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Desde a Monarquia ate a Anarquia

Mais do que todas, uma hedionda figura tornou-se tão familiar como se existisse desde o início dos tempos, uma afiada figura de gênero feminino chamada La Guillotine. Era o tema popular dos gracejos; indicada como o melhor tratamento para dor de cabeça ou como a melhor forma de evitar cabelos brancos, imprimia uma peculiar delicadeza à compleição física, era a Navalha Nacional que proporcionava um corte de barba mais rente; aqueles que beijavam La Guillotine espiavam pela janelinha e espirravam no saco. Era o sinal da regeneração da raça humana. Suplantava a cruz. Miniaturas dela eram exibidas sobre os seios de onde o crucifixo fora descartado, era objeto de veneração e crença quando a cruz era negada. Decepou cabeças tantas que se tingiu, e ao chão que poluiu tanto, de um vermelho pútrido. Foi desmontada, como um simples brinquedo, um quebracabeça de algum demônio infante, e foi novamente montada quando a ocasião exigiu.

Mais do que todas, uma hedionda figura tornou-se tão familiar como se existisse desde o início dos tempos, uma afiada figura de gênero feminino chamada La Guillotine. Era o tema popular dos gracejos; indicada como o melhor tratamento para dor de cabeça ou como a melhor forma de evitar cabelos brancos, imprimia uma peculiar delicadeza à compleição física, era a Navalha Nacional que proporcionava um corte de barba mais rente; aqueles que beijavam La Guillotine espiavam pela janelinha e espirravam no saco. Era o sinal da regeneração da raça humana. Suplantava a cruz. Miniaturas dela eram exibidas sobre os seios de onde o crucifixo fora descartado, era objeto de veneração e crença quando a cruz era negada. Decepou cabeças tantas que se tingiu, e ao chão que poluiu tanto, de um vermelho pútrido. Foi desmontada, como um simples brinquedo, um quebracabeça de algum demônio infante, e foi novamente montada quando a ocasião exigiu.

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Da <strong>Monarquia</strong> à <strong>Anarquia</strong><br />

Capitulo 16 - O Mais Sagrado Direito do Homem<br />

Os reformadores ingleses, conquanto renunciassem às doutrinas do romanismo,<br />

retiveram muitas de suas formas. Assim, posto que rejeitados a autoridade e o credo de<br />

Roma, não poucos de seus costumes e cerimônias foram incorporados ao culto da Igreja<br />

Anglicana. Alegava-se que essas coisas não constituíam questões de consciência, e que,<br />

embora não ordenadas nas Escrituras, e conseguintemente não essenciais, não eram más<br />

em si mesmas, visto não serem proibidas. Sua observância tendia a diminuir o abismo<br />

que separava de Roma as igrejas reformadas, e insistia-se que promoveriam a aceitação<br />

da fé protestante pelos romanistas.<br />

Aos conservadores e condescendentes, pareciam decisivos estes argumentos. Havia,<br />

porém, outra classe que assim não pensava. O fato de que esses costumes “tendiam a<br />

lançar uma ponte sobre o abismo entre Roma e a Reforma” (Martyn), era em sua opinião<br />

um argumento conclusivo contra o retê-los. Olhavam para eles como distintivos da<br />

escravidão de que haviam sido libertados, e para a qual não se sentiam dispostos a voltar.<br />

Raciocinavam que Deus, em Sua Palavra, estabeleceu regras para ordenar o Seu culto, e<br />

que os homens não estão na liberdade de acrescentar a essas regras ou delas tirar qualquer<br />

coisa. O princípio mesmo da grande apostasia consistiu em procurar fazer da autoridade<br />

da igreja um suplemento da autoridade de Deus. Roma começou por ordenar o que Deus<br />

não tinha proibido, e acabou por proibir o que Ele havia explicitamente ordenado.<br />

Muitos desejavam fervorosamente voltar à pureza e simplicidade que caracterizavam<br />

a igreja primitiva. Consideravam muitos dos costumes estabelecidos pela Igreja<br />

Anglicana como monumentos da idolatria, e não podiam conscienciosamente unir-se a<br />

seu culto. Mas a igreja, apoiada pela autoridade civil, não permitia opiniões contrárias às<br />

suas formas. A assistência aos seus cultos era exigida por lei, e proibiam-se as<br />

assembléias para culto que não tivessem autorização, sob pena de encarceramento, exílio<br />

e morte.<br />

No início do século XVII, o monarca que acabara de subir ao trono da Ingl<strong>ate</strong>rra<br />

declarou sua decisão de fazer com que os puritanos “se conformassem ou ... oprimi-los-ia<br />

para saírem do país, ou faria coisa pior.” -História dos Estados Unidos da América,<br />

George Bancroft. Perseguidos e aprisionados, não podiam divisar no futuro vislumbres de<br />

melhores dias, e muitos chegaram à convicção de que, para os que quisessem servir a<br />

Deus segundo os ditames de sua consciência, “a Ingl<strong>ate</strong>rra estava deixando de ser para<br />

sempre um lugar habitável.” -História da Nova Ingl<strong>ate</strong>rra, J. G. Palfrey. Alguns<br />

resolveram, por fim, buscar refúgio na Holanda. Encararam dificuldades, prejuízos e<br />

prisão. Seus intuitos foram contrariados, e eles entregues às mãos de seus inimigos. Mas<br />

a inabalável perseverança venceu finalmente, e encontraram abrigo nas praias amigas da<br />

república holandesa.

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