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Desde a Monarquia ate a Anarquia

Mais do que todas, uma hedionda figura tornou-se tão familiar como se existisse desde o início dos tempos, uma afiada figura de gênero feminino chamada La Guillotine. Era o tema popular dos gracejos; indicada como o melhor tratamento para dor de cabeça ou como a melhor forma de evitar cabelos brancos, imprimia uma peculiar delicadeza à compleição física, era a Navalha Nacional que proporcionava um corte de barba mais rente; aqueles que beijavam La Guillotine espiavam pela janelinha e espirravam no saco. Era o sinal da regeneração da raça humana. Suplantava a cruz. Miniaturas dela eram exibidas sobre os seios de onde o crucifixo fora descartado, era objeto de veneração e crença quando a cruz era negada. Decepou cabeças tantas que se tingiu, e ao chão que poluiu tanto, de um vermelho pútrido. Foi desmontada, como um simples brinquedo, um quebracabeça de algum demônio infante, e foi novamente montada quando a ocasião exigiu.

Mais do que todas, uma hedionda figura tornou-se tão familiar como se existisse desde o início dos tempos, uma afiada figura de gênero feminino chamada La Guillotine. Era o tema popular dos gracejos; indicada como o melhor tratamento para dor de cabeça ou como a melhor forma de evitar cabelos brancos, imprimia uma peculiar delicadeza à compleição física, era a Navalha Nacional que proporcionava um corte de barba mais rente; aqueles que beijavam La Guillotine espiavam pela janelinha e espirravam no saco. Era o sinal da regeneração da raça humana. Suplantava a cruz. Miniaturas dela eram exibidas sobre os seios de onde o crucifixo fora descartado, era objeto de veneração e crença quando a cruz era negada. Decepou cabeças tantas que se tingiu, e ao chão que poluiu tanto, de um vermelho pútrido. Foi desmontada, como um simples brinquedo, um quebracabeça de algum demônio infante, e foi novamente montada quando a ocasião exigiu.

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Da <strong>Monarquia</strong> à <strong>Anarquia</strong><br />

Esse interesse generalizado, mais ainda despertou os temores das autoridades papais.<br />

Lutero recebeu intimação para comparecer a Roma, a fim de responder pela acusação de<br />

heresia. A ordem encheu de terror a seus amigos. Sabiam perfeitamente bem o perigo que<br />

o ameaçava naquela corrupta cidade, já embriagada com o sangue dos mártires de Jesus.<br />

Protestaram contra sua ida a Roma, e requereram fosse ele interrogado na Alemanha.<br />

Assim se fez por fim e foi designado o núncio papal para ouvir o caso. Nas instruções<br />

comunicadas pelo pontífice a esse legado, referiu-se que Lutero fora já declarado herege.<br />

O núncio foi, portanto, encarregado, de o “processar e constranger sem demora.” Se ele<br />

permanecesse firme, e o legado não conseguisse apoderar-se de sua pessoa, tinha poderes<br />

“para proscrevê-lo em todas as partes da Alemanha; banir, amaldiçoar e excomungar<br />

todos os que estives-sem ligados a ele.” -D’Aubigné. E, além disso, determinou a seu<br />

legado, a fim de desarraigar inteiramente a pestífera heresia, que, exceto o imperador,<br />

excomungasse de qualquer dignidade na Igreja ou Estado, a todos os que<br />

negligenciassem prender Lutero e seus adeptos, entregando-os à vingança de Roma.<br />

Aqui se p<strong>ate</strong>nteia o verdadeiro espírito do papado. Nenhum indício de princípios<br />

cristãos, ou mesmo de justiça comum, se pode notar no documento todo. Lutero estava a<br />

grande distância de Roma; não tivera oportunidade de explicar ou defender sua atitude;<br />

no entanto, antes que seu caso fosse investigado, era sumariamente declarado herege, e<br />

no mesmo dia exortado, acusado, julgado e condenado; e tudo isto por aquele que se<br />

intitulava santo pai, a única autoridade suprema, infalível na Igreja ou no Estado!<br />

Nessa ocasião, em que Lutero tanto necessitava da simpatia e conselho de um<br />

verdadeiro amigo, a providência de Deus enviou Melâncton a Wittenberg. Jovem,<br />

modesto e tímido nas maneiras, o são discernimento de Melâncton, seu extenso saber e<br />

convincente eloqüência, combinados com a pureza e retidão de caráter, conquistaram<br />

admiração e estima gerais. O brilho de seus talentos não era mais assinalado do que a<br />

gentileza de suas maneiras. Logo se tornou um fervoroso discípulo do evangelho, o<br />

amigo de mais confiança e valioso apoio para Lutero, servindo sua brandura, prudência e<br />

exatidão de complemento à coragem e energia daquele. Sua cooperação na obra<br />

acrescentou força à Reforma, e foi uma fonte de grande animação para Lutero.<br />

Augsburgo fora designada como o lugar para o processo, e o reformador partiu a pé<br />

para fazer a viagem até lá. Alimentavam-se sérios temores a seu respeito. Fizeram-se<br />

abertamente ameaças de que ele seria agarrado e assassinado no caminho, e seus amigos<br />

rogaram-lhe que se não aventurasse. Solicitaram-lhe mesmo que du- rante algum tempo<br />

saísse de Wittenberg e procurasse segurança com os que de bom grado o protegeriam.<br />

Ele, porém, não queria deixar a posição em que Deus o colocara. Deveria continuar<br />

fielmente a manter a verdade, apesar das procelas que sobre ele se abatiam. Sua<br />

expressão era: “Sou como Jeremias, homem de lutas e contendas; mas, quanto mais

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