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Desde a Monarquia ate a Anarquia

Mais do que todas, uma hedionda figura tornou-se tão familiar como se existisse desde o início dos tempos, uma afiada figura de gênero feminino chamada La Guillotine. Era o tema popular dos gracejos; indicada como o melhor tratamento para dor de cabeça ou como a melhor forma de evitar cabelos brancos, imprimia uma peculiar delicadeza à compleição física, era a Navalha Nacional que proporcionava um corte de barba mais rente; aqueles que beijavam La Guillotine espiavam pela janelinha e espirravam no saco. Era o sinal da regeneração da raça humana. Suplantava a cruz. Miniaturas dela eram exibidas sobre os seios de onde o crucifixo fora descartado, era objeto de veneração e crença quando a cruz era negada. Decepou cabeças tantas que se tingiu, e ao chão que poluiu tanto, de um vermelho pútrido. Foi desmontada, como um simples brinquedo, um quebracabeça de algum demônio infante, e foi novamente montada quando a ocasião exigiu.

Mais do que todas, uma hedionda figura tornou-se tão familiar como se existisse desde o início dos tempos, uma afiada figura de gênero feminino chamada La Guillotine. Era o tema popular dos gracejos; indicada como o melhor tratamento para dor de cabeça ou como a melhor forma de evitar cabelos brancos, imprimia uma peculiar delicadeza à compleição física, era a Navalha Nacional que proporcionava um corte de barba mais rente; aqueles que beijavam La Guillotine espiavam pela janelinha e espirravam no saco. Era o sinal da regeneração da raça humana. Suplantava a cruz. Miniaturas dela eram exibidas sobre os seios de onde o crucifixo fora descartado, era objeto de veneração e crença quando a cruz era negada. Decepou cabeças tantas que se tingiu, e ao chão que poluiu tanto, de um vermelho pútrido. Foi desmontada, como um simples brinquedo, um quebracabeça de algum demônio infante, e foi novamente montada quando a ocasião exigiu.

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Da <strong>Monarquia</strong> à <strong>Anarquia</strong><br />

barro. Temos o direito de falar: não temos o direito de agir. Preguemos; o resto pertence a<br />

Deus. Devesse eu empregar a força e que ganharia? Momice, formalidade, arremedos,<br />

ordenanças humanas e hipocrisia.<br />

... Mas não haveria sinceridade de coração, nem fé, nem caridade. Onde faltam estas<br />

três, falta tudo, e eu nada daria por semelhante resultado. ... Deus faz mais por Sua<br />

Palavra só, do que vós e eu e o mundo inteiro por nossa força unida. Deus Se apodera do<br />

coração, e tomando o coração, tudo está ganho. ... “Pregarei, discutirei, escreverei; mas<br />

não constrangerei a ninguém, pois a fé é ato voluntário. Vede o que fiz. Levantei-me<br />

contra o papa, seus partidários e as indulgências, mas sem violência nem tumulto.<br />

Apresentei a Palavra de Deus; preguei e escrevi -isto é tudo que fiz. E, no entanto,<br />

enquanto eu dormia, ... a Palavra que eu pregara subverteu o papado, de maneira tal que<br />

nunca um príncipe ou imperador lhe vibrou semelhante golpe. E, contudo, nada fiz; a<br />

Palavra só, fez tudo. Se eu houvesse querido apelar para a força, a Alemanha inteira teria<br />

sido talvez inundada de sangue. Mas qual seria o resultado? Ruína e desolação tanto para<br />

o corpo como para a alma. Portanto, conservei-me quieto e deixei a Palavra sozinha<br />

correr através do mundo.” -D’Aubigné.<br />

Dia após dia, durante uma semana inteira, Lutero continuou a pregar a ávidas<br />

multidões. A Palavra de Deus quebrou o encanto da excitação fanática. O poder do<br />

evangelho trouxe de novo para o caminho da verdade o povo transviado. Lutero não tinha<br />

desejo de encontrar-se com os fanáticos, cujo proceder fora a causa de tão grande mal.<br />

Sabia que eram homens de juízo deficiente e de indisciplinadas paixões, os quais<br />

conquanto pretendessem ser especialmente iluminados pelo Céu, não suportariam a<br />

mínima contradição, ou mesmo a mais benévola reprovação ou conselho. Arrogando-se<br />

autoridade suprema, exigiam que cada um, sem qualquer questão, reconhecesse o que<br />

pretendiam. Mas, ao pedirem uma entrevista com ele, concedeu-lha; e com tanto êxito<br />

expôs as pretensões deles que os impostores de pronto partiram de Wittenberg.<br />

O fanatismo foi sustado por algum tempo; mas alguns anos mais tarde irrompeu com<br />

maior violência e mais terríveis resultados. Disse Lutero, com relação aos dirigentes<br />

desse movimento: “Para eles as Escrituras Sagradas não eram senão letra morta, e todos<br />

eles começaram a clamar: ‘O Espírito! o Espírito!’ Mas, certamente não seguirei para<br />

onde seu espírito os conduz. Deus me guarde, pela Sua misericórdia, de uma igreja em<br />

que não há senão santos. Desejo associar-me aos humildes, fracos, doentes, que<br />

conhecem e sentem seus pecados, e que, do fundo do coração, gemem e clamam<br />

continuamente a Deus, para obter dEle consolação e apoio.” -D’Aubigné.<br />

Tomaz Münzer, o mais ativo dos fanáticos, era homem de considerável habilidade,<br />

que, corretamente dirigida, o teria capacitado a fazer o bem; mas ele não aprendera os<br />

rudimentos da verdadeira religião. “Possuía-o o desejo de reformar o mundo e esquecia-

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