21.04.2023 Views

Desde a Monarquia ate a Anarquia

Mais do que todas, uma hedionda figura tornou-se tão familiar como se existisse desde o início dos tempos, uma afiada figura de gênero feminino chamada La Guillotine. Era o tema popular dos gracejos; indicada como o melhor tratamento para dor de cabeça ou como a melhor forma de evitar cabelos brancos, imprimia uma peculiar delicadeza à compleição física, era a Navalha Nacional que proporcionava um corte de barba mais rente; aqueles que beijavam La Guillotine espiavam pela janelinha e espirravam no saco. Era o sinal da regeneração da raça humana. Suplantava a cruz. Miniaturas dela eram exibidas sobre os seios de onde o crucifixo fora descartado, era objeto de veneração e crença quando a cruz era negada. Decepou cabeças tantas que se tingiu, e ao chão que poluiu tanto, de um vermelho pútrido. Foi desmontada, como um simples brinquedo, um quebracabeça de algum demônio infante, e foi novamente montada quando a ocasião exigiu.

Mais do que todas, uma hedionda figura tornou-se tão familiar como se existisse desde o início dos tempos, uma afiada figura de gênero feminino chamada La Guillotine. Era o tema popular dos gracejos; indicada como o melhor tratamento para dor de cabeça ou como a melhor forma de evitar cabelos brancos, imprimia uma peculiar delicadeza à compleição física, era a Navalha Nacional que proporcionava um corte de barba mais rente; aqueles que beijavam La Guillotine espiavam pela janelinha e espirravam no saco. Era o sinal da regeneração da raça humana. Suplantava a cruz. Miniaturas dela eram exibidas sobre os seios de onde o crucifixo fora descartado, era objeto de veneração e crença quando a cruz era negada. Decepou cabeças tantas que se tingiu, e ao chão que poluiu tanto, de um vermelho pútrido. Foi desmontada, como um simples brinquedo, um quebracabeça de algum demônio infante, e foi novamente montada quando a ocasião exigiu.

SHOW MORE
SHOW LESS

You also want an ePaper? Increase the reach of your titles

YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.

Da <strong>Monarquia</strong> à <strong>Anarquia</strong><br />

vil como a instituição que apoiava, dizia-se haver caído do Céu, e sido achado em<br />

Jerusalém, sobre o altar de Simeão, no Gólgota. Mas, em realidade, o palácio pontifical<br />

em Roma foi a fonte donde procedeu. Fraudes e falsificações para promover o poderio e<br />

prosperidade da igreja têm sido em todos os séculos consideradas lícitas pela hierarquia<br />

papal.<br />

O rolo proibia o trabalho desde a hora nona, três horas da tarde, do sábado, até ao<br />

nascer do Sol na segunda-feira; e declarava-se ser a sua autoridade confirmada por<br />

muitos milagres. Referia-se que pessoas que trabalharam além da hora indicada, foram<br />

atacadas de paralisia. Certo moleiro que tentou moer o trigo, viu, em lugar da farinha, sair<br />

uma torrente de sangue, e a mó ficar parada apesar do forte ímpeto da água. Uma mulher<br />

que pusera massa de pão ao forno,achou-a crua quando foi tirada,embora o forno<br />

estivesse muito quente. Outra que tinha massa preparada para cozer à hora nona, mas<br />

resolvera deixá-la de lado até segunda-feira, encontrou-a no dia seguinte transformada em<br />

pães e estava cozida pelo poder divino. Um homem que cozeu o pão depois da hora nona<br />

no sábado, achou, ao parti-lo na manhã seguinte, que do mesmo saía sangue. Por meio de<br />

tais invencionices absurdas e supersticiosas, esforçaram-se os defensores do domingo por<br />

estabelecer a santidade deste. -Anais, de Roger de Hoveden.<br />

Na Escócia, assim como na Ingl<strong>ate</strong>rra, conseguiu-se consideração maior pelo<br />

domingo, unindo-se-lhe uma parte do antigo sábado. Mas o tempo que se exigia fosse<br />

santificado, variava. Um edito do rei da Escócia declarou que “se deveria considerar<br />

santo desde o meiodia de sábado”, e que ninguém, desde aquela hora até segunda-feira de<br />

manhã, deveria ocupar-se em trabalhos seculares. -Diálogos Sobre o Dia do Senhor, de<br />

Morer. Mas, apesar de todos os esforços para estabelecer a santidade do domingo, os<br />

próprios romanistas publicamente confessavam a autoridade divina do sábado, e a origem<br />

humana da instituição pela qual foi ele suplantado. No século XVI, um concílio papal<br />

declarou francamente: “Lembrem-se todos os cristãos de que o sétimo dia foi consagrado<br />

por Deus, recebido e observado, não somente pelos judeus mas por todos os outros que<br />

pretendiam adorar a Deus, embora nós, os cristãos, tenhamos mudado o Seu sábado para<br />

o dia do Senhor (domingo).” -Ibidem. Os que estavam a se intrometer com a lei divina,<br />

não ignoravam o caráter de sua obra. Achavam-se deliberadamente colocando-se acima<br />

de Deus.<br />

Exemplo notável da política de Roma para com os que dela discordavam, foi dado na<br />

longa e sanguinolenta perseguição dos valdenses, alguns dos quais eram observadores do<br />

sábado. Outros sofreram de modo semelhante pela sua fidelidade para com o quarto<br />

mandamento. A história das igrejas da Etiópia é especialmente significativa. Em meio das<br />

trevas da Idade Média, os cristãos da África Central foram perdidos de vista e esquecidos<br />

pelo mundo, e durante muitos séculos gozaram liberdade no exercício de sua fé. Mas<br />

finalmente Roma soube de sua existência, e o imperador da Etiópia foi logo induzido a

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!