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Desde a Monarquia ate a Anarquia

Mais do que todas, uma hedionda figura tornou-se tão familiar como se existisse desde o início dos tempos, uma afiada figura de gênero feminino chamada La Guillotine. Era o tema popular dos gracejos; indicada como o melhor tratamento para dor de cabeça ou como a melhor forma de evitar cabelos brancos, imprimia uma peculiar delicadeza à compleição física, era a Navalha Nacional que proporcionava um corte de barba mais rente; aqueles que beijavam La Guillotine espiavam pela janelinha e espirravam no saco. Era o sinal da regeneração da raça humana. Suplantava a cruz. Miniaturas dela eram exibidas sobre os seios de onde o crucifixo fora descartado, era objeto de veneração e crença quando a cruz era negada. Decepou cabeças tantas que se tingiu, e ao chão que poluiu tanto, de um vermelho pútrido. Foi desmontada, como um simples brinquedo, um quebracabeça de algum demônio infante, e foi novamente montada quando a ocasião exigiu.

Mais do que todas, uma hedionda figura tornou-se tão familiar como se existisse desde o início dos tempos, uma afiada figura de gênero feminino chamada La Guillotine. Era o tema popular dos gracejos; indicada como o melhor tratamento para dor de cabeça ou como a melhor forma de evitar cabelos brancos, imprimia uma peculiar delicadeza à compleição física, era a Navalha Nacional que proporcionava um corte de barba mais rente; aqueles que beijavam La Guillotine espiavam pela janelinha e espirravam no saco. Era o sinal da regeneração da raça humana. Suplantava a cruz. Miniaturas dela eram exibidas sobre os seios de onde o crucifixo fora descartado, era objeto de veneração e crença quando a cruz era negada. Decepou cabeças tantas que se tingiu, e ao chão que poluiu tanto, de um vermelho pútrido. Foi desmontada, como um simples brinquedo, um quebracabeça de algum demônio infante, e foi novamente montada quando a ocasião exigiu.

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Da <strong>Monarquia</strong> à <strong>Anarquia</strong><br />

particulares, respondeu o filho mais moço: “Pomo-nos de joelhos, e oramos para que<br />

Deus nos ilumine a mente e perdoe os pecados; oramos pelo nosso soberano, para que seu<br />

reino seja próspero e sua vida feliz; oramos pelos nossos magistrados, para que Deus os<br />

guarde.” -Wylie. Alguns dos juízes ficaram profundamente comovidos; no entanto, o pai<br />

e um dos filhos foram condenados à fogueira.<br />

A cólera dos perseguidores igualava-se à fé que tinham os mártires. Não somente<br />

homens, mas delicadas senhoras e moças ostentavam coragem inflexível. “Esposas<br />

tomavam lugar junto aos suplícios de seus maridos e, enquanto estes suportavam o fogo,<br />

elas balbuciavam palavras de consolação, ou cantavam salmos para animá-los.” “Jovens<br />

se deitavam vivas nas sepulturas, como se estivessem a entrar em seu quarto para o sono<br />

noturno; ou saíam para o cadafalso e para a fogueira, trajando seus melhores vestidos,<br />

como se fossem para o casamento.” -Wylie.<br />

Como nos dias em que o paganismo procurou destruir o evangelho, o sangue dos<br />

cristãos era semente. (Ver a Apologia, de Tertuliano.) A perseguição servia para<br />

aumentar o número das testemunhas da verdade. Ano após ano o monarca, despeitado até<br />

à loucura pela resolução invencível do povo, persistia na obra cruel, mas em vão. Sob o<br />

nobre Guilherme de Orange, a Revolução trouxe finalmente à Holanda liberdade de culto<br />

a Deus. Nas montanhas de Piemonte, nas planícies da França e praias da Holanda, o<br />

progresso do evangelho foi assinalado com o sangue de seus discípulos. Mas nos países<br />

do norte encontrou pacífica entrada. Estudantes em Wittenberg, voltando para casa,<br />

levaram a fé reformada para a Escandinávia. A publicação dos escritos de Lutero também<br />

propagou a luz. O povo simples e robusto do norte, deixou a corrupção, a pompa e as<br />

superstições de Roma, para acolher a pureza, a simplicidade e as verdades vitais da<br />

Bíblia.<br />

Tausen, o “Reformador da Dinamarca”, era filho de camponês. <strong>Desde</strong> a infância deu<br />

mostras de vigoroso intelecto; tinha sede de saber; mas este desejo lhe foi negado pelas<br />

circunstâncias em que seus pais se achavam, e entrou para o claustro. Ali, sua pureza de<br />

vida bem como diligência e fidelidade, conquistaram a benevolência de seu superior. O<br />

exame demonstrou possuir talento que prometia em algum futuro bons serviços à igreja.<br />

Foi decidido dar-lhe educação em uma das universidades da Alemanha ou dos Países<br />

Baixos. Concedeu-se ao jovem estudante permissão para escolher por si mesmo uma<br />

escola, com a condição de que não fosse a de Wittenberg. Não convinha expor o<br />

educando ao veneno da heresia. Assim pensaram os frades.<br />

Tausen foi para Colônia, que era então, como hoje, um dos baluartes do romanismo.<br />

Ali logo se desgostou com o misticismo dos escolásticos. Aproximadamente por esse<br />

mesmo tempo obteve os escritos de Lutero. Leu-os com admiração e deleite, desejando<br />

grandemente o privilégio de receber instrução pessoal do reformador. Mas para fazer

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