21.04.2023 Views

Desde a Monarquia ate a Anarquia

Mais do que todas, uma hedionda figura tornou-se tão familiar como se existisse desde o início dos tempos, uma afiada figura de gênero feminino chamada La Guillotine. Era o tema popular dos gracejos; indicada como o melhor tratamento para dor de cabeça ou como a melhor forma de evitar cabelos brancos, imprimia uma peculiar delicadeza à compleição física, era a Navalha Nacional que proporcionava um corte de barba mais rente; aqueles que beijavam La Guillotine espiavam pela janelinha e espirravam no saco. Era o sinal da regeneração da raça humana. Suplantava a cruz. Miniaturas dela eram exibidas sobre os seios de onde o crucifixo fora descartado, era objeto de veneração e crença quando a cruz era negada. Decepou cabeças tantas que se tingiu, e ao chão que poluiu tanto, de um vermelho pútrido. Foi desmontada, como um simples brinquedo, um quebracabeça de algum demônio infante, e foi novamente montada quando a ocasião exigiu.

Mais do que todas, uma hedionda figura tornou-se tão familiar como se existisse desde o início dos tempos, uma afiada figura de gênero feminino chamada La Guillotine. Era o tema popular dos gracejos; indicada como o melhor tratamento para dor de cabeça ou como a melhor forma de evitar cabelos brancos, imprimia uma peculiar delicadeza à compleição física, era a Navalha Nacional que proporcionava um corte de barba mais rente; aqueles que beijavam La Guillotine espiavam pela janelinha e espirravam no saco. Era o sinal da regeneração da raça humana. Suplantava a cruz. Miniaturas dela eram exibidas sobre os seios de onde o crucifixo fora descartado, era objeto de veneração e crença quando a cruz era negada. Decepou cabeças tantas que se tingiu, e ao chão que poluiu tanto, de um vermelho pútrido. Foi desmontada, como um simples brinquedo, um quebracabeça de algum demônio infante, e foi novamente montada quando a ocasião exigiu.

SHOW MORE
SHOW LESS

Create successful ePaper yourself

Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.

Da <strong>Monarquia</strong> à <strong>Anarquia</strong><br />

Os pais, ternos e afetuosos como eram, tão sabiamente amavam os filhos que não<br />

permitiam que se habituassem à condescendência própria. Esboçava-se diante deles uma<br />

vida de provações e agruras, talvez a morte de mártir. Eram ensinados desde a infância a<br />

suportar rudezas, a sujeitar-se ao domínio, e contudo a pensar e agir por si mesmos.<br />

Muito cedo eram ensinados a encarar responsabilidades, a serem precavidos no falar e a<br />

compreenderem a sabedoria do silêncio. Uma palavra indiscreta que deixassem cair no<br />

ouvido dos inimigos, poderia pôr em perigo não somente a vida do que falava, mas a de<br />

centenas de seus irmãos; pois,semelhantes a lobos à caça da presa, os inimigos da<br />

verdade perseguiam os que ousavam reclamar liberdade para a fé religiosa.<br />

Os valdenses haviam sacrificado a prosperidade temporal por amor à verdade, e com<br />

paciência perseverante labutavam para ganhar o pão. Cada recanto de terra cultivável<br />

entre as montanhas era cuidadosamente aproveitado; fazia-se com que os vales e as<br />

encostas menos férteis das colinas também produzissem. A economia e a severa renúncia<br />

de si próprio formavam parte da educação que os filhos recebiam como seu único legado.<br />

Ensinava-se-lhes que Deus determinara fosse a vida uma disciplina e que suas<br />

necessidades poderiam ser supridas apenas mediante o trabalho pessoal, previdência,<br />

cuidado e fé. O processo era laborioso e fatigante, mas salutar, precisamente o de que o<br />

homem necessita em seu estado decaído -escola que Deus proveu para o seu ensino e<br />

desenvolvimento. Enquanto os jovens se habituavam ao trabalho e asperezas, a cultura do<br />

intelecto não era negligenciada. Ensinava-se-lhes que todas as suas capacidades<br />

pertenciam a Deus, e que deveriam todas ser aperfeiçoadas e desenvolvidas para o Seu<br />

serviço.<br />

As igrejas valdenses,em sua pureza e simplicidade,assemelhavamse à igreja dos<br />

tempos apostólicos. Rejeitando a supremacia do papa e prelados, mantinham a Escritura<br />

Sagrada como a única autoridade suprema, infalível. Seus pastores, diferentes dos altivos<br />

sacerdotes de Roma, seguiam o exemplo de seu Mestre que “veio não para ser servido,<br />

mas para servir.” Alimentavam o rebanho de Deus, guiandoos às verdes pastagens e<br />

fontes vivas de Sua santa Palavra. Longe dos monumentos da pompa e orgulho humano,<br />

o povo congregavase, não em igrejas suntuosas ou grandes c<strong>ate</strong>drais, mas à sombra das<br />

montanhas nos vales alpinos, ou, em tempo de perigo, em alguma fortaleza rochosa, a fim<br />

de escutar as palavras da verdade proferidas pelos servos de Cristo. Os pastores não<br />

somente pregavam o evangelho, mas visitavam os doentes, doutrinavam as crianças,<br />

admoestavam aos que erravam e trabalhavam para resolver as questões e promover<br />

harmonia e amor fr<strong>ate</strong>rnal. Em tempos de paz eram sustentados por ofertas voluntárias do<br />

povo; mas, como Paulo, o fabricante de tendas, cada qual aprendia um ofício ou<br />

profissão, mediante a qual, sendo necessário, proveria o sustento próprio.<br />

De seus pastores recebiam os jovens instrução. Conquanto se desse <strong>ate</strong>nção aos ramos<br />

dos conhecimentos gerais, fazia-se da Escritura Sagrada o estudo principal. Os

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!