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Desde a Monarquia ate a Anarquia

Mais do que todas, uma hedionda figura tornou-se tão familiar como se existisse desde o início dos tempos, uma afiada figura de gênero feminino chamada La Guillotine. Era o tema popular dos gracejos; indicada como o melhor tratamento para dor de cabeça ou como a melhor forma de evitar cabelos brancos, imprimia uma peculiar delicadeza à compleição física, era a Navalha Nacional que proporcionava um corte de barba mais rente; aqueles que beijavam La Guillotine espiavam pela janelinha e espirravam no saco. Era o sinal da regeneração da raça humana. Suplantava a cruz. Miniaturas dela eram exibidas sobre os seios de onde o crucifixo fora descartado, era objeto de veneração e crença quando a cruz era negada. Decepou cabeças tantas que se tingiu, e ao chão que poluiu tanto, de um vermelho pútrido. Foi desmontada, como um simples brinquedo, um quebracabeça de algum demônio infante, e foi novamente montada quando a ocasião exigiu.

Mais do que todas, uma hedionda figura tornou-se tão familiar como se existisse desde o início dos tempos, uma afiada figura de gênero feminino chamada La Guillotine. Era o tema popular dos gracejos; indicada como o melhor tratamento para dor de cabeça ou como a melhor forma de evitar cabelos brancos, imprimia uma peculiar delicadeza à compleição física, era a Navalha Nacional que proporcionava um corte de barba mais rente; aqueles que beijavam La Guillotine espiavam pela janelinha e espirravam no saco. Era o sinal da regeneração da raça humana. Suplantava a cruz. Miniaturas dela eram exibidas sobre os seios de onde o crucifixo fora descartado, era objeto de veneração e crença quando a cruz era negada. Decepou cabeças tantas que se tingiu, e ao chão que poluiu tanto, de um vermelho pútrido. Foi desmontada, como um simples brinquedo, um quebracabeça de algum demônio infante, e foi novamente montada quando a ocasião exigiu.

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Da <strong>Monarquia</strong> à <strong>Anarquia</strong><br />

interdito, separando-o de toda a sociedade humana; e no entanto era ele chamado em<br />

linguagem respeitosa, e recebido perante a mais augusta assembléia do mundo. O papa<br />

condenara-o ao silêncio perpétuo, e agora estava ele prestes a falar perante milhares de<br />

ouvintes <strong>ate</strong>ntos, reunidos das mais longínquas partes da cristandade. Imensa revolução<br />

assim se efetuara por intermédio de Lutero. Roma descia já do trono, e era a voz de um<br />

monge que determinava esta humilhação.” -D’Aubigné.<br />

Na presença daquela poderosa assembléia de titulares, o reformador de humilde<br />

nascimento parecia intimidado e embaraçado. Vários dos príncipes, observando sua<br />

emoção, aproximaram-se dele, e um lhe segredou: “Não temais os que matam o corpo,<br />

mas não podem matar a alma.” Outro disse: “Quando fordes levados perante os<br />

governadores e reis por Minha causa, ser-vos-á ministrado, pelo Espírito de vosso Pai, o<br />

que devereis dizer.” Assim, as palavras de Cristo foram empregadas pelos grandes<br />

homens do mundo para fortalecerem Seu servo na hora de prova.<br />

Lutero foi conduzido a um lugar bem em frente do trono do imperador. Profundo<br />

silêncio caiu sobre a assembléia ali congregada. Então um oficial imperial se levantou e,<br />

apontando para uma coleção dos escritos de Lutero, pediu que o reformador respondesse<br />

a duas perguntas: Se ele os reconhecia como seus, e se se dispunha a retratar-se das<br />

opiniões que neles emitira. Lidos os títulos dos livros, Lutero respondeu, quanto à<br />

primeira pergunta, que reconhecia serem seus os livros. “Quanto à segunda”, disse ele,<br />

“visto ser uma questão que respeita à fé e à salvação das almas, e que interessa à Palavra<br />

de Deus, o maior e mais precioso tesouro quer no Céu quer na Terra, eu agiria<br />

imprudentemente se respondesse sem reflexão. Poderia afirmar menos do que as<br />

circunstâncias exigem, ou mais do que a verdade requer, e desta maneira, pecar contra<br />

estas palavras de Cristo: ‘Qualquer que Me negar diante dos homens, Eu o negarei<br />

também diante de Meu Pai, que está nos Céus.’ M<strong>ate</strong>us 10:33. Por esta razão, com toda a<br />

humildade, rogo a vossa majestade imperial conceder-me tempo para que eu possa<br />

responder sem ofensa à Palavra de Deus.” -D’Aubigné.<br />

Fazendo este pedido, Lutero agiu prudentemente. Sua conduta convenceu a<br />

assembléia de que não agia por paixão ou impulso. Semelhante calma e domínio próprio,<br />

inesperados em quem se mostrara audaz e intransigente, aumentaram-lhe o poder,<br />

habilitando-o mais tarde a responder com uma prudência, decisão, sabedoria e dignidade<br />

que surpreendiam e decepcionavam seus adversários, repreendendo-lhes a insolência e<br />

orgulho. No dia seguinte deveria ele comparecer para dar sua resposta final. Durante<br />

algum tempo seu coração se ab<strong>ate</strong>u, ao contemplar as forças que estavam combinadas<br />

contra a verdade. Vacilou-lhe a fé; temor e tremor lhe sobrevieram, e oprimiu-o o terror.<br />

Multiplicavamse diante dele os perigos; seus inimigos pareciam a ponto de triunfar, e os<br />

poderes das trevas, de prevalecer. Nuvens juntavam-se em redor dele, e pareciam separálo<br />

de Deus. Ansiava pela certeza de que o Senhor dos exércitos estaria com ele. Em

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