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Desde a Monarquia ate a Anarquia

Mais do que todas, uma hedionda figura tornou-se tão familiar como se existisse desde o início dos tempos, uma afiada figura de gênero feminino chamada La Guillotine. Era o tema popular dos gracejos; indicada como o melhor tratamento para dor de cabeça ou como a melhor forma de evitar cabelos brancos, imprimia uma peculiar delicadeza à compleição física, era a Navalha Nacional que proporcionava um corte de barba mais rente; aqueles que beijavam La Guillotine espiavam pela janelinha e espirravam no saco. Era o sinal da regeneração da raça humana. Suplantava a cruz. Miniaturas dela eram exibidas sobre os seios de onde o crucifixo fora descartado, era objeto de veneração e crença quando a cruz era negada. Decepou cabeças tantas que se tingiu, e ao chão que poluiu tanto, de um vermelho pútrido. Foi desmontada, como um simples brinquedo, um quebracabeça de algum demônio infante, e foi novamente montada quando a ocasião exigiu.

Mais do que todas, uma hedionda figura tornou-se tão familiar como se existisse desde o início dos tempos, uma afiada figura de gênero feminino chamada La Guillotine. Era o tema popular dos gracejos; indicada como o melhor tratamento para dor de cabeça ou como a melhor forma de evitar cabelos brancos, imprimia uma peculiar delicadeza à compleição física, era a Navalha Nacional que proporcionava um corte de barba mais rente; aqueles que beijavam La Guillotine espiavam pela janelinha e espirravam no saco. Era o sinal da regeneração da raça humana. Suplantava a cruz. Miniaturas dela eram exibidas sobre os seios de onde o crucifixo fora descartado, era objeto de veneração e crença quando a cruz era negada. Decepou cabeças tantas que se tingiu, e ao chão que poluiu tanto, de um vermelho pútrido. Foi desmontada, como um simples brinquedo, um quebracabeça de algum demônio infante, e foi novamente montada quando a ocasião exigiu.

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Da <strong>Monarquia</strong> à <strong>Anarquia</strong><br />

Capitulo 14 - Progressos na Ingl<strong>ate</strong>rra<br />

Enquanto Lutero abria ao povo da Alemanha a Bíblia, que até então estivera fechada,<br />

Tyndale era impelido pelo Espírito de Deus a fazer o mesmo pela Ingl<strong>ate</strong>rra. A Bíblia de<br />

Wycliffe fora traduzida do texto latino, que continha muitos erros. Nunca havia sido<br />

impressa, e tão elevado era o custo dos exemplares manuscritos, que, a não ser homens<br />

abastados ou nobres, poucos poderiam adquiri-los; demais, sendo estritamente proscrita<br />

pela igreja, tivera divulgação relativamente acanhada. Em 1516, um ano antes do<br />

aparecimento das teses de Lutero, Erasmo publicara sua versão grega e latina do Novo<br />

Testamento. Agora, pela primeira vez, a Palavra de Deus era impressa na língua original.<br />

Nesta obra muitos erros das versões anteriores foram corrigidos, dando-se mais clareza<br />

ao sentido. Levou muitos dentre as classes cultas a melhor conhecimento da verdade, e<br />

deu novo impulso à obra da Reforma. Mas o povo comum ainda estava, em grande parte,<br />

privado da Palavra de Deus. Tyndale deveria completar a obra de Wycliffe, dando a<br />

Bíblia a seus compatriotas.<br />

Como estudante diligente e ardoroso investigador da verdade, recebeu o evangelho do<br />

Testamento grego de Erasmo. Destemidamente pregou suas convicções, insistindo em<br />

que toda a doutrina fosse provada pelas Escrituras. À pretensão romanista de que a igreja<br />

dera a Bíblia, e de que somente ela a poderia explicar, respondeu Tyndale: “Sabeis quem<br />

ensinou as águias a encontrar a presa? Pois bem, esse mesmo Deus ensina Seus filhos<br />

famintos a encontrar o Pai em Sua Palavra. Longe de nos haverdes dado as Escrituras,<br />

sois vós que a tendes escondido de nós; sois vós que queimais os que as ensinam e, se<br />

pudésseis, queimaríeis as Escrituras mesmas.” -D’Aubigné.<br />

A pregação de Tyndale despertou grande interesse; muitos aceitaram a verdade. Mas<br />

os padres estavam alerta, e mal ele deixara o campo, esforçaram-se por destruir-lhe a obra<br />

por meio de ameaças e difamações. Muitas vezes eram bem-sucedidos nisso. “Que se<br />

deve fazer?” exclamava ele. “Enquanto semeio num lugar, o inimigo devasta o campo<br />

que acabo de deixar. Não posso estar em toda parte. Oh! se os cristãos possuíssem as<br />

Escrituras Sagradas em sua própria língua, poderiam por si mesmos resistir a esses<br />

sofismas. Sem a Bíblia é impossível firmar o leigo na verdade.” -D’Aubigné.<br />

Novo propósito toma então posse de seu espírito. “Era na língua de Israel”, disse ele,<br />

“que se cantavam os salmos no templo de Jeová; e não falará o evangelho a língua da<br />

Ingl<strong>ate</strong>rra entre nós? ... Deve a igreja ter menos luz ao meio-dia do que à aurora? Os<br />

cristãos devem ler o Novo Testamento em sua língua m<strong>ate</strong>rna.” Os doutores e<br />

ensinadores da igreja discordavam entre si. Apenas pela Bíblia poderiam os homens<br />

chegar à verdade. “Um adota este doutor, outro aquele. ... Ora, cada um destes autores<br />

contradiz o outro. Como, pois, podemos nós distinguir quem fala certo de quem fala<br />

errado? ... Como? ... Em verdade pela Palavra de Deus.” -D’Aubigné.

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