21.04.2023 Views

Desde a Monarquia ate a Anarquia

Mais do que todas, uma hedionda figura tornou-se tão familiar como se existisse desde o início dos tempos, uma afiada figura de gênero feminino chamada La Guillotine. Era o tema popular dos gracejos; indicada como o melhor tratamento para dor de cabeça ou como a melhor forma de evitar cabelos brancos, imprimia uma peculiar delicadeza à compleição física, era a Navalha Nacional que proporcionava um corte de barba mais rente; aqueles que beijavam La Guillotine espiavam pela janelinha e espirravam no saco. Era o sinal da regeneração da raça humana. Suplantava a cruz. Miniaturas dela eram exibidas sobre os seios de onde o crucifixo fora descartado, era objeto de veneração e crença quando a cruz era negada. Decepou cabeças tantas que se tingiu, e ao chão que poluiu tanto, de um vermelho pútrido. Foi desmontada, como um simples brinquedo, um quebracabeça de algum demônio infante, e foi novamente montada quando a ocasião exigiu.

Mais do que todas, uma hedionda figura tornou-se tão familiar como se existisse desde o início dos tempos, uma afiada figura de gênero feminino chamada La Guillotine. Era o tema popular dos gracejos; indicada como o melhor tratamento para dor de cabeça ou como a melhor forma de evitar cabelos brancos, imprimia uma peculiar delicadeza à compleição física, era a Navalha Nacional que proporcionava um corte de barba mais rente; aqueles que beijavam La Guillotine espiavam pela janelinha e espirravam no saco. Era o sinal da regeneração da raça humana. Suplantava a cruz. Miniaturas dela eram exibidas sobre os seios de onde o crucifixo fora descartado, era objeto de veneração e crença quando a cruz era negada. Decepou cabeças tantas que se tingiu, e ao chão que poluiu tanto, de um vermelho pútrido. Foi desmontada, como um simples brinquedo, um quebracabeça de algum demônio infante, e foi novamente montada quando a ocasião exigiu.

SHOW MORE
SHOW LESS

Create successful ePaper yourself

Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.

Da <strong>Monarquia</strong> à <strong>Anarquia</strong><br />

ato de pôr de lado o grande indicador do erro e falsidade, fora aberto o caminho para<br />

Satanás governar os espíritos como melhor lhe aprouvesse.<br />

Um desses profetas pretendia haver sido instruído pelo anjo Gabriel. Um estudante<br />

que se lhe unira, abandonara seus estudos declarando que fora pelo próprio Deus dotado<br />

de sabedoria para expor Sua Palavra. Outros que naturalmente eram propensos ao<br />

fanatismo, a eles se uniram. A ação destes entusiastas criou não pequeno excitamento. A<br />

pregação de Lutero tinha levado o povo em toda parte a sentir a necessidade de reforma,<br />

e agora algumas pessoas realmente sinceras foram transviadas pelas pretensões dos novos<br />

profetas. Os dirigentes do movimento seguiram para Wittenberg e instaram com<br />

Melâncton e seus cooperadores para que aceitassem suas pretensões. Disseram: “Nós<br />

somos enviados por Deus para instruir ao povo. Temos familiarmente entretido conversas<br />

com o Senhor; sabemos o que acontecerá; em uma palavra, somos apóstolos e profetas, e<br />

apelamos para o Dr. Lutero.” -D’Aubigné.<br />

Os reformadores estavam surpresos e perplexos. Com semelhante elemento não<br />

haviam ainda deparado, e não sabiam o que fazer. Disse Melâncton: “Há efetivamente<br />

espírito extraordinário nestes homens; mas que espírito? ... De um lado acautelemo-nos<br />

de entristecer o Espírito de Deus, e de outro, de sermos desgarrados pelo espírito de<br />

Satanás.” -D’Aubigné. O fruto do novo ensino logo se tornou manifesto. O povo foi<br />

levado a negligenciar a Bíblia, ou lançá-la inteiramente à parte. Nas escolas estabeleceuse<br />

confusão. Estudantes, repelindo toda restrição, abandonavam seus estudos e retiravamse<br />

da universidade. Os homens que se julgavam competentes para reanimar e dirigir a<br />

obra da Reforma, conseguiram unicamente levá-la às bordas da ruína. Os representantes<br />

de Roma recuperaram então sua confiança, e exclamaram exultantemente: “Mais uma<br />

luta, e tudo será nosso.” -D’Aubigné.<br />

Lutero, em Wartburgo, ouvindo o que ocorrera, disse com profundo pesar: “Sempre<br />

esperei que Satanás nos mandaria esta praga.” -D’Aubigné. Percebeu o verdadeiro caráter<br />

desses pretensos profetas, e viu o perigo que ameaçava a causa da verdade. A oposição<br />

do papa e do imperador não lhe tinha causado perplexidade e angústia tão grandes como<br />

as que experimentava agora. Dos professos amigos da Reforma haviam surgido seus<br />

piores inimigos. As mesmas verdades que lhe haviam trazido tão grande alegria e<br />

consolação, estavam sendo empregadas para provocar contenda e criar confusão na<br />

igreja. Na obra da Reforma, Lutero fora compelido à frente pelo Espírito de Deus, e<br />

levado além do que ele pessoalmente teria ido. Não se propusera assumir as posições que<br />

assumiu, nem efetuar mudanças tão radicais. Não fora senão o instrumento nas mãos do<br />

Poder infinito. Contudo, muitas vezes estremecia pelos resultados de seu trabalho.<br />

Dissera uma vez: “Se eu soubesse que minha doutrina tivesse prejudicado a um homem,<br />

um único homem, por humilde e obscuro que fosse -o que não pode ser, pois que é o<br />

próprio evangelho -eu preferiria morrer dez vezes a não retratar-me.” -D’Aubigné.

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!