <strong>do</strong>s aparelhos políticos renova promessas e compromissos, porque a pressão<br />

continua<strong>da</strong> <strong>do</strong>s corporativismos gera dinâmicas de escala<strong>da</strong> comparativa de benefícios e privilégios.<br />

Periodicamente, há tentativas de correcção destes desequilíbrios orçamentais, mas as expectativas sociais,<br />

por um la<strong>do</strong>, e as pressões embuti<strong>da</strong>s nos desequilíbrios demográficos e nos mo<strong>do</strong>s de financiamento <strong>da</strong>s<br />

políticas públicas de âmbito social reabrem inexoravelmente o mesmo padrão de desequilíbrios.<br />

Não conseguin<strong>do</strong> ser agente de correcção e de regulação, o Esta<strong>do</strong> em Portugal também não consegue ser<br />

agente de modernização. É neste cenário de continui<strong>da</strong>de e definhamento que se encontra o efeito<br />

retar<strong>da</strong><strong>do</strong> <strong>da</strong>s sucessivas intervenções <strong>do</strong> Esta<strong>do</strong> ao longo <strong>da</strong>s últimas quatro déca<strong>da</strong>s, que destruiu ou<br />

fragilizou os centros de racionalização na economia e na socie<strong>da</strong>de em nome <strong>do</strong> controlo pela instância<br />

política, para depois se verificar que é o Esta<strong>do</strong> que, afinal, não conseguiu organizar os quadros<br />

institucionais e os meios instrumentais para exercer as funções que concentrou. Em si mesmo, o cenário de<br />

continui<strong>da</strong>de e definhamento não é uma surpresa, é o comentário crítico que a reali<strong>da</strong>de estabelece em<br />

relação ao que foram concepções defendi<strong>da</strong>s no passa<strong>do</strong> e que o presente revela na sua inviabili<strong>da</strong>de e<br />

insustentabili<strong>da</strong>de. Não sen<strong>do</strong> uma surpresa, nem por isso se poderá concluir que a continui<strong>da</strong>de e o<br />

definhamento serão interrompi<strong>do</strong>s, porque os factores que produziram a continui<strong>da</strong>de e o definhamento<br />

poderão continuar a ser mais fortes <strong>do</strong> que os factores de mu<strong>da</strong>nça e de inovação. De facto, a tendência<br />

mais provável num cenário onde a continui<strong>da</strong>de gera o definhamento é que este seja um factor adicional de<br />

continui<strong>da</strong>de, num círculo vicioso que será operante até se chegar a um ponto de ruptura.<br />

A trajectória estabeleci<strong>da</strong> neste cenário faz reaparecer a característica estrutural <strong>da</strong> socie<strong>da</strong>de portuguesa<br />

como socie<strong>da</strong>de dualista, mas com um processo de agravamento <strong>da</strong>s desigual<strong>da</strong>des que é alimenta<strong>do</strong> pela<br />

diferenciação de possibili<strong>da</strong>des em relação à dinâmica de modernização. Mais <strong>do</strong> que uma duali<strong>da</strong>de de<br />

rendimentos, estará a acentuar-se a duali<strong>da</strong>de de oportuni<strong>da</strong>des, separan<strong>do</strong> a componente maioritária <strong>da</strong><br />

socie<strong>da</strong>de que fica presa no tradicionalismo de pequenos segmentos de grupos sociais integra<strong>do</strong>s na<br />

dinâmica <strong>da</strong> modernização mas que se desligam <strong>do</strong> resto <strong>da</strong> socie<strong>da</strong>de. A componente maioritária <strong>da</strong><br />

socie<strong>da</strong>de refugia-se na tradição porque não consegue encontrar plataformas de viabili<strong>da</strong>de na<br />

modernização. Mas os segmentos sociais integra<strong>do</strong>s em funções de modernização têm de se separar <strong>da</strong><br />

parte maioritária tradicional para defenderem a viabili<strong>da</strong>de <strong>da</strong>s suas activi<strong>da</strong>des. É uma estrutura dualista<br />

com um forte potencial de conflituali<strong>da</strong>de, porque as ilhas e arquipélagos de modernização não terão<br />

coexistência estável com a massa social presa nas relações tradicionais.<br />

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O <strong>Hypercluster</strong> <strong>da</strong> <strong>Economia</strong> <strong>do</strong> <strong>Mar</strong><br />

Relatório Final | 17.Fevereiro.2009

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